"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 14 de agosto de 2012

ENTARDECER SEM SUSTOS

 

Façam chegar, a quem interessar possa ou responsável for, uma, vamos chamar de reivindicação que a necessidade do querer viver impõe. Trata-se de instalar computadores, Internet com banda estreita ou larga, em todos os asilos do Brasil.

No lugar de remédios, alguns inúteis (velhice não se diverte com química), ocupar a mente dos idosos com tudo aquilo que envolve o tempo atual, a informática que os deixassem “ligados” com o presente, não abandonados “celebrando” pactos com a solidão:
Internet, e com ela, Blogs, PPS, um teclado para comunicar-se, e confrontar-se com todo o conhecimento reunido no Google e similares.

Não só, mas a aprendizagem no campo da informática, além do lazer, seria uma das portas para que os idosos fugissem da frustração.

O órgão para o qual carrearam suas economias, e que eram para ser a garantia quando a vida entardecesse, transformou-se apenas em um pesadelo.
O INSS está roubando-lhes a metade da aposentadoria, os valores estão sendo distribuídos para as “patrióticas divindades”. Vamos proporcionar o mínimo, quase nada, abrindo aos idosos a possibilidade de ocupar a mente, o tempo e neutralizar as suas dores.

Voltariam como no passado, a ensinar os jovens que a saudação “BOM DIA” é o desejo que brota e inspira; O até logo exprime o desejo de um encontro brevemente; O até amanhã soando como o amanhã que desejamos fosse um interminável hoje.

Atualmente convivemos com o conceito de que asilo, (a maioria) tenha o nome do santo da sua preferência, passou a ser um mero “depósito” de velhos, a família fica aplacando a sua consciência, se auto-iludindo que o velhinho está sendo amparado.
Não imagina que o tédio aproxima o idoso do desgosto. Só visitando-os é que ficaremos sabendo o que é nojo, a criatura não tendo mais cuidado nenhum com a sua condição humana, contristado aguardando o definitivo entardecer.
Pouco, muito pouco, diria quase nada, comparado com o que roubam do povo, para dar a oportunidade ao idoso atualizar-se e entrar em sintonia com as suas necessidades: atividade física, atividade intelectual e cognitiva e até a dar valor à atividade social.
Não importa o grau de criatividade, a Internet seria uma das atividades para preencher o tempo, fazer uso da sabedoria e torná-lo participativo.

Parafraseando Oppenheimer: “O maior perigo da humanidade é o cientista alienado”. Uma das maiores desgraças de uma comunidade é deixar o idoso abandonado e as “empreiteiras e caixas dois eleitoral” casadas com os escárnios (e com que facilidade gera filhos).

Existe um Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, igual a outros Conselhos, todos elevados à categoria de Ministério, criados para abrigar companheiros que inconseqüentemente ficam praticando o esporte favorito dos brasilienses oficiais: O interminável blábláblá.

“A leitura após certa idade distrai excessivamente o espírito humano das suas reflexões criadoras. Todo homem que lê de mais e usa o cérebro de menos adquire a preguiça de pensar”. (Albert Einstein)

“Deve-se temer a velhice, porque ela nunca vem só. Bengalas são provas de idade e não de prudência”. (Platão)

Para neutralizar o entardecer, as bengalas dos idosos deveriam ser acompanhadas de computador, Internet, teclado e deixar que eles soubessem de muitas coisas, perdessem a preguiça de pensar; Compusessem e cantassem as suas odes de amor ao próximo, bendizendo o ar, a luz e sentirem-se criaturas amadas.

Pare erário público! Pare de alimentar as cachoeiras de deltas onde mensaleiros despreocupados se banham.

14 de agosto de 2012
Walter Marquart

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