"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

OU O BRASIL ACABA COM O "CUSTO BRASÍLIA", OU...

O brasileiro fica duas vezes mais rico assim que cruza qualquer fronteira para fora do país.

O Jornal da Globo mostrou ontem que a febre das compras no exterior dos nossos turistas chegou a tal ponto que os aviões com rotas dos Estados Unidos para o Brasil tiveram até de alterar seus cálculos de autonomia e passar a carregar mais gasolina do que costumavam fazer antes para transportar o peso extra das bagagens que não para de crescer.

E eu aqui falando dessa fronteirazinha tênue entre o Brasil estatal e o Brasil privado que se sente no próprio esqueleto ao passar das estradas para as ruas de São Paulo!

Essa volúpia de compras do brasileiro no exterior é fenômeno do mesmo departamento. É a “nova classe media”, que tem o bolso muito mais raso que o dos brasileiros que costumavam viajar antes, experimentando pela primeira vez a fascinante experiência de viver sem ser roubada.

Chega lá fora e simplesmente não acredita nos preços sem o custo Brasília que encontra para os mesmos produtos que consome aqui.



Não é que se esbalda de comprar pra torrar o que não tem. Faz isso pra economizar.

Compra as passagens da família toda, paga o hotel, passeia socegado pelas ruas à noite, monta o guarda roupa de todos para o ano inteiro e, tudo somado, ainda sai mais barato do que fazer só as compras aqui.

Por que?

Pela mesma razão que um container vem do interior da China até o Porto de Santos por US$ 2 mil, e custa os mesmos US$ 2 mil para levá-lo do Porto de Santos até São Paulo, 80 quilômetros serra acima: porque lá não tem o custo Brasília.

A gente se acostumou a olhar pra este país coberto de carrapatos e não sentir arrepios. E como aqui até o mais miserável mendigo tem o seu privilegiosinho oficial concedido por algum desses patriotas que aparecem todos os dias no “horário eleitoral gratuito”, convém a todos acreditar quando o nosso presidente nos diz que “todo mundo é assim”.



Não é não.

A prova está na nossa cara mas aqui de dentro a gente não vê. Quando põe um pé lá fora é que a coisa bate.

E o resumo é o seguinte: não dá pra sustentar Brasília e, ao mesmo tempo, uma infraestrutura minimamente competitiva. As duas coisas juntas simplesmente não cabem naquele terço que Brasília toma a cada ano da sexta maior economia do mundo.

O imposto mais alto do mundo somado à pior infraestrutura do mundo - o custo Brasília – implica o massacre da industria nacional a que vimos assistindo. Mas como o custo Brasília é imexível porque sem ele não ha mamabilidade o jeito é aumentar o “custo Mundo” na marra tacando imposto nas importações e botando a Polícia Federal pra rebolar nos aeroportos confiscando a comprinha barata do aprendiz de classe média brasileiro.

Se você tem mais de 50 anos, já viu esse filme antes. Se não tem tome tento: ou o Brasil acaba com o custo Brasília, ou o custo Brasília acaba com o Brasil.

24 de fevereiro de 2012
vespeiro
by fernaslm

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