O BOSTEJO

 

O fenômeno mais marcante que afetou o Brasil nestes últimos dez anos não foi o sucateamento das instituições.

 
Afinal, sucata se joga fora e substitui por coisas novas. O problema é a profunda penetração de dejetos insalubres em nossas instituições. Falsos juristas nas mais altas cortes, Juízes que apóiam moções claramente contrarias à letra e espírito das leis e da constituição no que tange a liberdade de opinar e a liberdade de palavra.

Agências reguladoras nacionais que perdem completamente a capacidade de vigiar a boa ordem por estarem mais e mais nas mãos de pessoas patrocinadas por um governo que não se importa com a competência e sim com a capacidade de apoiar suas estruturas de poder e sua capacidade de desviar recursos para onde mais possam consolidar seus objetivos.



Podemos dizer que uma grossa camada de esterco se espalhou sobre e dentro das engrenagens do bom governo e que nada espelha isto tão bem como as nomeações para a ANA e ANAC , que se não eram perfeitas, dez anos atrás ao menos estavam engajadas nas lides racionais quanto à administração dos recursos hídricos e a regulamentação melhorada da atividade aeroviária. Havia boas intenções e profissionalismo.
 
Isto se perdeu. Os cargos passaram a ser apenas isto. Cargos, com valor de mercado numa troca de favores que permitia o acesso a grossas quantias. Quanto aos usuários de serviços regulamentados? Que se lixem! Isto não conta nos cálculos.

Esta semana a Economist e outras revistas, que foram ávidas consumidoras das declarações de Lula quando “rei da cocada preta” colocaram em evidência a descoberta de que suas obras nada mais eram que estruturas de bosta revestidas com alcaçuz. Sugeriram que Guido Mantega poderia estar melhor com professor de escola primária do que comandando a economia.
Subitamente a Economist, cantada em prosa e verso por lulistas e petistas não entedem nada de nada. É maldosa.
 
Bom, que a Economist não entendia nada de Brasil quando admirava o Lula já sabíamos. Mas agora que a revista descobriu o cheiro do esterco o PT descobriu a mesma coisa?
Mostre-me um petista e mostrarei um bostejador. Um elemento perito no espalhar de esterco pela nação.
 
Na Alemanha do fim da segunda grande guerra, a boca pequena, com risco de vida, certas pessoas diziam que o cumprimento nazista da mão em riste acima da cabeça deveria significar
“Eis a altura que a merda já alcançou na Alemanha” (So hoch liegt die scheisse in Deutschland.) .
Será que um braço é o suficiente para mostrar onde está a bosta no Brasil.

12 de dezembro de 2012
Ralph J. Hofmann

(1) Foto: Pessoas mostrando o nível da bosta nos Sudetos em 1939)