"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 15 de julho de 2012

A VERSÃO MODERNA DO PMDB

Com todo o respeito aos patriarcas que sobraram no PMDB, fiéis à legenda responsável pela queda da ditadura militar e à memória de gente como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela, Mário Covas e outros, a verdade é que o partido continua indo atrás da vaca. Para o brejo, onde se encontra submergindo cada vez mais.

A última do PMDB, ou do grupo que o controla, é de não ter mesmo candidato à presidência da República em 2014. Arriscar-se, de jeito nenhum. Já está decidido que apoiarão a reeleição de Dilma Rousseff, se ela concorrer, ou do Lula, se ele se apresentar.
Ou de quem os companheiros indicarem. A palavra de ordem no partido é manter-se sempre à sombra do poder, qualquer que ele seja, beneficiando-se com ministérios, diretorias de estatais e altas funções, das ostensivas às encobertas. Ou antes não apoiaram Fernando Henrique?

Não dá para aceitar sem protestar uma estratégia dessas. Primeiro porque como ainda o maior partido nacional, o PMDB tinha obrigação de apresentar candidato próprio, depois de tanto anos atrelado aos outros.
Depois, porque contentar-se com as migalhas do banquete antes servido por Fernando Henrique, depois pelo Lula, agora por Dilma, significa carimbar passaporte para o desaparecimento.
Pouco representa para o partido dispor do maior número de vereadores, prefeitos, deputados estaduais, governadores e senadores.
Já perdeu em número de deputados federais e mais perderá, desse jeito. Quer apenas bilhete para usufruir das benesses governamentais. O preço a pagar tem sido o envelhecimento, a perda de identidade e, acima de tudo, a subserviência.
Os companheiros do PT olham de cima para baixo essa federação de divergências transformada num aglomerado insosso, informe e inodoro, cujo objetivo maior, agora, é eleger Henrique Eduardo Alves presidente da Câmara.

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PARANÓIA

A paranóia ecológica e ambientalista internacional não tem limites. Surgiu na Europa uma nova acusação contra o Brasil, que além de queimar florestas, poluir rios, plantar cana e arrombar a camada de ozônio, transforma-se agora no maior produtor de gás metano, ameaça fundamental ao aquecimento do planeta.

Sabem porque essa investida? Porque as vacas andam fazendo cocô em demasia, responsável pela formação e pela invasão de gás metano na atmosfera.
Lá da Holanda surge a denúncia de que possuímos o maior rebanho bovino do mundo, o que é verdade. Mas que, por conta disso, somos os maiores produtores de gás metano, ou melhor, as vacas é que são.

Fazer o quê? Condenar as vacas? Submeter o rebanho a um regime rígido, para que produza menos bosta? Limitar a natalidade no pasto? Ou vender menos carne no mercado internacional, favorecendo a concorrência?

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O MESMO DE SEMPRE

Vale reproduzir nota publicada nesta coluna em 2006, em pleno primeiro governo do Lula:
“Raras vezes se viu, no Senado, amontoado tão cheio de impropérios, agressões e adjetivos virulentos como no discurso de um fim de tarde, esta semana, do senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Extrapolou e abusou o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, nas críticas ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

O chanceler foi chamado de “anedota de proporções planetárias, mentiroso, megalomaníaco, nanico, trapalhão, pitbull” e dezenas de outros rótulos, tudo por conta do apoio do Brasil a um egípcio derrotado dias atrás para diretor-geral da Unesco.
Convenhamos, por mais que o Itamaraty tenha errado ao rejeitar a candidatura de um brasileiro, fica difícil incluir a catilinária do senador oposicionista no rol dos pronunciamentos que honram o Congresso.
Foi tão chocante o impacto de suas palavras que José Sarney, na presidência dos trabalhos, encerrou abruptamente a sessão, negando até mesmo apartes a Eduardo Suplicy e Marina Silva, que pretendiam defender o ministro agredido.”
Pois é. O passado muitas vezes nos dá lições que só aprendemos no futuro…

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