"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 21 de junho de 2012

ESTADÃO RELEMBRA ALIANÇAS POLÍTICAS E ELEITORAIS CONTROVERSAS ENVOLVENDO O EX-PRESIDENTE LULA

O Estadão fez uma interessante pesquisa para mostrar que a aliança entre o PP de Paulo Maluf e o PT de Fernando Haddad na corrida eleitoral pela Prefeitura de São Paulo, anunciada segunda-feiracom a bênção do ex-presidente Lula, não é propriamente uma novidade na democracia brasileira.

No seu mandato de presidente, entre 2003 e 2010, Lula demonstrou invulgar desenvoltura para se aliar a antigos inimigos políticos, como os ex-presidentes Fernando Collor de Mello, José Sarney e Eduardo Paes.

###

SARNEY E LULA

Lembra o Estado de S. Paulo que, durante seu mandato de presidente da República, de 1985 a 1990, José Sarney foi alvo constante do então deputado federal Lula. Em 22 de julho de 1986, durante comício em Caçapava (SP), Lula atacou:
“Sarney não vai fazer reforma agrária coisa nenhuma, porque ele é grileiro no Estado do Maranhão e não vai querer entregar as terras que tomou dos posseiros”, disse. Em 28 de junho de 1989, Lula voltou à carga: “Sarney no início foi endeusado. Hoje, não querem o Sarney nem para chaveirinho”.

A relação entre ambos mudou a partir da eleição de Lula à presidência, que contou com o apoio expressivo do PMDB para governar. Durante a crise dos atos secretos do Senado e a revelação de nomeações sigilosas de parentes de Sarney para cargos públicos, Lula saiu em defesa do novo aliado:
“Eu sempre fico preocupado quando começa no Brasil esse processo de denúncias, porque ele não tem fim e depois não acontece nada. Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”, afirmou em 17 de junho de 2009.

###

COLLOR E LULA

No segundo semestre de 1989, durante a disputa à presidência, Collor protagonizou uma dura campanha contra Lula e recorreu inclusive à exploração da vida pessoal do petista. Na reta final das eleições, a coligação de Collor veiculou depoimento da enfermeira Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, acusando-o de ter pedido que ela abortasse uma gravidez e revelando ao público uma das filhas do ex-presidente, Lurian Cordeiro Lula da Silva. Na mesma campanha, Collor afirmou que o PT era um partido “assassino e violento”.

Dezessete anos depois, em setembro de 2006, Collor, então candidato ao Senado Federal, gravou programa eleitoral declarando apoio à reeleição de Lula à presidência. “Lula conhece bem as raízes do nosso povo, as carências e tem agido rápido no sentido de resolver os problemas do Nordeste”, disse Collor, para ao final declarar: “Vou votar na reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque ele é um nordestino”.

No mês seguinte, com sua campanha a pleno vapor, Lula retribuiu o afago. “Com a experiência que ele (Collor) tem de presidente da República, certamente poderá, se quiser, fazer um trabalho excepcional no Senado”, disse durante coletiva de imprensa.

###

LULA E PAES

O Estadão esqueceu de citar outras novas amizades de Lula. Um dos aliados que eram ferrenhos inimigos é o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes, que na época em que era deputado federal pelo PSDB não poupava o então presidente Lula.

Mas quando Eduardo Paes entrou para o PMDB e se candidatou a prefeito, o próprio Lula costurou com o governador Sergio Cabral o acordo político que garantiu a eleição do novo aliado, com apoio total do PT. Agora, o acordo se repete, com Lula impedindo que o PT lance candidato próprio à prefeitura do Rio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário