"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 10 de agosto de 2013

SOB "CONTROLE" IV PREÇOS LIVRES SOBEM 7,9% ATÉ JULHO, MAS CONTROLE SOBRE AS TARIFAS SEGURA INFLAÇÃO


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Os preços administrados, como tarifas de energia elétrica e transporte, subiram apenas 1,3% nos doze meses encerrados em julho. No mesmo período, os preços livres, definidos pelo mercado e que representam 75% da composição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), aumentaram bem mais, 7,9%.
 Essa diferença, de acordo com cálculos do Goldman Sachs, alcançou 6,6 pontos em julho, o maior nível desde 2012, pelo menos. Em dezembro do ano passado, essa distância era bem menor, de 2,9 pontos. 
Para economistas, ao segurar o reajuste de tarifas de transporte público, controlar os preços de combustíveis e subsidiar a queda da conta de luz, os governos federal, estaduais e municipais estão, de certa forma, "congelando" preços, mas em algum momento esses itens precisarão voltar a subir. Por isso, apesar da desaceleração do IPCA acumulado em 12 meses de 6,70% para 6,27% entre junho e julho, os especialistas avaliam que a pressão da demanda, evidenciada pela alta dos preços de bens e serviços, continua elevada e exigirá resposta contínua do Banco Central.


Para Alberto Ramos, diretor do grupo de pesquisas econômicas para América Latina do Goldman Sachs, os preços administrados, que correspondem a 25% do IPCA, estão em nível bastante baixo por causa de choques de oferta positivos. Já os preços livres mostram inflação "alta e generalizada", com pressão forte de serviços. 

Monica Baumgarten de Bolle, sócia-diretora da Galanto Consultoria, calcula que, caso os preços administrados estivessem subindo de acordo com a tendência observada entre 2004 e 2012, o avanço do IPCA no acumulado em 12 meses estaria em 7,2%, e não nos atuais 6,2%.
"A contabilidade criativa não é só no campo fiscal. Dizer que a inflação está sob controle é empulhação". A economista critica o que chama de "congelamento" de parte do IPCA por meio de medidas com custo-benefício duvidoso, como é o caso da emissão de dívida por parte do governo para subsidiar a redução da conta de luz.
Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra, afirma que embora os preços regulados tenham ajudado neste ano, será difícil conseguir mantê-los no atual nível, já que parte dos efeitos positivos foram decorrentes de medidas pontuais. Por isso, o economista, que projeta IPCA de 5,7% neste ano, estima que a inflação vai acelerar em 2014 para 6,2%. 

O que vai acontecer, em sua avaliação, é uma mudança de composição do índice, com inflação de serviços menor por causa da expectativa de alta do desemprego, enquanto preços administrados, desvalorização do câmbio e política fiscal e creditícia expansionista continuarão a manter o índice perto do teto da meta.
Alberto Ramos, do Goldman Sachs, avalia que em algum momento o hiato entre os preços regulados e livres terá que diminuir, mas afirma que as autoridades têm os instrumentos necessários (políticas fiscal e monetária mais austeras), para lidar com essa correção e também com a desvalorização do câmbio e, assim, garantir que os ganhos de competitividade em termos nominais também ocorram em termos reais.

Monica acredita que até é possível prosseguir com a política de contenção de preços administrados ao longo do ano que vem, mas isso tornará "mais doloroso o ajuste necessário em 2015".

 Valor Econômico
10 de agosto de 2013

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