"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

ESTÉTICA DA VINGANÇA


Ele desafiou o impossível e reescreveu a história, na vingança de uma judia que perde a família na guerra e explode um cinema sobre Hitler e toda a alta hierarquia do nazismo. A estética a serviço da ética fazendo justiça poética
Quentin Tarantino comemora 50 anos como criador de um estilo que mistura vários gêneros clássicos e modernos do cinema com tanto talento e personalidade que acabou criando um novo: o gênero Tarantino, feito de violência estilizada, diálogos desconcertantes e narrativas fragmentadas e marcadas pelo humor cáustico, o amor ao cinema e à cultura pop.

Texano de origem italiana e cherokee, o multicultural Tarantino fez a sua formação cinematográfica de forma tipicamente moderna, como balconista de uma locadora de vídeos. Viu tudo do trash ao cinema de arte, misturou e escreveu seus primeiros roteiros, “Amor à queima-roupa”, e o violentíssimo “Assassinos por natureza”, que foi dirigido por Oliver Stone e provocou grande polêmica.

Estreou como a maior promessa do cinema independente americano com o violento e estiloso “Cães de aluguel”, abrindo caminho para “Pulp Fiction”. Com sua brutalidade e sofisticação, seu humor e seus diálogos doidões, o filme ganhou a Palma de Ouro em Cannes e estabeleceu novos padrões para o cinema independente, se tornando um cult e uma das maiores bilheterias da década.

Com o seu malandro e subestimado “Jackie Brown”, Tarantino homenageou os filmes negros dos anos 70, os blaxploitation movies, provocando polêmicas raciais com Spike Lee e não conquistando o sucesso que merecia.

Em “Kill Bill” volumes 1 e 2, se apropriou da estética dos filmes de artes marciais e das historias em quadrinhos para contar uma saga de vingança que lotou os cinemas e tirou o folego do público.

No drama de guerra “Bastardos inglórios”, desafiou o impossível e reescreveu a história, na vingança de uma judia que perde a família na guerra e explode um cinema sobre Hitler e toda a alta hierarquia do nazismo. A estética a serviço da ética fazendo justiça poética.

Com apenas sete longas, Tarantino já conquistou seu lugar na história do cinema como um estilista, e em “Django livre” a inspiração é o western spaghetti, de novo uma vingança, mas de um herói negro lutando por amor e justiça durante a escravidão nos Estados Unidos.

Agora só falta um musical. Violento e vingativo.

18 de janeiro de 2013
nelson motta

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