"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 3 de abril de 2013

OS JOVENS ESTRANGEIROS QUE EMBARCARAM NA TAPEAÇÃO DO CORO DOS CONTENTES FORAM TRANSFORMADOS EM PASSAGEIROS DO HORROR

 



Entre uma gastança em Roma e uma promessa que não vai cumprir no Brasil, a presidente Dilma Rousseff vive declamando que a solução para a insegurança pública existe, mora no Rio de Janeiro e atende pelo nome de Unidade de Polícia Pacificadora.

Entre um jantar em Paris e um jogo de basquete em Nova York, o governador Sérgio Cabral trata de endossar o parecer da chefe: basta que todos os municípios copiem a modernidade inaugurada no Morro do Alemão para que o país que acabou com a miséria festeje também a erradicação de todas as formas de violência.

Depois da invençao da UPP, a Cidade Maravilhosa ficou mais segura que o Vaticano, confirma o prefeito Eduardo Paes entre uma ginga de passista aposentado e outra discurseira triunfalista.

Exemplarmente afinado, o coro dos contentes não perde nenhuma chance de queixar-se dos pessimistas profissionais, das cassandras da imprensa e das demais subespécies de inimigos da pátria sempre decididos a denegrir a imagem da sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Só gente assim não admite que o Rio nunca esteve tão bonito, tão bem cuidado e tão protegido pelos homens da lei.

Por terem embarcado na tapeação, um jovem francês e sua namorada americana subiram a bordo de uma van que passava pela Praia de Copacabana na madrugada deste 31 de março. Logo descobriram que haviam desembarcado no Rio de verdade.
O veículo era dirigido por um bandido, que recolheu dois comparsas algumas quadras adiante. O confisco do dinheiro e dos cartões de crédito foi só o começo da viagem imposta pelos sequestradores aos passageiros do horror. Ele foi submetido a espancamentos selvagens. Ela foi estuprada sucessivas vezes.

Tão logo se anunciou a prisão dos criminosos, as autoridades policiais retomaram a lengalenga do “episódio isolado”. Isolado coisa nenhuma, desmentiu a aparição de outras duas vítimas do mesmo bando. É verdade que os números da violência na capital fluminense foram ligeiramente reduzidos. Mas continuam assustadores.

A UPP é uma boa ideia ainda engatinhando. Não há notícia de que um único e escasso meliante tenha desertado da quadrilha, abandonado a carreira ou antecipado a aposentadoria por medo de polícia. A cidade mais tranquila que margem de lago suíço só existe na cabeça dos embusteiros.

Como registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, os cartolas da potência emergente deveriam exigir a imediata inclusão na lista de modalidades olímpicas de um esporte cada vez mais praticado pelos governantes nativos: revezamento de cínicos.

O Brasil garantiria medalhas de ouro, prata e bronze a cada quatro anos. Dilma, Cabral e Paes são apenas três na multidão dos enganadores. É muito farsante para pouco pódio.

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