"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 29 de abril de 2013

O MITO DA AUSTERIDADE

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Domínio dos austeros em círculos influentes deve irritar qualquer um que acredita que as políticas se baseiam em evidências concretas (Reprodução/Internet)

A política do 1%

A posição que defende a austeridade em tempos de crise implodiu e fracassou


Debates econômicos raramente terminam em knock-out. Ainda assim, o grande debate político dos últimos anos entre keynesianos, que defendem a manutenção ou o aumento dos gastos do governo durante uma depressão, e os austeros, que exigem cortes de gastos imediatos, está perto de consagrar um campeão – pelo menos no mundo das ideias.

Neste ponto, a posição que defende a austeridade em tempos de crise implodiu. Não só suas previsões sobre o mundo real fracassaram, mas as pesquisas acadêmicas usadas para sustentar essa posição se mostraram cheias de erros, omissões e estatísticas duvidosas.

Então, duas grandes questões permanecem. Em primeiro lugar, como é que a doutrina de austeridade se tornou tão influente? Em segundo lugar, as políticas que defendem a austeridade irão mudar agora que suas principais alegações se tornaram motivo de chacota?

Será que uma depressão contínua realmente serve aos interesses dos ricos? Isso é duvidoso, já que uma economia em expansão é geralmente boa para quase todos. O que é verdade, porém, é que os anos desde a volta da austeridade têm sido terríveis para os trabalhadores, mas não de todo ruim para os ricos, que se beneficiaram da alta dos lucros e dos preços das ações, mesmo quando o desemprego se tornou um problema crônico.

O 1% não pode realmente preferir uma economia fraca, mas eles estão bem o suficiente para dar continuidade aos seus preconceitos sobre austeridade e aumento de gastos.

Então, será que o colapso intelectual da posição que defende a austeridade vai mudar alguma coisa? Na medida em que seguimos a política do 1% criada pelo 1% para 1%, não iremos apenas começar a ver novas justificativas para as mesmas velhas políticas?

Espero que não. Eu gostaria de acreditar que as ideias e provas materiais têm alguma importância e peso, pelo menos um pouco. Caso contrário, o que estou fazendo com a minha vida? Eu acho que vamos descobrir logo quanto cinismo é justificado.


29 de abril de 2013
Artigo de Paul Krugman para o ‘New York Times’
Fontes:The New York Times - The 1% Solution
 

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