"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 19 de abril de 2012

EFEITOS ESPECIAIS


Está delicioso ver Neymar jogar. Ele percebeu o quanto é capaz de driblar, de todos os jeitos, até o gol. Une a brincadeira e a fantasia com a técnica e a eficiência. Os efeitos especiais são variados, numerosos e cada dia mais bonitos. Um show! Nem Steven Spielberg seria capaz de tanto.
Se Neymar driblar do mesmo jeito, com a mesma frequência e objetividade, contra os melhores times e seleções do mundo, estará sempre entre os três melhores do planeta. Por isso e porque quer melhorar o futebol brasileiro, Muricy, insistentemente, tem pedido intercâmbio entre os grandes do Brasil e da Europa. Estamos isolados.


Bastaria mudar o calendário e diminuir os Estaduais. Isso não vai ocorrer. Os dirigentes, provincianos e politiqueiros, não estão nem aí para a qualidade do futebol.
Faltam mais discussões sobre o calendário, sobre os gramados, sobre os aspectos técnicos, táticos, científicos e psicológicos e sobre muitas outras coisas. Por outro lado, há um excesso de conversas inúteis, de briguinhas e de fofocas, que teimam em atrasar o nosso futebol.
A discussão atual é saber quem será o vice-presidente da CBF da região Sudeste: Zagallo, do Rio, ou Marco Polo del Nero, de São Paulo. Disputa inútil.


Coisas diferentes. Quando critico a falta de mais craques e a maneira de jogar do futebol brasileiro, não quero dizer que está uma porcaria, no fundo do poço. Há coisas boas, Neymar e várias promessas. Mas é preciso rever conceitos e mudar a formação dos jogadores.
Escutei, por várias vezes, os técnicos brasileiros reclamarem de que, quando escalam três zagueiros, os críticos falam que é uma postura ultrapassada e, quando Guardiola faz isso, o que tem sido frequente, ele é bastante elogiado.


São coisas diferentes. Guardiola põe três zagueiros para o time ficar mais ofensivo. Troca um dos quatro defensores por mais um jogador do meio para frente. No Brasil, fazem o contrário. Trocam um meia ou um atacante por mais um defensor. No Barcelona, quando se joga dessa forma, não há laterais ou alas, e, sim, pontas, atacantes bem abertos. No Brasil, são laterais ou alas, marcadores que, quando avançam, não têm habilidade de um atacante.


Prefiro o Barcelona com quatro defensores (dois zagueiros e dois laterais), ainda mais fora de casa, contra o Chelsea. O Barcelona tem também problemas. Há poucos reservas no nível dos titulares. Falta mais um excelente atacante. O time envolve o adversário, mas depende demais de Messi.


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EXPLICAÇÕES

Para tentar ser mais claro, na última coluna, quis dizer que Zagallo convocou Dario para a Copa de 1970 porque o jogador merecia, e não porque o ditador Médici pediu ou ordenou. Um leitor entendeu o contrário.


Na semana passada, alguns jornais do Rio e de São Paulo publicaram matérias sobre o livro que escrevi, “A Perfeição Não Existe”. Um leitor perguntou se eu não iria lançar o livro em BH, e outro reclamou que eu fiz o lançamento fora, e não aqui. Não fiz em lugar nenhum. Obviamente, se fizesse, seria, também, em Belo Horizonte.


É uma seleção de minhas crônicas nos últimos dez anos. O título é o de uma crônica sobre a seleção de 1970, que foi espetacular, mas não foi perfeita. Nada é.
(Transcrito do jornal O Tempo)
19 de abril de 2012

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