"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 23 de outubro de 2011

IBGE: SITUAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO REGIONAL II

Mais da metade dos domicílios brasileiros não tem coleta de esgoto, mostra IBGE

Apesar de uma melhora observada nos últimos anos, mais da metade dos domicílios brasileiros ainda não tem acesso à rede de esgoto, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o estudo, em 2008, 54,3% dos domicílios no país não tinham coleta adequada de esgoto. O número de lares conectados à rede, porém, cresceu de 33,5% (em 2000) para 45,7% (2008).

O Sudeste é a única região do país onde mais da metade dos domicílios tem acesso à rede de esgoto (68,9%). Depois vem o Centro-Oeste (33,7%), o Sul (30,2%), o Nordeste (29,1%) e o Norte (3,5%).

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008, realizada pelo IBGE, que compilou os números no Atlas do Saneamento 2011, lançado nesta quarta-feira.

Por municípios

Considerando o número de municípios no Brasil, 2.495 não possuem nenhum tipo de rede coletora de esgoto, quase 45% do total (5.564). Na maior parte destes, a população é menor que 50 mil habitantes.

23% dos municípios sofrem racionamento de água

Segundo a pesquisa do IBGE, 23% dos municípios brasileiros têm problemas de racionamento de água em algum período do ano.

Segundo o IBGE, mesmo as cidades que possuem tratamento de esgoto não conseguem oferecê-lo a toda a população.
“É verdade que pela metodologia usada basta ao município ter uma rede de esgoto instalada para que se considere que ele tem coleta de esgoto. Isso não diz sobre a abrangência da rede instalada. Há dados, como a proporção de distritos com rede, que acabam demonstrando a desigualdade intramunicipal.
Mas a importância aqui é revelar quantos municípios já tem uma rede e, portanto, capacidade de vê-las expandida”, afirma Ivete Oliveira, técnica do IBGE.

A região Sul, segundo maior PIB do país, possui apenas 39,7% das cidades com alguma estrutura para coleta por rede de esgoto.

No Sudeste, esse índice chega a 95%, contra 45,6% no Nordeste, 28,3% no Centro-Oeste e 13,3% no Norte.

Tratamento de esgoto

Segundo o Atlas do IBGE, só 29% dos municípios brasileiros têm algum sistema de tratamento de esgoto instalado.


A Região Sudeste tem, em média, 48% de municípios que oferecem tratamento –o Estado de São Paulo registra 78%.

No Nordeste, as disparidades são grandes: enquanto o Ceará tem 49% de cidades nesta situação e Pernambuco, 28%, o Piauí tem apenas 2% e o Maranhão, 1%.

Mesmo o Norte, que tem o pior desempenho regional (só 8% dos municípios têm tratamento do esgoto), tem seus Estados com melhor desempenho do que os dois últimos nordestinos.
O Acre tem o melhor desempenho na região, com 18% dos municípios fazendo tratamento do esgoto –já o Pará e Rondônia tem 4% cada.

No Sul, o Paraná tem o melhor desempenho: são 41% contra 16% de Santa Cantarina e 15% do Rio Grande do Sul.

No Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul tem 44% das suas cidades com oferta de tratamento, Mato Grosso, 16% e Goiás, 24%.

Junto com resíduos agrotóxicos e destinação inadequada do lixo, o não tratamento do esgoto sanitário responde por 72% das incidências de poluição e contaminação das águas de mananciais, 60% dos poços rasos e 54% dos poços profundos.

Ainda segundo a pesquisa, 30,5% dos municípios lançam o esgoto não tratado em rios, lagos ou lagoas e utilizam as águas destes mesmos escoadouros para outros fins.


Entre os municípios nesta situação, 23% usam esta água para a irrigação e 16% para o abastecimento – o que encarece o tratamento da água para esse último fim, pois há mais custo em recuperar sua qualidade.

Julio Reis
Especial para o UOL Notícias
No Rio de Janeiro

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