"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 11 de dezembro de 2011

QUE A PUNIÇÃO AOS CULPADOS REFLITA A GRAVIDADE DOS CRIMES COMETIDOS


Reproduzo aqui a “Carta ao Leitor” da VEJA desta semana, intitulada “A banalidade do mal”.
Compreende-se por que tantos gostam da revista e por que alguns poucos a abominam. Que revista é esta que chama virtude de “virtude”, crime de “crime”, virtuosos de “virtuosos” e criminosos de “criminosos”?

Isso ofende os criminosos que querem fazer do crime uma virtude, mas fala à razão dos virtuosos que querem vê-los na cadeia.

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Os legados positivos da era Lula estão sobejamente demonstrados por aliados e até por adversários.
Lula manteve os fundamentos democráticos e de política econômica que funcionavam bem desde Fernando Henrique Cardoso, aprofundando a ajuda direta aos miseráveis brasileiros, que tiveram acesso a dinheiro e crédito.

Pouco se fala, porém, do imenso passivo deixado pelas escusas manobras petistas feitas com o objetivo de livrar a cara do governo depois do escândalo do mensalão - o pagamento regular a parlamentares da base aliada com dinheiro público e sobras de recursos ilegais de campanhas políticas.

A mistificação, a mentira, a falsificação e o relativismo moral foram exercitados ao limite pelo PT e pelo próprio Lula para esconder suas responsabilidades no episódio tenebroso.

A manipulação dos fatos salvou o governo Lula de um colapso logo nos seus primeiros anos, mas lançou a propaganda do governo e do PT em um perigoso jogo em que a versão oficial deveria sempre se sobrepor às evidências, por mais fortes que fossem.
Assim, foi se tentando apagar a fronteira entre o certo e o errado. Quase conseguiram.
Foi total o desprezo pelos efeitos pérfidos que essa cultura oficial da falta de ética e da mentira teria sobre o Brasil e os brasileiros. Uma reportagem desta edição de VEJA conta, com exclusividade, a história secreta da mais ousada incursão do petismo na falsificação deslavada.

Com base em gravações feitas com autorização judicial pela Polícia Federal, a reportagem mostra petistas de todos os coturnos negociando com um conhecido estelionatário a montagem de uma lista falsa de tucanos que receberiam dinheiro da estatal Furnas.
A lista seria a prova de que o mensalão não fora invenção petista, já sendo prática comum usar dinheiro público para comprar consciências e financiar campanhas de candidatos. A lista resulta falsa como uma cédula de 3 reais.

É assombroso o que se ouve nas gravações sobre o uso do estado para fins criminosos. A certa altura, o estelionatário, hoje preso, cobra promessas feitas pelos petistas.
Quer proteção. Quer a aprovação de seus negócios junto ao BNDES e à Caixa Econômica Federal. Ameaça “acabar com eles tudinho” se não for atendido.
Em abril do próximo ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar, na imortal designação do procurador-geral da República, o “chefe da quadrilha”, José Dirceu, e os demais 35 réus do mensalão.
A lista falsa serviria de sustentação à tese dos defensores dos petistas de que o mensalão foi apenas um pequeno desvio de conduta como tantos que ocorreram antes na política brasileira.

Nesse contexto, é bom saber que a Polícia Federal e a Justiça têm informações que demonstram como a lista é produto de uma elaborada contrafação. A tese da banalidade do mensalão é insustentável. O mensalão não foi banal. Espera-se que a punição aos culpados reflita a gravidade dos crimes cometidos.


Por Reinaldo Azevedo

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