"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 25 de dezembro de 2011

COMUNICAR O QUÊ?

Depois de alimentar a ilusão de que o PSDB foi derrotado porque não soube defender o legado de FHC, creditando ao fato todas as mazelas, os tucanos entoam um novo mantra: o problema do partido é comunicação, comunicação, comunicação. Esta bobagem, proferida por Fernando Henrique Cardoso, José Serra e por outros emplumados vai levar os tucanos, novamente, para o fundo do poço.

Houve um tempo em que publicidade vendia qualquer coisa, inclusive produtos mal formulados, mal embalados e mal produzidos como um partido político. Havia pouca concorrência e o eleitor não tinha parâmetros para fazer comparações. Partido político virou commodity e das ruins! Sopa de letrinhas, antro de corruptos, conluio de safados. As lideranças passaram a estar acima dos partidos e, por isso, venceu quem construiu lideranças como o PT fez com Lula, por exemplo.

Lula não é um produto de si mesmo. É um produto da unidade partidária, é muito mais forte que a estrela que simboliza a legenda.

De outro lado, que liderança é FHC, que exultou ao perder o governo para um pobre metalúrgico, sumiu nas primeiras classes dos vôos internacionais para curtir a sua vida acadêmica nas melhores universidades do mundo, aparecendo somente na hora de arbitrar, na mesa do Fasano, as divergências partidárias? Ou para elogiar a nova presidente com declarações que, obviamente, serão jogadas na cara dos tucanos na próxima campanha presidencial?

O problema do PSDB, sendo simples e direto, é não ter o que dizer para a sociedade brasileira, como partido político. É não representar uma alternativa de poder, melhor do que o que aí está. Tanto não tem que teve que voltar atrás para recuperar o tal legado de FHC, que não tem o mínimo apelo, que não tem a mínima força, que não significa mais nada para o eleitor e que José Serra fez, sim, muito bem em não utilizar nas últimas eleições.

Se utilizasse teria perdido no primeiro turno, ou será que os tucanos esqueceram de Geraldo Alckmin com aquele coletinho ridículo, cheio de marcas de estatais, dizendo que não iria privatizar em 2006?

As pessoas que ainda lembram dos bons tempo de FHC, nos dias de hoje, odeiam o ex-presidente. Odeiam porque ele criou o fator previdenciário que hoje atormenta 9 milhões de aposentados e outros tantos milhões em vias de encerrar a sua vida produtiva.

É óbvio que FHC foi um grande presidente, mas eleitoralmente é um fracasso. Lula elegeu um poste. FHC não elegeu o Serra. Deu para entender ou é preciso desenhar?

O pior não é isso. O pior é que não dá para o PSDB fazer mais do que... isso que está fazendo. Desunido, desarranjado, liderado por medíocres, rachado ao meio, apostando o seu futuro nesta farsa chamada Aécio Neves (que vai ser engolido por Eduardo Campos, do PSB, que está furos acima dele!), que tem liderado as traições entre tucanos desde 2002, o PSDB não tem o que comunicar.

Não tem mensagem porque não tem produto. Não tem produto porque não tem planejamento. Não tem planejamento porque não assume a sua principal missão, que é a de fazer oposição dura, sistemática, agressiva, jamais propositiva. Vai conseguir fazer isso com dois "diplomatas" dirigindo os estados mais importantes da oposição, que se desfazem em salamaleques e elogios diante da presidente da República para obter favores e verbas?

Não, tucanos e tucanas. O problema do PSDB não é comunicação. É não ter o que dizer e não ter o que mostrar. O partido está sendo conduzido pelo velho paradigma de que oposição se faz no Parlamento e não no Executivo. Sendo minoritário na Câmara e no Senado, os corajosos como Álvaro Dias, Aloysio Nunes, Mário Couto são tratorados sistematicamente e os medrosos e oportunistas como Aécio Neves se encolhem e se escondem.

Há muito que este Blog vem dizendo que a única forma do PSDB recuperar o poder é contrapor-se no âmbito estadual ao que o PT está fazendo em âmbito federal. É fazer casa mais barata que o Minha Casa, Minha Vida. É dar mais vaga do que o Prouni. É criar programas próprios, sob as mesmas marcas para que, lá na frente, o partido possa mostrar uma obra que reflita uma capacidade maior, exibindo resultados concretos.
É difícil? É, é praticamente impossível, mas é a única forma de mostrar unidade, coesão e projeto de governo, não de poder.

O problema do PSDB não é comunicação. É não ter o que dizer. É não ter o que mostrar. É não ter apelo eleitoral. É ser um péssimo produto. Não se iludam, tucanos. Se não aceitarem esta dura verdade, nunca mais voltarão ao poder. E olha que atrás vem gente mais humilde e mais esperta.

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Complementando...

Recentemente, a Juventude Tucana fez uma reunião em Goiânia, para definir pontos comuns a serem defendidos pelas futuras lideranças do PSDB. Refletiram, no que decidiram, a pobreza de idéias dentro do partido. Dos cinco pontos definidos como centrais, nenhum confronta a situação e tipifica um comportamento de oposição.

Redução da maioridade penal.
Corrupção como crime hediondo.
Meia entrada para jovens.
Fim do alistamento militar.
Exigência de primárias par definir candidatos.
Nada sobre drogas. Nada sobre emprego. Nada sobre saúde. Nada sobre melhoria da péssima educação que temos no país. É falta de comunicação ou é falta de mensagem?

coroneLeaks

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