"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

LANTERNA DOS AFOGADOS...

Pressionado, Renan Calheiros faz discurso visguento que lembra lanterna dos afogados

 

Sinal de desespero – Não há como discordar do inteligente e polêmico jornalista José Simão, colunista do jornal “Folha de S. Paulo”, quando ele escreve e diz que o Brasil é o país da piada pronta.
São tantas frases lapidares que tão bem traduzem a balburdia em que se transformou o País, que o governo deveria erguer um muro para abrigar todas elas em cada aeroporto internacional, para que o turista não seja enganado.

Sem ter como escapar do movimento que começou e cresce na internet e que pede o seu impeachment, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), usou a tribuna do plenário nesta terça-feira (19) para, com um discurso pouco convincente, tentar neutralizar o documento que tem mais de 1,5 milhão de assinaturas e deve ser entregue no Congresso Nacional nos próximos dias.
Renan, como se fosse o mais cristalino dos políticos brasileiros, anunciou medidas de “transparência” e cortes de gastos na instituição que resultarão, segundo o parlamentar, em economia da ordem de R$ 262 milhões por ano.
Da tribuna, Renan afirmou que cumpre uma “promessa de campanha” ao tornar a Casa legislativa mais “enxuta e transparente”.

Renan Calheiros, que não suporta encarar a realidade, como ficou claro no caso da demissão de duas estagiárias do Senado que o compararam a um rato, ainda não compreendeu que a insatisfação da sociedade não resulta dos valores gastos na casa, mas de sua presença no comando do Congresso Nacional.
O senador alagoano precisa que alguém lhe explique que a questão está no recente escândalo (inço anos é pouco tempo) que, a partir do seu envolvimento com a jornalista Mônica Veloso, descobriu-se um esquema de cobrança de propinas por parte do parlamentar, cujos pagamentos se davam por meio da quitação das despesas da jornalista e da filha que o alagoano teve fora do casamento.

O presidente do Senado precisa aceitar a ideia de que ter justificado o dinheiro pago a Mônica Veloso com a venda de vacas mais que sagradas e o uso de notas fiscais frias é o que lhe fazem persona non grata no País. Isso ficou claro durante o Carnaval, quando a presença de Renan Calheiros em um SPA gaúcho causou a revolta dos hóspedes.

Não há como aceitar alguém com o currículo de Renan Calheiros no comando do Legislativo federal, pois a sua permanência no cargo criará mais uma nódoa na história conturbada do Senado brasileiro, traduzindo de forma fiel a esculhambação em que se transformou o Brasil.

O bom exemplo deve vir de cima para que uma sociedade mude para melhor. Não será com Renan Calheiros que o Brasil conseguirá mostrar aos cidadãos que a transgressão não compensa. Se o cenário político atual não mudar, será impossível para a sociedade condenar, mesmo que por conta própria, o ladrão da esquina.

Deixar Renan Calheiros na presidência do Senado Federal e do Congresso Nacional é o mesmo que convidar Fernandinho Beira-Mar para coordenar uma clínica de recuperação de dependentes químicos. Para não dizer que é colocar a raposa tomando conta do galinheiro, pois o senador peemedebista já mostrou ao mundo que reage mal diante de comparações animalescas. Clique e leia o artigo “Renan, batizei o mouse do computador com o seu nome!”.

19 de fevereiro de 2013
ucho.info

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