"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 20 de março de 2012

"É A EDUCAÇÃO, ESTÚPIDO"!

Diz Cantanhêde sobre atraso brasileiro

Ok, o Brasil caminha para ser a quinta economia, depois de ultrapassar a França. Mas convém conter a euforia, como mostram duas reportagens do domingo.

Folha: "Brasil é o país que menos cresce na América do Sul". O "pibinho" de 2,7% em 2011 não é só menor do que a média de toda a América Latina (em torno de 4%), mas também menor do que o crescimento do PIB na Argentina, no Chile, na Venezuela, no Peru, na Bolívia. Sem falar em outros países emergentes, particularmente China e Índia.

Entre os motivos para esse desempenho pífio, segundo os analistas, estão a questão pontual do combate à inflação e a questão estrutural da defasagem de investimentos.

Aí entra a reportagem do jornal "O Globo", comparando 17 países da região: "Brasil, um dos últimos da AL em trabalho produtivo". Ou seja, o quociente entre bens e serviços produzidos no país e o pessoal ocupado mostra que a produtividade do trabalhador brasileiro é muito baixa diante, novamente, de Argentina, Chile, Venezuela e por aí afora.

O Brasil, pois, é tratado como um sucesso, mas ainda falta muito para ser realmente um sucesso. Falta investir com energia em infraestrutura e em produtos de valor agregado e, sobretudo, falta tratar a educação como prioridade das prioridades.

Presidentes, governadores e prefeitos, todo político capricha na defesa da educação -sobretudo durante as eleições-, mas a realidade é bem diferente. E resistente.

Folha de ontem: "Gasto com servidores põe Estados em alerta". O pagamento do funcionalismo e da burocracia cresce mais do que a arrecadação em 16 Estados (e no DF) e quase tanto na maioria. E daí? Daí não sobra dinheiro para investimento e nem mesmo para um piso nacional decente para os professores.

Sem professor, não há educação. Sem educação, não há produtividade. Sem produtividade, não há crescimento. Fica só o oba-oba.

Folha de São Paulo
20 de março de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário