"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 20 de junho de 2012

REPÓRTERES SEM FRONTEIRAS, UMA ORGANIZAÇÃO COMUNISTA

  
          Artigos - Movimento Revolucionário 
Se o jornalista é de esquerda, a ONG Repórteres Sem Fronteiras se mobiliza. Se não é, tapa-lhe a boca.

Dois diretores de Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Olivier Basille e Benoît Hervieu, redigiram uma “carta aberta” contra Claudia Gurisatti e a equipe que realiza
“La Noche”.

Eles dizem que a emissão de “La Noche” consagrada a Romeu Langlois incorreu em “falta de objetividade, de profissionalismo e manipulação da informação”.Nada menos. Tais acusações me fizeram rir. Assisti a essa edição do programa “La Noche” e não vi em que eles cometeram essa cascata de faltas. O espírito crítico que a anima é legítimo e este não pode ser mostrado como “manipulação da informação”.
Eu conheço bem RSF desde sua fundação e posso testemunhar que essa ONG, ao menos sua filial parisiense, mudou muito, para pior, nos últimos anos.
Para reprovar tais coisas de “La Noche” se deveria ter, ao menos, autoridade moral.

Basille e Hervieu converteram RSF em um grupo politizado que não trabalha pelos interesses de todos os jornalistas, pois chega ao extremo de abster-se de encarar a defesa daqueles que considera “de direita”.
No saguão da sede parisiense de RSF em Paris expõem um imenso retrato do Che Guevara que surpreende por sua incongruência. O que faz este horrível personagem nesse lugar? O famoso “carniceiro de La Cabaña” agora é um santo padroeiro do jornalismo?

A postura adotada por RSF ante o atentado que sofreu o ex-ministro e jornalista Fernando Londoño Hoyos em 15 de maio passado é um exemplo de visão maniqueísta e infame. RSF aproveitou seu comunicado para mostrar Fernando Londoño como um “militante resoluto da solução militar contra a guerrilha das FARC” e para reprovar suas críticas, muito legítimas, por certo, a Romeu Langlois. Aproveitou esse texto para demonizar Londoño e para fazer de Langlois um modelo: um jornalista “reconhecido, imparcial e experimentado”.

Esse não é o único caso em que Benoît Hervieu cometeu faltas graves contra os jornalistas colombianos em perigo, em violação aos estatutos de RSF que exigem dedicação e imparcialidade em seu trabalho.
Em 15 de junho de 2011 me reuni com Hervieu, na sede de RSF em Paris, para pedir-lhe que protestasse pelas ameaças que estava sofrendo Ricardo Puentes Melo, diretor do website colombiano Periodismo Sin Fronteras.

Excelente jornalista investigativo, crítico do governo de Santos, Ricardo estava recebendo nesses dias, com efeito, ameaças de morte, porém o organismo oficial em Bogotá, encarregado de estudar esses casos, havia optado por negar-lhe sua ajuda.

Puentes havia descoberto que Edgar Villamizar Espinel nunca testemunhou contra o Coronel (r) Plazas Vega. Desde que Puentes publicou essa informação e outras revelações importantes sobre o papel de impostores e extremistas no processo do Coronel Plazas, as ameaças contra ele se acentuaram e até seu filho foi objeto de uma tentativa de seqüestro. Ao mesmo tempo, El Espectador informou que uma Promotora havia pedido que se “investigasse” Ricardo Puentes, o que é totalmente ilegal.
Informei tudo isso a Hervieu e lhe enviei a documentação pertinente. Sua resposta foi que ia “consultar” a FLIP (Fundación para la Libertad de Prensa) de Bogotá.

Uma semana depois, Hervieu me disse por e-mail que não faria nada, pois a FLIP lhe havia informado que um “estudo de risco” feito sobre Puentes “não revelou o risco máximo que justifique um importante dispositivo de proteção”. Na realidade, a FLIP se baseou em um pretendido estudo de um organismo que depende do Ministério do Interior colombiano e se inclinou ante esse duvidoso veredicto. Em outras palavras, que RSF só se ativa quando um jornalista está ante um “risco máximo” e não antes.

Tais métodos de RSF e da FLIP são inaceitáveis. Em vez de entrevistar o jornalista que sofre as ameaças, de examinar seus argumentos e suas provas, e de atuar sem vacilação, a FLIP e RSF optaram por consultar um organismo de Estado e aceitaram os argumentos deste. Quer dizer, a FLIP e RSF renunciaram à sua independência e aceitaram a versão de um organismo que não é imparcial (o jornalista em questão faz parte da oposição ao governo) e que não tem por finalidade defender os jornalistas. Minha crítica a essa atitude absurda de RSF não teve resposta.

Se o jornalista fosse “de esquerda” a FLIP e RSF teriam operado de maneira diferente, investigando por sua própria conta e clamando sem abrir a boca desde o começo e sem exigir o famoso “risco máximo”. Quando se trata de gente como Hollman Moris e outros “esquerdistas caviar”, RSF opera dessa maneira.

A posição de RSF sobre Romeu Langlois responde a esse enfoque seletivo e sectário: se o jornalista é de esquerda, RSF se mobiliza. Se não é, tapa-lhe a boca. As reportagens de Langlois sobre as FARC são “imparciais”? Eu tenho muitas dúvidas. O que vi dias atrás, durante um debate em France 24 em Paris, mostra que ele pode fabricar ardis de propaganda a favor dessa organização terrorista. Demonstrei em meu artigo de 1 de junho, intitulado O curioso jornalismo de Romeu Langlois.

Em seus elogios ao senhor Langlois, essa dupla também se esqueceu do episódio turvo de uma coletiva de imprensa dele em Bogotá, pouco antes de regressar à França, na qual fez uma descarada apologia das FARC às quais chamou de “exército do povo” e “governo paralelo” da Colômbia. Langlois, além disso, deu a entender à jornalista Salud Hernández que ela estava na mira das FARC. “A ti, Salud, te têm algo. Tu sabes.

Nós já falamos [sobre isso]”, lhe advertiu. Uma ameaça? Rapidamente Langlois mudou o tom e convidou-a a ir, ao contrário, entrevistar as FARC. “Eles sabem que tu estás como muito, muito...”, gesticulou Langlois. “Oxalá te recebam e têm que te receber”. Tal asseveração de Langlois em público, como pode ser qualificada? Não foi mais uma violação à ética do jornalismo? Sem dúvida. Porém, uma vez mais Hervieu e Basille ficaram calados pois estimam que Romeu Langlois é irrepreensível. De que brinca RSF com essa dupla moral?


Ver a coletiva de imprensa aqui: http://tipsdeunoamerica.blogspot.fr/2012/06/romeo-langlois-los-campesinos-del-cauca.html
Ver o ataque de RSF a “La Noche” aqui: http://fr.rsf.org/colombie-mensonges-et-manipulation-de-la-07-06-2012,42744.html
Ver a resposta de “La Noche” aqui: http://dl.dropbox.com/u/58339255/CartaLaNoche.pdf

Tradução: Graça Salgueiro
Eduardo Mackenzie
20 de junho de 2012

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