"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 10 de fevereiro de 2013

O FASCISMO DE ESQUERDA, MERQUIOR, PIZA E OS QUE "INFELIZMENTE ESTÃO VIVOS".

 

O fascismo de esquerda não muda. A tática é sempre é mesma. Flávio Moura, o tal “editor de livros” da Companhia das Letras que chacina jornalistas e colunistas com a conivência do “Valor” — aquele do caderno “Infraestrutura & Negócios” —, repete um mantra velho, de incrível vigarice intelectual.
 
Quem leu seu artigo (ver posts abaixo) percebeu que ele resolveu salvar a alma de Daniel Piza do que imagina ser o inferno.
Agora Piza, que era alvo da maledicência, sim, de muitos quando vivo — o próprio Moura confessa a sua inveja —, foi para o mesmo lugar no Paraíso em que está, por exemplo, José Guilherme Merquior.
 
Em vida, Merquior tomava mais chutes do que cão sarnento que tenta invadir restaurante. “Reacionário, direitista, fascista, defensor da ditadura…” Essas eram apenas algumas das palavras com que o mimoseavam. E olhem que ele não estava tão distante assim de certa esquerda francesa mais ilustrada… Mas não era um comunista, isso é certo.
 
Caiu definitivamente em desgraça quando, ao ler o livro “Cultura & Democracia”, de Marilena Chaui (ela também usava o “&”, como o Valor…), encontrou algumas dezenas de páginas iguaizinhas às que o francês Claude Lefort, amigão da sedizente filósofa, havia escrito bem antes. Podiam mesmo ser consideradas traduções.
Marilena despontava, então, como o furacão esquerdista da USP, dona de um pensamento supostamente original e coisa e tal.
 
Sabem quem começou a apanhar nos jornais? Ainda não havia internet e redes sociais. Não foi a plagiadora, não! Merquior só não foi chamado de santo. “Intelectuais” e cantores de MPB decidiram fazer um abaixo-assinado contra ele. O próprio Lefort veio a público para afirmar que o plágio de sua amigona plágio não era. Tentaram esfregar a negativa na cara de Merquior: “Viu, o autor diz que não é…” — ainda que as palavras provassem o contrário.
 
Merquior morreu cedo, aos 50 anos, em 1991. Morto, resolveram reabilitá-lo, mas não por bons propósitos. Ele sempre é citado como expressão de um tempo em que “a direita tinha qualidade”, sabia pensar.
“Ah, Merquior, sim! Não esses de agora”. Até a publicação do texto de Moura, os jornalistas cujo fim ele decreta éramos, então, comparados a Merquior, com a conclusão inevitável: “Ele era profundo; a ‘direita’ de agora não é de nada”. Nota: foram também eles que decretaram que somos expressão do pensamento de direita. No que me diz respeito, não recuso porque não vejo crime nenhum nisso.
 
Estava claro: Merquior havia se transformado num “bom”, entre outros motivos, porque morto. Enquanto Piza estava vivo, inveja e ressentimento se misturavam contra ele. Não que o seu trabalho, a exemplo do meu ou do de qualquer outro, estivesse acima de qualquer crítica. Isso não existe. Piza agora virou santo. Porque o amam? Não! Para que possam continuar a secretar seu ódio contra os vivos.
 
Conheci Piza. Ele foi colaborador das revistas República e BRAVO!, das quais fui redator-chefe, no fim dos anos 90. Tínhamos uma relação cordial, mas não de amizade. Nas vezes em que conversamos, convergências e divergências se equilibravam em quantidades idênticas. E o mesmo vale para este outro grupo de jornalistas.
 
Uma das características disso a que chamam “jornalismo da direita” — uma redução estúpida — é não formamos uma quadrilha de pensamento. Quem compareceu a um debate com a comunidade judaica, em São Paulo, no passado, viu Diogo e eu divergirmos vivamente sobre a Primavera Árabe, por exemplo. Já discordei de Coutinho por escrito. Nenhum de nós entende a voz dissonante como ameaça.
 
Com os fascistas de esquerda, as coisas não são assim. Essa gente até poderia nos dar uma colher de chá algum dia. Mas, antes, exige que façamos companhia a Merquior e Piza. O que pensamos — e pensamos coisas tão diferentes! — incomoda menos do que o fato de estarmos vivos.
 
10 de fevereiro de 2013
Por Reinaldo Azevedo

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