"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 5 de agosto de 2012

AINDA HÁ JUÍZES EM BRASÍLIA?


          Artigos - Governo do PT        
Com este título, sem interrogação, recebi comentário de um leitor furibundo porque chamei o julgamento em curso no STF de circo. O sujeitinho que se assina como Doutor (fulano), de quem nunca ouvi falar, demonstrou total desconhecimento da História quando colocou esta frase na República de Weimar como um episódio envolvendo os nazistas e algum eventual Juiz.

Na realidade o episódio teria ocorrido no século XVIII entre Frederico II, “o Grande”, rei da Prússia, e um moleiro que se recusava a ceder seu moinho para o Rei construir um Castelo e ganhou na Justiça. Passou para a história como um símbolo da independência possível e desejável da Justiça.
Mas, tomemos em consideração a ficção inventada pelo tal Doutor e imaginemos tal episódio na Berlim dos anos 30.

1. Se Hitler estava no poder, já não havia Weimar. Esta faleceu na fatídica manhã do dia 30 de janeiro de 1933, embora o atestado de óbito tenha sido assinado em 2 de agosto do ano seguinte, quando assumiu formalmente o título de Führer com a morte do Presidente Hindenburg. Ora, antes de assumir, Hitler não tinha nenhum poder, depois é dubitável que algum Juiz, por mais corajoso que fosse, ousasse enfrentá-lo e, se algum o fez, não sobreviveu para contar a história.

2. A cena ridícula e estúpida como a ocorrida no primeiro embate entre dois gladiadores, o Gigante Núbio versus o Leão Eslavo, jamais teriam ocorrido em Weimar ou em qualquer Corte que respeite a si mesma – caso houvesse em público, na Suprema Corte americana, acabava o País! – mas aqui alguns até a tomam a sério! My God, suprema palhaçada para iniciar os Ludi!

3. A situação do Brasil não pode ser comparada com a de Weimar, alguns aspectos do nosso Judiciário são muito piores do que lá. Vejamos:

a. O Poder Judiciário em Weimar, recém saído do jugo imperial, jamais foi acusado, como aqui de “bandidos embaixo das togas”, isto pela juíza corregedora, ninguém menos, raro exemplo de integridade neste poder, conhecido por muitos, há muito tempo, como o mais corrupto do País, o “câncer da Nação”. Sentenças nada têm a ver com a Lei e a Justiça, mas antes com o valor econômico que as partes estão dispostas a pagar.

b. Além da histórica corrupção o condomínio de gangsteres tucano-petistas que tomou conta do País em 1994 já vinha trabalhando todos os setores do País, baseando-se em Gramsci e na Escola de Frankfurt há mais de 30 anos preparando a Gleichshaltung que Hitler só começou a promover após tomar o poder. Em nosso infausto País tucanos e petistas tiveram rara oportunidade de criar o “direito alternativo” que ora nos rege e nomear todos os “mini-stros” (mini, mesmo!) do STF e das demais “côrtes”.

c. Se a corregedora tiver razão estamos assistindo a bandidos julgando bandidos, um julgamento digno do filme 'M', de Fritz Lang, como já denunciei há quase sete anos em Julgamentos de Düsseldorf, que vou republicar porque não perdeu a atualidade.

Concluindo: não passa mesmo de um grande circo, onde os votos já estão previamente definidos e, obviamente, muito bem pagos! Procurem na Suíça, nas Caymans, em Liechtenstein, ou outros paraísos fiscais! Procurai e achareis!

Heitor De Paola
05 de agosto de 2012

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