"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A AMEAÇA FASCISTA. REPETECO PARA REFRESCAR A MEMÓRIA

 


Os liberais defensores do livre mercado são comumente chamados de "reacionários" ou de "fascistas" pela esquerda.
 
O que nem todos sabem é que o fascismo sempre foi um casamento entre nacionalistas,
sindicatos e grandes empresários,
em uma simbiose totalmente antiliberal.
 
Para Robert Paxton, em "A anatomia do fascismo", o programa fascista era "uma curiosa mistura de patriotismo de veteranos e de experimento social radical, uma espécie de "nacional-socialismo"".
 
Donald Sassoon, em "Mussolini e a ascensão do fascismo", mostra como o clientelismo, a mentalidade antiparlamentar presente na tradição socialista italiana, e um dos mais altos índices de sindicalização da Europa ajudaram a levar os fascistas ao poder.
 
O próprio Mussolini foi socialista, gostava de se identificar como "homem do povo" e se dizia um defensor da classe operária. Sua visão era extremamente coletivista, bem sintetizada na máxima:
"Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado."
 
Não existe nada menos liberal que isso!
 
Se há um "liberalismo" que realmente se assemelha ao fascismo, este é o dos "progressistas" modernos que usurparam o termo para pregar bandeiras estatizantes e coletivistas, como demonstra Johah Goldberg em "Fascismo de esquerda". Mas este não guarda nenhuma relação com o liberalismo clássico, defensor do livre mercado e do indivíduo como um fim em si mesmo.
 
O capitalismo liberal defende a propriedade privada,
a liberdade individual e a livre concorrência,
inclusive universal (globalização).
 
Se, por um lado, esse modelo é o melhor para a grande maioria dispersa, por outro ele gera desconforto em certos grupos organizados.
Ninguém gosta de concorrência, ainda que ela seja essencial para o progresso.
 
É assim que algumas categorias se unem e, apesar de minoritárias, conseguem fazer um forte lobby para obter privilégios estatais. Suas vantagens são concentradas, e os custos são espalhados por toda a sociedade. Grandes empresários e sindicatos se juntam em busca de medidas que obstruem a livre concorrência, e tudo isso em nome dos "interesses nacionais".
 
Tivemos recentemente um claro exemplo disso na questão dos portos.
 
Qualquer um sabe que nossa infraestrutura é caótica, e impõe um pesado custo ao país em termos de competitividade. Mas. quando reformas tímidas para modernizar um pouco os portos foram propostas, a reação foi imediata. Modernizar os portos implica em mais concorrência, e isso os sindicatos e os capitães da indústria nacional não aceitam.
 
Toda a retórica nacionalista serve somente para ocultar essa agenda de interesses que, no fundo, prejudica a população brasileira. Nossos portos, assim como estradas e aeroportos, estão em estado precário porque faltam investimentos e porque a gestão estatal é sempre terrível. Mas mexer nisso é comprar briga com as forças reacionárias.
 
O ideal, do ponto de vista liberal, seria privatizar de uma vez portos, estradas, ferrovias, bancos públicos, a Infraero e a Petrobras. A Companhia das Docas do RJ, por exemplo, dá prejuízo acima de R$ 100 milhões por ano! Os escândalos de corrupção são frequentes. A reserva de mercado garante privilégios absurdos aos sindicatos. Os produtos chegam aos consumidores a preços maiores.
 
A quem interessa isso tudo?
 
A Petrobras está em evidência também, pois o governo está destruindo a olhos nus a maior empresa brasileira. Seu uso político para fins partidários já fez com que dezenas de bilhões de reais evaporassem em seu valor de mercado.
O país ainda precisa importar gasolina, e faltam recursos para os investimentos necessários.
 
Quem ganha com isso?
 
Mas quando um liberal aponta esses fatos e apresenta seus argumentos em defesa das privatizações, ele é logo tachado de "reacionário" ou "fascista" pelos esquerdistas. Quem é reacionário:
aquele que deseja modernizar a economia com mais concorrência ou aquele que luta pelo passado mercantilista?
Quem é fascista:
aquele que combate a nefasta aliança entre sindicatos e grandes empresários ou aquele que pede mais privilégios em nome do nacionalismo?
 
Um dos aspectos que facilitaram a ascensão fascista na Itália foi a total descrença na democracia, no Parlamento corrupto, envolto em escândalos de compra de votos dos deputados.
 
Outro fator foi a inexistência de uma oposição organizada.
Soa familiar?
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Todo cuidado é pouco.

O fascismo é uma ameaça real, como podemos ver na Venezuela e na Argentina. Antídotos contra ele são justamente a privatização e a concomitante redução do intervencionismo estatal na economia.

Rodrigo Constantino
20 de fevereiro de 2013

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