"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 12 de maio de 2012

DEUS E O UNIVERSO, NA VISÃO DA ASTROFÍSICA

Tenho certa dificuldade em concordar com dogmas, inclusive o de que a Biblia judaica e cristã é a palavra de Deus. Seus registros e palavras são de segunda mão. O mesmo pode ser dito em relação ao hadith do islamismo. Dizem as escrituras, lá na paisagem ensanguentada do Velho Testamento, que Deus criou o mundo em 6 dias e que descansou no sétimo. E condenou humanos a serem sobre-humanos, sob pena de morte e tortura.

O problema é que as escrituras foram escritas por homens profundamente ignorantes.
O mundo está sendo criado. Nós desapareceremos e continuará a ser criado, sem essa de sete dias. O rádio telescópio espacial Hubble, orbitando 370 milhas (apenas 600 km) sobre a Terra, mostrou aos humanos um dos maiores shows que o universo já encenou, ou seja, galáxias não estão estáticas, mas se movem, colidem umas com as outras, mudam de forma, se canibalizam mutuamente, num verdadeiro inferno cósmico, o que é uma profunda revolução no pensamento e no conhecimento humano.

Foi isso que as conclusões dos exames das fotos da radio-sonda Hubble mostraram em 1997 no Cornegie Observatoires em Pasadena, Calif. Corpos celestes que se locomovem em verdadeiros times ou esquadrões de 60, 70 bilhões de estrelas, gás e poeira que fervilham no universo como bóias de luz em um mar escuro. Galáxias não são as estruturas estáticas que se pensava que fossem. Ovos de estrelas que estão sendo chocados no Cosmo subitamente dão origem a uma super-nova. Criação em progresso.

Poderíamos dizer que o que se pensa ser uma orgia cósmica, corporificada pela colisão das galáxias, nada mais é que uma cópula cósmica que dá origem a novas estrelas, quando a natureza não aborta.
E a Hubble não só fotografou o cometa Shoemaker-Levy mergulhando e explodindo em Júpiter em 1994, como também muito mais longe, bem mais longe, um outro acontecimento cósmico, uma chamada singularidade cósmica, o buraco negro bem no centro da galáxia M87, a nossa galáxia vizinha. E lentes de contato colocadas na Hubble por dois astronautas fizeram-na “enxergar” ainda mais distante, o que parece uma ficção científica: gigantescos buracos-negros que engolem tudo o que se aproxima, desde estrelas a planetas e toda matéria cósmica.

O Universo continua sendo criado. Ele está até ficando maior do que Edwin Hubble imaginava, e as galáxias mais separadas. Existem, no entanto, galáxias tão perto umas das outras que podem caminhar juntas, ou simplesmente colidir. A nossa própria Via Láctea corre esse risco de colisão com uma galáxia anã chamada Sagitárius. Mas isto daqui a 200 milhões de anos.

Não existe espaço vazio no Universo, conforme a descoberta do astrônomo Hubble. Não há um extra-espaço. Sabe-se agora que nenhuma lei da física funciona além do buraco-negro. Especula-se, no entanto, que um buraco-negro é um objeto com a massa de 3 bilhões a 5 bilhões de sóis. E produz quasares, que são trilhões de sóis comprimidos.

É por isso que não consigo me interessar por Moisés e seu minúsculo e ridículo arbusto em chamas. Depois que dediquei algum esforço para estudar as impressionantes fotografias do telescópio Hubble, dei de cara com coisas muito mais espantosas, misteriosas e belas, caóticas, esmagadoras e trágicas do que qualquer historieta da criação ou do Apocalipse.

As religiões são criações de um passado de ignorância. Suas alegações metafísicas são inteiramente falsas. Conforme declaram Richard Dawkins e Christopher Hithens, a religião envenena tudo, inclusive nossa capacidade de discernimento.

12 de maio de 2012
Paulo Solon

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