"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 28 de janeiro de 2012

BRIZOLA COMBATEU O SISTEMA COM OS INSTRUMENTOS HUMANOS E MATERIAIS DE QUE DISPUNHA

Brizola não cometeu erros. Ele combateu o sistema com os instrumentos humanos e materiais de que dispunha. Isso não foi suficiente para derrubar os conservadores altamente beneficiados pela cenário político internacional. Os aliados da Internacional Socialista estavam fora do Poder na Alemanha, Suécia, França, Espanha e Portugal. Lutar contra o sistema financeiro nessa conjuntura é suicídio.

Ficou, contudo, destacada a força da liderança do velho caudilho. A operação instalada para impedi-lo de chegar ao Poder talvez tenha sido a mais complexa em nível internacional. Isso inclui a fabricação de Lula, treinado nos EUA durante a fase mais cruel da ditadura, e de FHC via Fundação Ford, a instrumentalização das universidades públicas e a participação de decisiva da Igreja, cooptando tudo quanto é instituição.

Todos os partidos foram impedidos de se aliar ao PDT, quase não sobrou ninguém sequer pra compor a chapa. Apesar de todo esse aparato, foi um detalhe que tirou Brizola do caminho ao Planalto. O fato de Lula ter sido sorteado para figurar como primeiro da chapa.

A derrota, contudo, realçou ainda mais a grandeza de Brizola. Ele deixou orgulhosos seus compatriotas ao mostrar como é SABER PERDER. Reagiu com grandeza as seguidas derrotas para Lula e Collor, como deve fazer um estadista, comprometido com o destino do seu povo.

Continuou sua caminhada e reelegeu-se ao governo do Rio. Intensificou a implementação das escolas, criou a Linha Vermelha, inaugurou a adutora. Seu início de governo já superava o governo anterior. Veio, então, o golpe contra Collor e só Brizola ficou pra defendê-lo e essa foi a razão do seu desgaste político. Da mesma forma como foi quando deixou de fazer seu sucessor Darcy Ribeiro, por ter denunciado o Plano Cruzado.

O tempo passou e chegou a hora do sistema usar sua arma mais eficaz contra os sonhos dos brasileiros, fazer Lula Presidente. Pouco tempo de mandato e Brizola já estava desmascarando Lula e, com certeza, sua vez teria chegado.

Mas o último golpe tinha sido detonado e esse, definitivamente, abalou as estruturas do nosso grande líder. Dilma, plantada no PDT, depois de se beneficiar com a ocupação de cargos-chave na administração estadual gaúcha, deixou o partido, arrastando centenas de filiados.

Entre eles, o próprio filho de Brizola. Se não bastasse, o rebento, como se seguindo o script, se voltou contra o pai, inclusive duvidando da sua honorabilidade. Só depois do escândalo de José Dirceu, e sua relação com a Loteria estadual gaúcha, é que o menino percebeu a casca de banana que tinha pisado. Segundo, ele, houve tempo de pedir perdão ao pai.

Não fosse esse episódio, Lula não teria sido reeleito e o povo brasileiro teria encontrado seu caminho. E se tivemos o azar de ver Brizola lutando sozinho contra as feras, a situação foi repetida, porque não pudemos vê-lo governando ao lado de líderes vizinhos, amigos dos seu povos, como Chavez, Correia, Lugo, Evo, Cristina e Mujica.

28 de janeiro de 2012
Robert Silva

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