"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 15 de abril de 2013

"PAJARITO" QUASE DESPENCA. CAPRILES PERDEU, MAS OPOSIÇÃO ADQUIRIU MUSCULATURA.


Por pouco Capriles não acertou "el pajarito" (se é que não houve fraude. Há procedentes controvérsias).
Com 50,66% dos votos o candidato chavista Nicolás Maduro venceu o oposicionista Henrique Capriles que obteve 49,07% dos votos. A margem de apenas 1,59 pontos de diferença em favor de Maduro mostra que o chavismo sem Hugo Chávez já começou a murchar. E prova como é difícil a substituição de um líder carismático. Aliás, líderes carismáticos são insubstituíveis ainda que possam permanecer no imaginário de seus sequazes.

A escassa diferença em favor do chavismo suscita procedentes desconfianças sobre a lisura do pleito, haja vista que todo o aparelho estatal está, por enquanto, totalmente nas mãos do chavismo, inclusive os meios de comunicação.

O que surpreende não é a vitória de Nicolás Maduro, mas a performance de Henrique Capriles e os votos que foram disputados pau a pau.
Seja como for, o fato é que o regime bolivariano sem o carisma de Chávez tende a enfraquecer. Aliás essa é uma tendência que deve se estender às demais nações latino-americanas dirigidas por governos esquerdistas na medida em os cofres estatais desses países já não suportarem mais a pilhagem que vêm sofrendo para manter tiranetes no poder.

Segundo consta, cerca de 50% dos venezuelanos de alguma forma vivem às custas do erário. E esse é um fenômeno que se alastrou por todo o continente, onde comuno-populistas usam os recursos públicos para comprar votos. Denominam isso de "programas sociais", mas que são na verdade a montagem de fabuloso cabresto eleitoral.

Por isso mesmo se assiste cenas bizarras na Venezuela, onde consumidores entram numa verdadeira luta dentro dos supermercados em busca de frango, farinha de trigo e até mesmo de papel higiênico.
Esse país de 28 milhões de habitantes é um dos maiores exportadores de petróleo do mundo e detém a maior reserva do planeta desse insumo. Só esse detalhe dá uma idéia de como o chavismo conseguiu detonar a economia venezuelana.
Com a maré alta do preço do barril de petróleo o agora difunto tiranete bolivariano montou um esquema de dominação fantástico e a Venezuela já vive hoje um governo tirânico.

O curioso disso tudo é que essa nova versão do comunismo do século XXI vem utilizando os instrumentos democráticos para avalizar ditaduras. Isso têm sido possível por vários fatores, dentre eles a estabilização econômica mundial da última década.
Além disso esses governos turbinaram o patriomonialismo obtendo como sócios os grandes empresários e grupos econômicos. Na Venezuela chamam esses sabujos do chavismo de "boliburgueses", ou seja, "burgueses bolivarianos".

Numa outra ponta esse socialismo do século XXI contou com o apoio praticamente unitário da grande mídia internacional e isso decorre fundamentalmente do fato de que a maioria dos jornalista em todos os lugares ser esquerdista.
O grosso do noticiário internacional, com as devidas exceções, sempre foi generoso com o chavismo e seus filhotes latino-americanos. As eventuais críticas sempre foram circunstanciais ou explorando os fatos burlescos protagonizados por Chávez, Cristina Kirchner, o índio cocaleiro da Bolívia e, como não poderia deixar de ser, por Lula e seus sequazes.
 
Vejam que todos esses supostos estadistas são completamente ridículos e incompetentes.

Mas como frisei mais acima, enquanto a economia internacional bombou esse modelo dito bolivariano sustentou-se e cresceu. Mas como não existe almoço grátis, chega um momento que os comensais são convidados a pagar a conta. As burras estatais nesse momento já foram sangradas e ninguém está a fim de meter a mão no próprio bolso.
O resultado é o arrocho fiscal, como sempre. A verdadeira classe média é que paga a conta. Os tubarões da economia têm como se safar e os pobres continuam sobrevivendo com as minguadas "bolsas família".

Voltando à Venezuela, vê-se que um conjunto de fatores contribuiu para inflar a oposição.
A diferença de apenas 1% em favor do todo poderoso chavismo é, na verdade, uma vitória da oposição, a mostrar que a Venezuela pode ter iniciado um caminho de mudanças.
Isso dependerá muito de como a oposição irá lidar com esse patrimônio político; se vai manter-se coesa ou dividida e se vai combater de forma implacável a tentativa chavista de transformar o gigante petroleiro num apêndice de Cuba.

Pelo que consta Nicolás Maduro além de ser desprovido de qualquer viés carismático, não tem estofo intelectual e nem político que lhe dê condições de superar os graves problemas econômicos e sociais da Venezuela.
Se tentar arrochar pelo caminho do comunismo com a implantação dos tais "poderes comunais" e idiotices análogas, naufragará com o risco de causar sérias comoções sociais com repercussões violentas. A Venezuela é o segundo país mais violento do mundo onde morrem milhares de pessoas por ano.

Enfim, numa análise ligeira é isso que se pode dizer a respeito do resultado eleitoral desta madrugada na Venezuela. O fato mais importante que emergiu desse pleito é que a Oposição cresceu de forma apreciável e um enorme contingente de eleitores disse não à aventura cubano-bolivariana e que não está a fim de bancar a farra da caricata e predatória da nomenklatura chavista.

"El pajarito" continuou voando, mas num vôo razante, quase despencando.
15 de abril de 2013
in aluizio amorim

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