"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA HELIO FERNANDES

A distribuição de renda da ditadura e de Dona Dilma. O trem-bala, mais uma vez adiado a pedido da Siemens, a mesma do CARTELÃO. A Petrobras não aguenta vender combustível pela metade do preço. A decepção do voto de estreia do ministro Barroso.



Esta ligação do Rio a São Paulo pelo chamado trem-bala entrará na História, pelo número de atrasos que vem sofrendo.
Agora, o terceiro. Começou com 8 bilhões, o governo fala em 35 BI, mas especialistas que conhecem o assunto dizem: “Se sair, custará no mínimo 54 BI”. E funcionará, talvez, em 2020.

Esse trem-bala não chega a ser um desperdício, mas não se inclui, de maneira alguma, numa lista de prioridades.

Depois de tudo o que puder ou tiver que ser investigado em metrôs e trens, para satisfazer as exigências e necessidades da população, então será possível até voltar a se pensar, falar e até construir esse trem.

Não citei os ônibus, pois com a construção de mais metrôs e trens (incluído esse “bala), eles serão devolvidos à sua verdadeira e importante finalidade: em vez de “cobrirem” toda a cidade, transportarão passageiros paras as estações do verdadeiro transportador, trem e metrô.

Para terminar: adiar a construção desse trem-bala por um ano, a pedido da Siemens, inacreditável.
A mesma Siemens envolvidíssima no CARTELÃO de São Paulo, de outros estados e de 55 países.
O que está havendo no governo Dilma e no seu suicídio político? Pois no eleitoral, já está morta e enterrada.

PETROBRAS E COMBUSTÍVEIS

Há anos a empresa vem perdendo dinheiro e prestígio com a obrigação de cumprir ordens. Do governo e de ministros de Minas e Energia. Estes, servos, submissos e subservientes como Lobão. Enchem de incentivos as montadoras (todas com uma parte multinacional) e sobrecarregam a Petrobras de prejuízos.

Eles cada vez aumentam mais, precisamente por causa de uma variante-consequente.
A Petrobras IMPORTA COMBUSTIVEL por preço alto, e é obrigada a repassá-lo por preço muito mais baixo para os revendedores. Agora, não podendo mais bancar os prejuízos, “apela para o governo”, quer pelo menos “empatar” o preço de compra no exterior com o da venda aqui, no interior.

Para ganhar tempo, criminosamente, Dona Dilma manda esse Lobão examinar. Por que examinar se ele não tem competência para saber e autonomia para decidir?

Enquanto isso, com os INCENTIVOS, as montadoras, usando a nave-mãe Anfavea, anunciam: “Fabricamos 240 mil carros, licenciamos tudo”. Quer dizer, engarrafam o trânsito no país todo, aumentam os lucros já fabulosos, sobem os prejuízos da Petrobras.

Há mais de 30 anos, defendia no jornal impresso que a Petrobras não podia ter acionistas, devia pertencer toda à União. Sofrendo contestação dos governos, que perguntavam: “O que fazer com os acionistas?”.

Eu respondia: “Comprem todas as ações negociadas em bolsa”.
Agora é o repórter que pergunta: O que fazer com os acionistas que acumulam prejuízos? Podiam pelo menos cortar os INCENTIVOS das montadoras e transferi-los para a empresa.

SUCESSÃO DE 2014

Adriano Magalhães, gostei da tua nota, “Lula vai jogar pesado para que Eduardo Campos desista de ser presidenciável e apoie a candidatura Dilma”.

Ninguém precisa insistir com o governador de Pernambuco para desistir de disputar a presidência em 2014. Embora não tenham muita credibilidade, as pesquisas mostram que Campos, no máximo, no máximo, chega a 5 por cento.

Quanto a apoiar Dona Dilma, é ficção demasiada. Em relação a marco-abril de 2014, Campos só tem uma certeza, nascerá seu quinto filho. A confirmação da candidatura e a obrigatória desincompatibilização, nem com cesariana.

A INDECISÃO ATINGE O PSDB

As pesquisas tumultuam também, interna e externamente, o PSDB. Principalmente o de São Paulo, no Poder desde 1994, com a chapa Covas-Alckmin, repetida em 1998. Agora, acusadíssima no CARTELÃO da Siemens, a cúpula não sabe o que fazer, imita Lula: “Eu não sabia de nada”.

Parece absurdo, mas é a realidade: o PSDB, se puder escolher, lutará para manter o governo de São Paulo, deixando a Presidência da República para 2018.

Já tentaram essa Presidência três vezes, duas com Serra e uma com Alckmin. A quarta, preferem que seja com Alckmin em 2018. E não com Aécio em 2014. Sabem que ele não ganha, as pesquisas só fazem aumentar essa “certeza”.
O candidato de Minas não sai do lugar. Por isso, fizeram Aécio presidente do partido, mas não acreditavam nele como presidenciável.

Alckmin não se manifesta a favor de Aécio nem se desliga de Serra. Sabe que este é vital para a sua reeleição agora e possível candidatura presidencial em 2018. Alckmin não abandona seu projeto, mas tem que continuar mais 4 anos como governador. E a omissão de Serra facilitaria (facilitará) qualquer “poste” fixado pelo ex-presidente Lula.

TODOS FORAM ATINGIDOS PELO POVO NAS RUAS

Dona Dilma, que tinha tudo para não acreditar muito no futuro, cometeu tantos erros e apreciações, que caiu na pesquisa de 67 pontos para 30. É muito. Agora, “recuperou” 6 pontos na mesma pesquisa. É pouco. Mas ela e os correligionários (?) fizeram uma festa.

Nessa festa, deviam estar todos vestidos “à caipira”, pois melhoraram apenas no Nordeste. E não por simpatia ou admiração, e sim por causa do “bolsa-família”. De cada 10 famílias dessa região, pelo menos 5 vivem desse auxílio do governo.

Pode ser até que o auxílio, que vai de 700 a mil reais por mês, tenha efeitos danosos e colaterais, talvez a longo prazo. Mas imaginem, antes desse “bolsa-família”, quem “vivia” sem nada, agora “vive com essa fortuna”.
Mesmo que tenham que manter seis pessoas da mesma família. Melhoraram, sem dúvida, qualquer que seja a análise ou a correção do analista.

O CRESCIMENTO E A DISTRIBUIÇÃO DO BOLO  

Traumatizados pela delinqüência verbal do ministro Delfim Neto, os generais bradaram: “Assim que o bolo crescer, vamos distribuí-lo”. Como não cresceu, não houve distribuição. O ministro, que pretendia ser “governador” de São Paulo, foi preterido, teve que “aceitar” ser embaixador na França. Prêmio imerecido e com duas casas completas. Uma na margem esquerda, outra na direita.

Os generais, desesperados, exageraram no regime autoritário, arbitrário a atrabiliário, claro, desembestando na tortura e no aumento da pobreza do povo e do enriquecimento dos ricos. Nenhuma novidade na História republicana.

DONA DILMA FEZ O CONTRÁRIO

Sem que isso represente elogio ou coabitação de ideias, prefiro este modelo, mesmo porque o outro, da ditadura, não existiu.
Dona Dilma gastou 25 bilhões, um total mínimo. E nem quero compará-lo com o desperdício colossal do pagamento da “dívida“ que não existe, mas com outras formas de destruição dos recursos do cidadão-contribuinte-eleitor.

QUE DECEPÇÃO, MINISTRO BARROSO, PREFIRO, SEM DÚVIDA, O ADVOGADO

Que coletânea de “lugar-comum”, ministro. E usando um jargão mais vulgar, 12 minutos “chovendo no molhado”. O senhor tentou inventar a pólvora, mas não ganhará o Prêmio Nobel: “O Brasil precisa com urgência de uma REFORMA POLÍTICA, todos os males surgem daí.”

Ah! Ministro, o senhor cometeu crime contra a memória nacional, todos já disseram isso. Para sorte do senhor, o Supremo não pode julgá-lo. A favor do senhor, só o fato de permitir citar Rui Barbosa: “até as pedras da rua sabiam disso”.

Outra descoberta: “O mensalão não é o maior escândalo nacional”. E quem disse que era? E aí Vossa Excelência (quase não usei esse tratamento, achei que o senhor não iria gostar) comparou com outros sem qualquer expressão, como caso dos “anões”.

Mas onde o senhor ficou completamente descoberto foi na análise sobre os custos da campanha e o que ganham os deputados (devia dizer parlamentares, a situação dos senadores é igual).

Querendo demonstrar a LEGITIMIDADE desses parlamentares, Vossa Excelência comparou quanto gastam na campanha (4 milhões) e quanto recebem “em quatro anos de mandato”, menos de 1 milhão, segundo o senhor. Novo crime cometido, agora contra o senhor mesmo e contra a autenticidade.

1 milhão os parlamentares recebem num trimestre. Portanto, em 1 ano, 4 milhões, que é o que o senhor supõe que eles gastam,não pagam nada nas campanhas, tudo é “doação”.

Ministro, faça uma concessão a si mesmo: peça ao ministro-presidente para cancelar sua fala de 12 minutos, inútil, inócua, incoerente com seu passado de grande advogado.

A sessão do Supremo não era importante, continuou desimportante com a estréia do novo ministro. Mas valeu pelo fato do impetrante Carlos Alberto Qualia ter sido ABSOLVIDO do crime de lavagem de dinheiro. Como o presidente-relator declarou, “vou julgar um a um os recursos dos 11 condenados pelo mesmo crime”, pode haver outras absolvições.

O que só era esperado no exame dos já famosos  EMBARGADOS INFRINGENTES, que assim ganharam maior relevância. Mas não neste mês de agosto.

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PS – A Suíça ganhou do Brasil. Em se tratando desse país, 1 a 0 é goleada. A Suíça fica sempre isolada. Não participou das duas guerras mundiais, foi considerada “não beligerante”. Organizou a Copa de 1954, eliminada na primeira fase.

PS2 – Agora ganha do Brasil. O treinador em silêncio, sem uma palavra ou um gesto. Quando o Brasil ganhou a Copa das Confederações, em homenagem aos jogadores, o povo gritou: “O Campeão voltou”.

PS3 – Agora, em “desomenagem” ao arrogante e pretensioso técnico, podermos retumbar com o mesmo “desentusiamo”: “O Felipão voltou”.

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