"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 11 de dezembro de 2011

CASO PIMENTEL

PT unido (por enquanto) para blindar consultor preferido de Dilma.
Numa postura pragmática, o comando do PT decidiu aderir à operação para preservar o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, deflagrada pela presidente Dilma Rousseff.
Apesar das divergências internas entre grupos petistas, o partido avaliou que a queda de Pimentel neste momento fragilizaria o governo e o PT. Esse argumento foi considerado fundamental para que houvesse uma "unidade pontual" na defesa de Pimentel, apesar das restrições que o ministro sofre em vários setores petistas.

Mas os episódios envolvendo as consultorias de Pimentel, revelados pelo O GLOBO, já são vistos no PT como forma de o partido esvaziar o grande poder que ele acumulou nos últimos meses, principalmente após a queda do ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci.
Pimentel ganhou recentemente o status de "interlocutor da presidente junto ao PIB", o que não agrada muito a um grupo de petistas. O secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), verbaliza o que ouve nas reuniões internas do partido:

- É preciso ter estabilidade para governar. Não dá para transformar a Esplanada dos Ministérios num tribunal da inquisição. De fato, Pimentel não é a pessoa mais amada no PT. Agora, no partido, ninguém vai dar as costas para o cara. Se ele não puder dar consultoria como economista, vai passar fome.

Desde que virou ministro, em janeiro, Pimentel tentou recuperar espaço nos diversos grupos do partido e aproximou-se muito do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu. Mesmo assim, ainda há sequelas de sua participação na campanha presidencial do PT de 2010. Na ocasião, o atual presidente do PT, Rui Falcão, e Pimentel se afastaram, após a revelação de que foi montado um núcleo de inteligência na pré-campanha petista para elaborar um dossiê contra o então candidato tucano, José Serra.
Pimentel negou ser o responsável pelo dossiê.

Ao longo dos anos, Pimentel colheu desafetos não só no PT mineiro, mas no PT nacional. Sua aliança com o hoje senador tucano Aécio Neves (MG) para eleger o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), em 2008, dividiu o partido. No PT, até mesmo o ex-presidente Lula tinha restrições ao comportamento político de Pimentel.

Dentro da ação de blindar Pimentel, o PT cumpriu, até agora, a determinação de evitar convocação ou convite ao ministro para prestar esclarecimentos na Câmara e no Senado. O fato já incomoda os aliados, que observam um comportamento diferente do Planalto em relação aos demais episódios que derrubaram ministros de PR, PMDB, PCdoB e PDT.

coroneLeaks

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