"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 9 de junho de 2013

EUA E CHINA QUEREM CONSTRUIR "NOVO MODELO" DE RELAÇÃO BILATERAL

 

  • Obama se encontra com presidente chinês e evita temas polêmicos

Encontro informal. Barack Obama e Xi Jiping passeiam juntos no rancho Mirage, após reuniões não oficiais
Foto: Evan Vucci / Evan Vucci/AP
Encontro informal. Barack Obama e Xi Jiping passeiam juntos no rancho Mirage, após reuniões não oficiais Evan Vucci / Evan Vucci/AP
Palm Springs — Após dois dias de conversas em um rancho na Califórnia, os presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos, e Xi Jinping, da China, afirmaram estarem dispostos a construir um “novo modelo” de relação bilateral.
Os dois líderes disseram querer incrementar a cooperação entre os seus países, que passou por altos e baixos nos últimos 40 anos. Ainda no primeiro dia do encontro, Xi disse à imprensa que ele e Obama chegaram a um “consenso sobre as questões tratadas”.

Já Obama foi mais cauteloso, afirmando que ainda havia muito a ser feito e que novas discussões seriam necessárias. Embora a ciberespionagem tenha sido debatida na reunião, o presidente dos EUA também evitou novas declarações sobre o escândalo do monitoramento de informações privadas no país em nome da segurança interna.

O encontro dos dois presidentes, que aconteceu entre sexta e sábado, não foi visto como um fórum formal entre os dois países. Ao contrário, assessores dos líderes afirmaram que o encontro entre Obama e Xi foi uma reunião informal com o objetivo de criar uma relação mais confortável entre os dois e, a partir daí, conseguir resultados concretos nas negociações entre Estados Unidos e China.

Obama e Xi discutiram mudanças climáticas, questões comerciais e de direitos humanos, mas detalhes das conversas não foram revelados. Os dois presidentes também concordaram em melhorar os laços militares entre os seus países, obstruídos no passado pela desconfiança mútua e por falhas de comunicação:

- Temos maiores chances de chegar aos nossos objetivos de prosperidade e segurança para os nossos povos se trabalharmos em cooperação, e não em conflito - disse Obama à imprensa ainda na sexta-feira.

Obama também afirmou que Estados Unidos e China precisam encontrar um equilíbrio entre competição e cooperação para vencer os desafios que os separam. Já Xi pediu que a relação bilateral levasse em consideração a ascensão da China, refletindo o desejo de que seu país seja visto pelos Estados Unidos como um parceiro igual nas questões econômicas e diplomáticas.

- Acho que esse talvez seja o encontro mais importante que eles terão em seus mandatos - disse Paul Haenle, diretor do Centro Carnegie-Tsinghua para Política Global em Pequim. - O maior problema na relação entre os Estados Unidos e a China é que, até agora, ainda não havia acontecido um envolvimento pessoal profundo do mais alto escalão. Isso é necessário para se seguir adiante e levar a relação a um novo patamar.

Coreia e espionagem na pauta

Mas as duas questões que parecem ter dominado o debate entre o Obama e Xi foram a Coreia do Norte e a ciberespionagem. Maior aliado dos norte-coreanos, a China parece hesitar em defender o parceiro após as repetidas provocações e ameaças fritas pelo regime de Pyongyang. Já Obama pretende aproveitar o esfriamento nessa relação e fazer os chineses entenderem que a estabilidade na Península Coreana será boa também para a China.

A ciberespionagem se tornou uma questão delicada entre os Estados Unidos e a China depois que os americanos acusaram militares e empresas chinesas de invadirem sistemas de computador no país. Mas, seguindo a atmosfera informal do encontro, nenhum dos dois líderes optou pelo tom acusatório. Questionado sobre o assunto, Xi foi evasivo, afirmando que tem percebido um aumento da cobertura da mídia sobre segurança no ciberespaço:

- Isso pode fazer as pessoas pensarem que a segurança no ciberespaço é o maior problema na relação entre China e Estados Unidos.

Obama também optou pela conciliação, lembrando que essa é uma questão de interesse para todos os países. “Esse é um assunto de interesse internacional. Há outros atores, além dos dois Estados, envolvidos.”

09 de junho de 2013
O Globo
Com agências internacionais

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