"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 18 de abril de 2012

CABRAL PROMOVE ILUSIONISMO PARA SE DESCOLAR DE DONO DA DELTA E PLANALTO TENTA IMPEDIR CPI DO CACHOEIRA


Ou “não são mais aquelas” as relações de Sérgio Cabral Filho com o empreiteiro Fernando Cavendish, ou o governador do Rio de Janeiro resolveu mesmo apelar para o ilusionismo para tentar esconder quais são suas verdadeiras relações com o dono da Delta Construções. Sua como inacreditável piada a notícia de que Cabral escalou seu super-secretário Régis Fichtner para comanda uma comissão de sindicância que fará uma auditoria nos contratos firmados entre a construtora e administração do RJ.

A tática de Cabral – tentando se deslocar dos negócios com Cavendish - obedece a uma estratégia desesperada do governo federal para esvaziar a quase certa CPI do Cachoeira. Já é público e notório que a Delta tem negócios com o bicheiro goiano que operava como um “padrinho” de pelo menos 15 senadores e uns três governadores) em lobbies para obras superfaturadas que pagariam “mensalões” aos políticos. Com quase 300 contratos em 23 estados e as principais obras do PAC, a Delta é apontada pelo relatório da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, como autora de um repasse de pelo menos R$ 39 milhões para empresas de fachada ligadas ao contraventor Carlinhos Cachoeira.

Pensando que iria dizimar adversários e aliados inconvenientes (sobretudo os do PMDB), o chefão Lula da Silva atropelou Dilma Rousseff e mandou a base petralha acelerar a criação da CPI que agora o governo descobriu ser “inconveniente” para todo mundo. $talinácio devia saber que seu “amigo” Cabral é quem teria mais a perder se Fernando Cavendish acabasse enrolado nas escaramuças da CPI do Cachoeira. Em 2010, ano em que foi reeleito, a Delta recebeu do governo do RJ R$ 554,8 milhões – sendo R 127,3 milhões (22%) em contratos sem licitação. Em 2011, a Delta faturou R$ 358,5 milhões – dos quais R$ 72,7 milhões não passaram por concorrência pública.

Até os aliados já começam também a tentar de descolar de Cabral. Vide o filho de Jorge Picciani – ex-poderoso presidente da Assembléia Legislativa do RJ. O deputado Leonardo Picciani (PMDB) denunciou ontem uma manobra da Delta que rendeu a perda do contrato, em 2009, para construção de 580 casas populares em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). Segundo Picciani, a empreiteira venceu a licitação com preço mais baixo. Porém, na hora de executar a obra, utilizou a velha, manjada e malandra jogada de pedir um aditamento (aumento de valor no) contrato de 87% - quando a lei só permite uma revisão de 25% nos preço. A família Picciani atacando um “amigo” de Cabral é sintoma de que o governador enfrentará problemas mais graves – se a operação abafa da CPI do Cachoeira não der certo.

Cabral tem outro problema concreto. O Conselho Superior do Ministério Público tem tudo para anular a decisão do procurador-geral de Justiça do RJ, Cláudio Lopes, que arquivou uma investigação do MP sobre supostas irregularidades na relação entre o governador Sérgio Cabral e os empresários Fernando Cavendish e Eike Batista. A investigação foi gerada pela trágica viagem de Cabral ao sul da Bahia, em 17 de junho do ano passado, usando, emprestado, um jatinho de Eike para ir à festa de aniversário de Cavendish. O caso passaria despercebido se um helicóptero não tivesse caído em Porto Seguro, matando sete convidados.
Pegando muito malFernando Cavensich, amigo de Cabral, será alvo fácil se a CPI do Cachoeira vingar.

Em conversa - ilegalmente gravada - em dezembro de 2009, o dono da Delta Construções S/A, Fernando Cavendish, afirma que é possível ganhar contratos com o poder público subornando políticos:

"Se eu botar 30 milhões [de reais] na mão de político, eu sou convidado pra coisa pra caralho. Se eu botasse dez pau que seja na mão dele... Dez pau? Ah... Não é que seja um monte de dinheiro não, mas eu ia ganhar negócio. Ô... Estou sendo muito sincero com vocês: 6 milhões aqui, eu ia ser convidado. 'Ô senador fulano de tal, tá aqui. Se convidar, eu boto o dinheiro na tua mão'".

A gravação foi publicada no blog Quid Novi, do jornalista Mino Pedrosa, que já trabalhou para Cachoeira.

18 de abril de 2012
jorge serrão

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