"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

VIÚVAS, LADRÕES, CORRUPTOS E UM DIA TRISTE PARA A JUSTIÇA

Visão Panorâmica

O dia 03/10/2012 pode entrar para a história como o dia mais vergonhoso da história do Judiciário brasileiro. Ao mesmo tempo, serviu para mostrar como uma pequena elite corrupta, apoiada por uma enorme massa alienada ou comprada, pode colocar em risco a saúde da democracia de um país.
 
Minha referência ao dia triste para o Judiciário vai do comportamento covarde e tão evidentemente parcial do ministro Lewandowski. Claramente empenhado em torcer a verdade e praticamente imbuído das vestes de advogado de defesa dos réus da elite petista, o ministro subverteu a realidade e transportou o STF para um verdadeiro universo paralelo povoado de incongruências, absurdos e fantasias.

Sua posição absurda ficou de tal forma evidente que seus próprios pares (que não morrem de amores por Joaquim Barbosa e seu estilo… digamos… direto) se viram na posição vexatória de ter de ironizar e tripudiar seu voto que, plagiando o covarde Mercadante, revogava o irrevogável; refutava o irrefutável e se postava como um cego a beira de um verdadeiro precipício de provas.

O mais estranho, e a verdadeira antítese da realidade, é que Lewandowski havia acabado de condenar a ralé do processo pelos mesmos crimes e com as mesmas provas as quais, logo depois, diria não ter o Ministério Público formado.

Ora. Se não haviam provas para uns, como poderiam haver provas para outros do cometimento do mesmo delito? Como admitir que houve gestão fraudulenta para garantir o pagamento dos subornos aos corruptos que os receberam sem que houvesse a figura do corruptor?

Como exemplos de sua postura parcial e ridícula; podemos ressaltar a patética e frustrada tentativa de reformular as declarações de Roberto Jefferson. Pois, mesmo o delator do Mensalão tendo confirmado todas as suas declarações em juízo, o ministro chantageado quis fazer crer que ele as havia refutado (mesmo sendo prontamente desmentido quase todos os seus colegas – exceto Toffoli – é claro).

Logo depois, o ministro se travestiu de virgem vestal e considerou como prova de inocência o pagamento – apenas em 2012 e na iminência do julgamento – de um empréstimo contraído junto ao Banco Rural em 2003.

Mesmo o banco já tendo sido apanhado e condenado (inclusive por ele mesmo) por fornecer recibos de quitação falsos e realizar esses empréstimos fictícios (ainda mais quando a quitação revela valores inferiores a prática do mercado).

Mas, o pior de tudo não é ver um ministro da Corte Suprema refém de uma quadrilha de ladrões e corruptos. Mais triste do que isso é perceber como essa mesma quadrilha foi (e ainda é) capaz de enganar milhões com um discurso furado e rasgado pela mácula da corrupção, da mentira e da destruição das instituições que tanto tempo e sangue gastamos para construir.

Enquanto uma rede de perfis fantasmas, artistas dependentes de patrocínio, boçais ideológicos e toda sorte de profissionais a soldo vagavam pela Internet povoando as redes sociais com mensagens de apoio a corja que sangra nossos bolsos; um movimento popular jogou na lama do ridículo as tentativas das “viúvas mensaleiras” de apoiarem seus “entes queridos”.

Os mesmos imbecis que desejam salvar ladrões e corruptos; gritam a plenos pulmões que está havendo um golpe contra a democracia e uma “rebelião das direitas”, contra os pobres proletários injustiçados.

ACORDEM!

Golpe deu a corja que roubou milhões e de pobre e proletária nunca teve nada, visando unicamente colocar as instituições republicanas de joelhos para escravizar a nação à vontade de um partido e de um grupo político.

Golpe é achar que popularidade, suposta orientação ideológica ou biografias falsificadas são elementos que fornecem um “passe livre”, capaz de tornar seu portador imune as leis vigentes no país e inatingíveis pela norma constitucional.

Golpe é ver o líder de um grupo político chantagear publicamente a mais alta corte de uma nação, abraçar a corrupção e o crime como forma de manter-se no poder a qualquer preço e ainda ousar garantir para seus cúmplices que o julgamento de seus crimes jamais acontecerá.

Golpe é achar que qualquer pessoa está acima da lei ou um político pode gozar de privilégios, abdicando de uma postura ética, de seu dever de governar para todos e não só para seus cúmplices e aliados.

Golpe é fazer campanha para defender ladrões, sejam de quais partidos forem, ou colocar cores e nomes acima do bem maior de uma nação.
Pense nisso.

11 de outubro de 2012
vsão panorâmica

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