O carnaval do poder
Meses depois da renúncia, Jânio Quadros voltou da Europa e em 62 se candidatou a governador de São Paulo, com um slogan do saudoso deputado baiano, cassado em 64, João Doria: “A renúncia foi uma denúncia”.
Luís Lopes Coelho, presidente do Barzinho do Museu, em São Paulo, reuniu alguns intelectuais e jornalistas amigos, de São Paulo e do Rio, na casa dele, para uma conversa com Jânio: Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Mário Neme, Darwin Brandão, outros. Jânio estava alegre. Até que Darwin perguntou:
- Presidente, o senhor prometeu que, quando voltasse da Europa, denunciaria as “forças ocultas” que o levaram à renúncia. Quais foram?
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JANIO QUADROS
Jânio ficou furioso:
– Meu caro Darwin, não falei em “Forças ocultas”, mas em “Forças terríveis”! É o que disse. E mantenho. Forças muito poderosas!
Revirou os olhos e se calou. Pegou o uísque, levantou-se, chamou Paulo Mendes Campos a um canto:
– Meu caro Paulinho, quero dizer-te uma coisa. Não é fácil renunciar a tanto poder. O presidente, neste País, meu caro Paulinho, é um rei. Fui um reizinho! Um reizinho, Paulinho, tu o sabes!
A reunião acabou. Sobre renúncia, nada. Nunca. Morreu sem explicar.
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HELIO DUQUE
Cada poder tem seus carnavais. O de Lula era criar pomposas mentiras, que os jornalões e TVs, cevados por inconfessáveis verbas de propaganda, repercutiam. O professor Helio Duque, doutor em Ciências Econômicas e ex-deputado do MDB e PMDB do Paraná, denunciava em março de 2011:
1. – “Massacrantemente jornais, televisões, rádios e figuras públicas veem festejando o surgimento da “nova classe média”. No apogeu do totalitarismo nazista o ministro da Propaganda dizia que a mentira repetida torna-se verdade. Aqui não é diferente. O aparelhamento dos órgãos de pesquisa sócioeconômica estatais, aliado ao silêncio da universidade por motivação ideológica, agregado ao despreparo da oposição política em questionar com competência, criou-se um mito que não se sustenta”.
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JESSÉ SOUZA
2. – “Felizmente, nesse cenário de engajamento militante no “nunca antes na história desse país”, o sociólogo e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Jessé Souza, resolveu desmistificar o mito. Coordenador-geral do Centro de Pesquisas sobre Desigualdade Social daquela universidade e autor do livro Os Batalhadores Brasileiros, considera equívoco mortal falar em “nova classe média no Brasil”.
“Em verdade, o que vem surgindo é uma classe social diferente, que chama de “batalhadores”. A ascensão social de 30 milhões de brasileiros nos últimos anos é importante, mas está muito distante essa classe de “batalhadores” de ser classificada sociologicamente de “classe média”.
O sociólogo é objetivo: “A classe média é uma das classes dominantes em sociedades como a brasileira porque é constituída pelo acesso privilegiado a um recurso escasso de extrema importância: o capital cultural. Seja sob a forma de capital cultural técnico, como tropa de choque do capital (advogados, engenheiros, economistas, administradores, médicos, etc.), seja pelo capital cultural literário (professores, jornalistas, publicitários, etc.), esse tipo de conhecimento é fundamental. Tanto a remuneração quanto o prestígio social são consideráveis.”
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“BATALHADORES”
3. – Ao negar o conceito de nova classe média, o professor Jessé Souza, que é também livre docente em sociologia pela Universidade de Heidelberg (Alemanha), enaltece a ascensão social dos “batalhadores”:
“A vida deles é marcada pela ausência de privilégios de nascimento que caracterizam as classes médias e altas. Os “batalhadores”, em sua esmagadora maioria, precisam começar a trabalhar cedo e estudam em escolas públicas de baixa qualidade. Compensam a falta de capital cultural e econômico com esforço pessoal, dupla jornada e aceitação de todo tipo de super exploração de mão de obra. Precisam matar um leão por dia.”
Sebastião Nery
10 de março de 2012
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
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