"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

UM JUIZ, TRÊS PRONTUÁRIOS E UMA CAPIVARA

Nos países em que a lei vale para todos, um juiz de Direito e três prontuários só são vistos juntos no tribunal ─ o magistrado no centro da mesa e a trinca no banco dos réus.

No Brasil, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, foi ao encontro dos senadores Renan Calheiros, Romero Jucá e Valdir Raupp com a placidez sem remorso de quem vai a uma festa de formatura. Tampouco pareceu incomodá-lo a chegada de um quarto bucaneiro do PMDB: Henrique Eduardo Alves, líder da bancada na Câmara dos Deputados. Nem se permitiu ficar ruborizado com o tema a ser discutido: Jader Barbalho.

Eleito senador pelo Pará em outubro de 2010, Barbalho coleciona delinquências há tanto tempo, e com tamanha intensidade, que a capivara que carrega conseguiu enredar-se nas malhas da Lei da Ficha Suja, rasgadas pela passagem de delinquentes de grosso calibre.

Não se sabe o que conversaram o ministro do Supremo e os candidatos permanentes a uma temporada na cadeia. O que importa é a consequência do encontro: nesta quarta-feira, Peluso desempatou a favor de Barbalho a votação no STF. Por seis togas contra cinco, o velho caso de polícia voltou ao Senado.

Oremos.

Augusto Nunes

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