"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

LEIS EXISTEM! SÓ FALTA QUEM AS APLIQUE. A HORA DE BUSCAR OS CULPADOS E PRENDÊ-LOS, TODOS, É ESSA?



Não adianta. Sai governo, entra governo e o Judiciário continua o mesmo: “imexível”, inoperante, negligente e corrupto. Nem todos, é claro. Não estou falando do Supremo que, com essa reviravolta muito mais devida à obstinação de um homem e ao clamor popular por justiça, se superou. Mas foi episódico e único.
É no dia-a-dia que ocorrem as piores barbaridades causadoras de tragédias como a de Santa Maria, ontem.

Fiquei pasmo com o chefe dos bombeiros da cidade dando entrevista à Globo durante horas, todo engomadinho, quando o maior culpado é ele mesmo, por, primeiro, autorizar o funcionamento de uma espelunca revestida com material altamente combustível e tóxico (isopor); segundo que a tal licença estava vencida em agosto e o engomadinho apenas disse que tinha notificado a casa quando deveria tê-la fechado até que as exigências fossem cumpridas e, terceiro, que todos sabem que com qualquer dez merréis se suborna um “chefe de bombeiros” para obter uma autorização de funcionamento até de um açougue no meio de um lixão. E não adianta chiar. Todo mundo sabe disso!
 
Já tive três pequenas lojas cujos alvarás dos bombeiros foram dados sem que ninguém da corporação fosse lá, fiscalizá-las. Isso sem suborno. Imaginem o que eles são capazes com uma grana na mão!
 
Mas não são só eles. Quando eu trabalhava em arquitetura havia um engenheiro em Niterói cuja especialidade era assinar projetos para quem se propusesse a pagar. Com sua banquinha literalmente no meio da rua, cobrava uma merreca e botava lá seu jamegão e seu carimbo em qualquer porcaria. E o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) nada fazia. Nem estranhava o fato de um engenheiro apresentar trocentos projetos por dia. Segundo eu soube, nada mudou.
 
E os médicos fraudadores de atestados de saúde e óbito, e os advogados que não só defendem bandidos como se tornam membros de suas quadrilhas, e os contadores manipuladores de números, todos igualmente corruptos que atuam com desenvoltura em seus métiers sem que ninguém faça nada?
 
Quem se vale desses “serviços” também é culpado. Não existe corrupto sem corruptor, se bem que haja atenuantes. A “burrocracia” é um deles. Ninguém aguenta a morosidade proposital e criminosa do serviço público, onde também há subornos aos montes. Existe até um suborno institucional chamado de “taxa de urgência”: se um documento qualquer demorar um mês para ser expedido, é só pagar o triplo, o quádruplo, sei lá, que ele sai no dia seguinte. Isso é uma afronta oficial às Leis!
 
E a nossa Justiça, o que faz? Nada além de participar também dessa orgia de corrupção, seja por omissão ou interesse e, pelo andar da carruagem, pelos poucos gatos pingados que lutam conta o que aí está, sempre ameaçados pelo corporativismo criminoso quando ousam alguma medida moralizadora, a solução está longe ainda. Infelizmente.
 
Prédios vão continuar a cair, boates vão continuar pegando fogo, doentes vão continuar a morrer por falta de médicos e as “autoridades” vão continuar se vendendo barato. E impunes todos vão permanecer, apesar do autêntico genocídio pelo qual são responsáveis.
28 de janeiro de 2013

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