"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 26 de novembro de 2011

ROSEANA SARNEY TRANSFORMA O MARANHÃO EM PRAÇA DE GUERRA, COM PROMESSA DE BANHO DE SANGUE

Filha de peixe – Diz a sabedoria popular que quem puxa os seus não degenera. Se essa teoria não pode ser considerada uma maiúscula unanimidade em muitas partes do planeta, no Maranhão cai como luva quando o assunto é a família Sarney, cujo “capo”, o senador José Sarney, está sendo acusado de grampear um colega de partido, o alagoano Renan Calheiros (PMDB). Mas o assunto ora em questão não é a mais recente acusação contra o presidente do Senado Federal, mas sua filha, Roseana Sarney, que despeja sobre o mais pobre estado brasileiro uma onda de absolutismo jamais vista.

Encastelada no Palácio dos Leões, sede do Executivo maranhense, Roseana se nega a negociar com os policiais militares do Estado, que pleiteiam 28% de aumento salarial, de acordo com o coronel Ivaldo Alves Barbosa, que por telefone conversou com a reportagem do ucho.info.
O oficial da PM do Maranhão disse que a governadora não cumpriu a promessa de negociação e, ao invés de buscar uma solução pacífica, solicitou a presença da Força Nacional de Segurança, que há dias se faz presente na capital São Luís.

Dona de temperamento histriônico e confiante na estrutura subserviente que o pai montou no estado, Roseana Sarney conseguiu na Justiça a decretação da prisão preventiva dos líderes do movimento: coronel Ivaldo Alves Barbosa, coronel Francisco Melo da Silva, sargento Jean Marie, sargento Da Hora, cabo Campos, cabo Nascimento e soldado Leite. Ademais, a Justiça, que considerou o movimento ilegal, determinou o desconto de R$ 200 por dia parado do salário dos líderes, o que faz com que os militares em questão, chefes de família que buscam um mínimo de dignidade, nada tenham a receber em dezembro próximo.

Roseana Sarney não contou com a possibilidade de um movimento puxar outro. Além da paralisação da Polícia Militar em quase 70% do estado, os delegados de polícia também cruzaram os braços. Logo mais, às 17 horas locais, o sistema de transporte público de São Luís também deve parar.
O número de arrastões na capital do Maranhão cresceu de forma assustadora nas últimas horas. Até mesmo assalto a joalherias foram registrados.

No interior do estado muitas das 217 cidades, como Imperatriz, Timon, Caxias, Grajaú, Barra do Corda, já não contam com a Polícia Militar, o que pode desencadear assaltos a agências bancárias e caixas eletrônicos. No presídio localizado na cidade de Pinheiro já há uma rebelião de presos.

Em vez de caminhar na direção de uma solução negociada, Roseana Sarney decidiu endurecer e agora conta com a presença do Exército nas ruas de São Luís. No sábado (26), um general de brigada chegará ao Maranhão, de acordo com informações obtidas pela reportagem, para assumir o comando da operação.
Instalados na Assembleia Legislativa, os policiais militares prometem revidar a bala uma possível invasão da Casa legislativa. O coronel Ivaldo Alves Barbosa disse que se a Assembleia for invadida haverá um banho de sangue no local e que a governadora sujará as mãos.

Muito estranhamente, a seccional maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil ainda não se pronunciou. Amigo da família Sarney e ex-presidente da fundação que leva o nome do presidente do Senado, o advogado José Carlos Souza e Silva, que quer ser reconduzido ao TRE-MA com as bênçãos do chefe do clã, também está calado.

O caótico cenário que domina o Maranhão, com flagrante desrespeito ao livre direito de manifestação, mostra ao Brasil a verdadeira realidade de um estado que faz inveja (sic) a muitas republiquetas que vivem sob o manto da ditadura.
Um desfecho violento, como prevê o coronel Ivaldo Barbosa, é tema mais que suficiente para que a Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) envie a São Luís seus representantes, pois o caudilhismo que cresceu a partir da praia do calhau é no mínimo criminoso. Voltando ao início desta matéria, Roseana puxou aos seus e não degenerou.

UPEC

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