"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 26 de maio de 2012

OUTRAS DOENÇAS DA MODA

Fibromialgia, disfunções do sono, sonolência excessiva e insônia que é depressão
Hoje em dia, ninguém fica mais triste, é rotulado como paciente de depressão e tem de tomar remédio, às vezes pelo resto da vida. No artigo anterior, Martha Rosenberg fez um impressionante relato dos esforços da indústria farmacêutica para vender os medicamentos contra depressão e contra a nova “doença” chamada Déficit de Atenção com Hiperatividade (DDAH), que decididamente já entrou em moda.
Conheça agora outras “doenças” que concentram os milionários investimentos em marketing feitos pelos laboratórios multinacionais, para vender cada vez mais remédios.

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AS DOENÇAS DO MARKETING
Martha Rosenberg (site AlterNet | Tradução: Daniela Frabasile)

Artrite Reumatóide – A AR é uma doença séria e perigosa. Mas os supressores do sistema imunológico que a indústria farmacêutica oferece como alternativa – Remicade, Enbrel, Humira e outros – também são. Enquanto a AR ataca os tecidos do corpo, levando à inflamação das articulações, tecidos adjacentes e órgãos, os supressores imunológicos podem abrir uma brecha para câncer, infecções letais e tuberculose.

Em 2008, a agência norte-americana para alimentação e medicamentos (FDA) anunciou que 45 pessoas que tomavam Humira, Enbrel, Humicade e Cimzia morreram por doenças causadas por fungos, e investigou a relação do Humira com linfoma, leucemia e melanoma em crianças. Esse ano, a FDA avisou que as drogas podedm causar “um raro tipo de câncer nas células sanguíneas brancas” em jovens, e o Journal of the American Medical Association (JAMA) advertiu o aparecimento de “infecções potencialmente fatais por legionela e listeria”.

Medicamentos que suprem o sistema imunológico também são perigosos para os bolsos. Uma injeção de Remicade pode custar US$ 2.500; o suprimento de um mês de Enbrel custa US$ 1.500; o custo anual do Humira é de US$ 20 mil.

Há alguns anos, a AR era diagnosticada com base na presença do “fator reumatóide” e inflamações. Mas, graças ao marketing guiado pela oferta da indústria farmacêutica, bastam hoje, para o diagnóstico, enrijecimento e dor. (Atletas e pessoas que nasceram entes de 1970, entrem na fila, por favor).

Além do espaço de manobra para o diagnóstico e um bom nome, a AR possui outros requisitos das doenças campeãs de vendas. “Só vai piorar” se não for tratada, diz WebMD, e é frequentemente “subdiagnosticada” e pouco relatada, diz Heather Mason, da Abbott, porque “as pessoas costumam não saber o que têm, por algum tempo”.

Uma doença tão perigosa que o tratamento custa US$ 20 mil por ano, mas que é tão súbita que você pode não saber que tem? AR desponta como uma doença da moda.

Fibromialgia – Outra doença pouco relatada é a fibromialgia, caracterizada dores generalizadas e inexplicadas no corpo. Fibromialgia é “quase a definição de uma necessidade médica não atendida”, diz Ian Read, da Pfizer, que fabrica a primeira droga aprovada para fibromialgia, o medicamento anticonvulsivo Lyrica.

A Pfizer doou US$ 2,1 milhões a grupos sem fins lucrativos em 2008 para “educar” médicos sobre a fibromialgia e financiou anúncios de serviço da indústria farmacêutica que descreviam os sintomas e citavam a droga. Hoje, a Lyrica lucra US$ 3 bilhões por ano.

Mesmo assim, a Lyrica concorre com Cymbalta, o primeiro antidepressivo aprovado para fibromialgia. A Eli Lilly propôs o uso de Cymbalta para a “dor” física da depressão, em uma campanha chamada “depressão machuca” antes da aprovação do tratamento para fibromialgia. O tratamento de pacientes com fibromialgia com Lyrica ou Cymbalta custa cerca de US$10 mil, segundo diários médicos.

A indústria farmacêutica e Wall Street podem estar felizes com os medicamentos para fibromialgia, mas os pacientes não. No site de avaliação de medicamentos,askapatient.com, pacientes que usam Cymbalta relatam calafrios, problemas maxilares, “pings” elétricos em seus cérebros, e problemas nos olhos.

Nesse ano, quatro pacientes relataram a vontade de se matar, um efeito colateral frequente do Cymbalta. Usuários de Lyrica relatam no askapatient perda de memória, confusão, ganho extremo de peso, queda de cabelo, capacidade de dirigir automóveis comprometida, desorientação, espasmos e outros ainda piores. Alguns pacientes tomam os dois medicamentos.

Disfunções do sono – Disfunções do sono são uma mina de ouro para os laboratórios porque todo mundo dorme – ou assiste TV, quando não consegue. Para agitar o mercado de insônia, as corporações criaram subcategorias de insônia, como crônica, aguda, transitória, inicial, de início tardio, causada pela menopausa, e a grande categoria de sono não reparador.

Nesse outono [primavera no hemisfério Sul], apareceu uma nova versão do Ambien para insônia “no meio da noite”, chamado Intermezzo – ainda que Ambien seja, paradoxalmente, indutor de momentos conscientes durante o sono. As pessoas “acordam” em um blackout do Ambien e andam, falam, dirigem, fazem ligações e comem.

Muitos ficaram sabendo desse efeito do Ambien quando Patrick Kennedy, ex-parlamentar de Rhode Island, dirigiu até Capitol Hill para “votar” às 2h45min da manhã em 2006, sob efeito do remédio, e bateu seu Mustang. Mas foi comer sob o efeito do Ambien que trouxe a pior discussão sobre o medicamento. Pessoas em forma acordavam no meio de montanhas de embalagens de pizza, salgadinhos e sorvete – cujo conteúdo tinha sido comido pelos seus “gêmeos maus”, criados pelo remédio.

Sonolência excessiva (e transtorno do sono por turno de trabalho) – Não é preciso dizer: pessoas com insônia não estarão com os olhos brilhando e coradas no dia seguinte – tanto faz se elas não tiverem dormido, ou se tiverem, em seu corpo, resíduos de medicamentos para dormir. Na verdade, essas pessoas estão sofrendo da pouco reconhecida e pouco relatada epidemia da Sonolência Excessiva durante o Dia. As principais causas da SED são apnéia do sono e narcolepsia.

Mas no ano passado, as corporações farmacêuticas sugeriram uma causa relacionada ao estilo de vida: “Transtorno do sono por turno de trabalho”. Anúncios de Provigil, um estimulante que trata SED, junto com Nuvigil, mostram um juiz vestindo um roupão preto, no trabalho, com a frase “lutando para combater o nevoeiro?”.

Obviamente, agentes estimulantes contribuem com a insônia, que contribui com problemas de sonolência durante o dia, em um tipo de ciclo farmacêutico perpétuo. De fato, o hábito de tomar medicamentos para insônia e para ficar alerta é tão comum que ameaça a criação de um novo significado para “AA” – Adderal e Ambien.

Insônia que é depressão – Disfunções do sono também deram nova vida aos antidepressivos. Médicos agora prescrevem mais antidepressivos para insônia que medicamentos para insônia, de acordo com a CNN. É também comum que eles combinem os dois, já que “insônia e depressão frequentemente ocorrem conjuntamente, mas não fica claro qual é a causa e qual é o sintoma”.
WebMD concorda com o uso das duas drogas. “Pacientes deprimidos com insônia que são tratados com antidepressivos e remédios para dormir se saem melhor que aqueles tratados apenas com antidepressivos”, escreve.

De fato, muitas das novas doenças de massa, desde DDAH em adultos e AR até fibromialgia são tratadas com medicamentos novos junto com outros que já existiam e que não estão funcionando. É uma invenção das corporações farmacêuticas. Isso lembra do dono de loja que diz “eu sei que 50% da minha propaganda é desperdiçada – só não sei qual 50%”.

Martha Rosenberg (site AlterNet | Tradução: Daniela Frabasile)

Martha Rosenberg escreve sobre o impacto das indústrias farmacêuticas, alimentícias e de armamentos na saúde pública.
> http://www.outraspalavras.net/2011/12/16/as-doencas-que-mais-venderao…

Ministro do Supremo acusa Lula de tentar cooptá-lo no caso do Mensalão

O sempre atento comentarista Francisco Bendl nos chama atenção para esse empolgante assunto, que surgiu na revista Veja, já passou para os jornais e começa a inundar a internet.

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LULA, MENDES E O MENSALÃO

A edição desta semana da revista Veja descreve um encontro no qual o ex-presidente Lula teria tentado cooptar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao plano alimentado por petistas de adiar o julgamento do Mensalão, previsto para o segundo semestre.

A conversa teria ocorrido há um mês, no escritório do ex-presidente do STF e ex-ministro da Justiça Nelson Jobim. Mendes e Jobim confirmaram o episódio à revista.

Com o adiamento do julgamento, muitos crimes prescreveriam e as eleições deste ano transcorreriam sem ser atingidas pelos estilhaços do julgamento dos 36 réus do mensalão. Na conversa, Lula teria deixado clara a intenção de agir junto a outros ministros do STF, como Cármen Lúcia e Ayres Britto.

Além disso, no que teria sido o momento de maior constrangimento da reunião, teria, segundo a revista, oferecido proteção a Mendes na CPI do Cachoeira, cuja instalação foi municiada por petistas.
O que levaria Mendes a precisar ser poupado das investigações da comissão que envolvem o bicheiro Carlinhos Cachoeira e seus tentáculos no poder seria uma viagem a Berlim, em função de boatos de que o ministro e o senador Demóstenes Torres teriam viajado à Alemanha com financiamento do contraventor. O ministro teria confirmado a Lula o encontro com Demóstenes em Berlim, mas garantido que pagou tudo de seu bolso.

— Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula — disse Mendes à Veja.

Lula também teria dito que usaria amigos para intermediar o assunto com Carmen Lúcia e Ayres Britto. E teria admitido ao ministro Mendes: “Zé Dirceu está desesperado”. Dirceu é um dos principais réus do mensalão. Segundo a Veja, Mendes teria relatado a conversa com Lula a dois senadores, ao procurador-geral da República e ao advogado-geral da União.

(Transcrito do jornal Zero Hora)

A Primavera Árabe pode se transformar num Inverno islamita


É interessante o noticiário das TVs e até de alguns jornais e revistas sobre as eleições presidenciais no Egito. Os repórteres comportam-se como se o país subitamente tivesse se transformado numa democracia exemplar. As informações que passam são festivas e superficiais, não descem a detalhes sobre a gravíssima situação econômica e social do país, que está sob risco de retrocesso político-institucional.

Na verdade, a primeira eleição presidencial livre (?) no Egito está sendo disputada está entre dois candidatos islamistas e dois seculares com passado ligado ao ditador Hosni Mubarak.

Mas as pesquisas são consideradas pouco confiáveis e ninguém arrisca uma previsão. O repórter Marcelo Ninio, da Folha de S. Paulo, diz que a incerteza é tamanha que um analista do jornal estatal “Al Ahram” apelou para a astrologia, que tem uma longa tradição no Egito.

“Segundo ele, os astros indicam que os finalistas serão Amr Moussa, ex-chanceler de Mubarak (1991-2001), e Abdel Aboul Foutouh, islamita independente considerado moderado. Ambos são librianos. O futurólogo lembra, porém, que a balança também é o símbolo do partido Liberdade e Justiça, da Irmandade Muçulmana”, diz o repórter da Folha.

É aí que mora o perigo. Pela força das urnas, a tão proclamada Primavera Árabe pode se transformar num Inverno Islamita. Os partidos religiosos, que tentam subordinar a política ao misticismo, ganharam a eleição parlamentar no Egito. Portanto, o mais provável é que ganhem a também a eleição presidencial. A situação não é diferente nos outros países árabes. Que Alá nos proteja dos muçulmanos radicais.

26 de maio de 2012
Carlos Newton

Charge do Duke (O Tempo)



Cabral pretende tirar triênios do funcionalismo



Com o objetivo de desviar as acusações por seu envolvimento com a Delta, o corrupto desgovernador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin 4.782), no Supremo Tribunal Federal (STF), em que questiona o pagamento de gratificação de adicional por tempo tempo de serviço (triênios) sobre o valor dos vencimentos dos servidores públicos civis, previsto no Estatuto dos Servidores Civis do Estado. Militares foram excluídos por terem regras próprias na carreira.

Neste domingo, a partir das 10h, os servidores públicos civis irão realizar um Ato de protesto contra Sérgio Cabral, na praia de Copacabana, em frente ao Copacabana Palace, no sentido de chamar à atenção da população para mais este ato ilegal do governador, que a Constituição não permite.
Vale ressaltar que, “na Adin (4.782) , Cabral defendeu que o governo deseja criar novos planos de cargos e salários para as várias categorias, mas que a intenção é implementar a progressão remuneratória atrelada ao cumprimento de metas e objetivos. Mas a Constituição Estadual não permitiria a mudança legal”.

Para isso, o governador pediu que o STF declare a “inconstitucionalidade formal e material” do Artigo 83, Inciso IX, da Constituição Estadual.
Entretanto, o procurador do estado, Bruno Mesquita, explicou que “se o STF considerar que o artigo é inconstitucional, os servidores (ativos e aposentados) e as pensionistas não terão redução nos seus vencimentos”.

Ele argumentou que a Adin tem como objetivo “desengessar o legislador, para que o mesmo fique livre para fazer aquilo que achar melhor em uma futura implementação de um novo plano de carreira”. A rubrica “triênio” poderia ser substituída por outro nome.

Engenheiros brasileiros tentam evitar a invasão de profissionais europeus


Desta vez a eleição da presidência do tradicional e histórico Clube de Engenharia está motivando acirrados debates que mobilizam a categoria profissional. Uma das chapas que disputam a eleição, encabeçada por Eduardo Konig, Bernardo Griner e Fernando Tourinho, chama atenção para um grave problema que volta a se verificar no país – a tentativa de abrir o mercado a profissionais de outros países.

Na verdade, a crise na Europa está fazendo com que engenheiros portugueses e de outras nacionalidades venham para o Brasil tentar novas oportunidades. O problema fica maior quando se constata um movimento nos bastidores, visando que o plenário do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) aprove um acordo de flexibilização para a entrada desses profissionais no Brasil.

“Na realidade trata-se não de uma flexibilização, mas sim de uma abertura do nosso mercado de forma sumária, que permitirá que engenheiros estrangeiros de todas as modalidades ingressem no Brasil sem necessidade de revalidação de diploma e análise de grade curricular, como atualmente ocorre, e passem a ocupar funções profissionais com um simples ‘visto temporário’ emitido pelos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia”, denuncia Eduardo Konig.

Para evitar que se concretizasse a ameaça, Konig enviou uma mensagem aos conselheiros do Confea, manifestando sua oposição à tal “flexibilização” , e publicou-a também no síte da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro. O plenário do Confea se sensibilizou com o problema e acabou rejeitando uma proposta que visava essa “flexibilização” para os engenheiros portugueses.

Não é a primeira vez que isso acontece. Quando houve a tentativa de importação de engenheiros chineses para a montagem da coqueria da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), esses engenheiros que agora disputam a presidência do Clube de Engenharia foram à Brasília para garantir o mercado aos especialistas brasileiros.

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UMA AMEAÇA CONCRETA


Outras categorias profissionais enfrentam o mesmo problema. No caso dos médicos, por exemplo, a ameaça vem dos profissionais formados em Cuba, que não aceitam se submeter a testes de avaliação profissional no Brasil, conforme já denunciamos aqui no Blog da Tribuna.

Por coincidência, o secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, acaba de declarar que um projeto de lei sobre imigração, que tramita há três anos no Congresso, pode incluir mecanismos para estimular a entrada de mão de obra qualificada no Brasil.
Disse que o governo está estudando a inclusão de cláusulas (no projeto de lei 5.655/2009) para atender a carências que possam vir a ocorrer em função do crescimento econômico do país.

O Ministério do Trabalho e Emprego, por sua vez, já vem aumentando a concessão de vistos de trabalho para imigrantes. Segundo dados do Conselho Nacional de Imigração, ligado à pasta, em 2011 o Brasil concedeu 70.524 vistos de trabalho para estrangeiros.
O número representa um aumento de 22% em relação a 2010.

A maioria desses profissionais é do setor de petróleo e gás e da área de engenharia, segundo o presidente do Conselho, Paulo Sérgio de Almeida.
Portanto, todo cuidado é pouco.

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