"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

MENSALÃO: O MENOR DOS PROBLEMAS

 

A nação parece ter parado diante do mais novo sucesso da televisão: o julgamento do mensalão. Finalmente os atores do maior escândalo de corrupção "da história desse país" são reunidos para que se possa apurar os crimes que cometeram. Em êxtase midiático, a população parece lavar a alma, na certeza inocente de que a justiça será feita e os culpados serão condenados. Entretanto, há um quê de anormal neste processo...
Onde estão os caras pintadas que lotaram as ruas exigindo o impedimento de Collor? Nada se vê, nada se ouve. Nenhuma pressão, nenhum manifesto, nada. O silêncio retumbante da classe estudantil apenas confirma o óbvio: nossos estudantes são meros fantoches na mão do partido.
Parece mesmo que a nação parou mesmo pelos Jogos Olímpicos, e não para exigir que a lei seja cumprida no julgamento que acontece.
 
A verdade é que o tempo passou por demais. A hora do julgamento é tardia e o veredicto será estritamente ideológico. Os opositores nada fizera à época, quando deveriam ter extirpado do poder o molusco-mor da corrupção tupiniquim juntamente com seus comparsas.
Preferiu-se o silêncio à verdade ou seria o silêncio revelador da verdade, que mostrou cabalmente que não possuímos neste país qualquer ideologia partidária diferente da que nos governa?
A estranha atitude da "oposição" dos tucanos, democratas, etc, em não exigir em tempo a saída de Lula da presidência, corrobora para a certeza plena de que são todos laranjas podres de uma colheita maldita semeada pelo socialismo e seus diversos matizes. Votar, no Brasil, é mera formalidade.
A ideologia das diversas agremiações partidárias integrantes do pleito eleitoral é de uma homogeneidade desoladora.

Ademais, qual tipo de credibilidade merece o Supremo Tribunal Federal? Nossa Corte Suprema concedeu asilo político a um terrorista italiano, o caso Battisti, contrariando diretamente leis e tratados internacionais dos quais o país é signatário só para satisfazer os interesses da turma do 13!
 
Como acreditar em um tribunal que ignora completamente o próprio processo legislativo, criando jurisprudências que se transformam em leis, fagocitando para si as atribuições do Legislativo?
E que espécie de julgamento foi a questão da reserva indígena Raposa-Serra do Sol, onde não foram ouvidos os militares, conhecedor EFETIVOS daquela área, que os meritíssimos semi-deuses sequer sabem onde fica?
 Que dizer do caso do aborto e das demandas por superdireitos dos homossexuais, onde o matiz religioso é ignorado como se fôssemos um país ateu, como se cristãos não fizessem parte da sociedade brasileira?
Ora, uma corte como essa não possui qualquer respingo de credibilidade e imparcialidade para julgar um caso como este do mensalão. E mesmo assim, tem gente que acredita... Vai entender...

Curioso é que o mensalão é uma das realizações mais chinfrim cometidos pelo partidão. Outras são muito piores. Nos últimos dez anos, mergulhamos em um poço fétido da lama revolucionária socialista, impiedosamente empurrada pelo gramscismo impregnado em todo o tecido social.
 
Nunca antes um processo de corrosão de valores foi tão acentuado como agora. Perdemos cada vez mais a nossa liberdade de portar uma arma, de criticar condutas que consideramos nefastas, enfim, de pensarmos diferente da cúpula do partido.
Somos assaltados com aviltantes impostos que deveriam garantir serviços básicos como segurança, saúde e educação e invariavelmente somos obrigados a recorrer à iniciativa privada para termos o que o Estado brasileiro deveria proporcionar, não porque seja sua obrigação, mas para justificar uma das cargas tributárias mais altas do mundo.

Os valores morais, familiares e religiosos estão sendo riscados do mapa, varridos como folhas de outono em uma rajada de vento, e ninguém se importa. A liberdade de imprensa permanece em constante risco, mercê das tentativas de se impor a ela um marco regulatório. Campanhas pela legalização do aborto e das drogas são outros indícios de que o verdadeiro mal que vem sendo feito no país (ainda no governo FHC), não é o mensalão ou a corrupção sistêmica de nossas instituições.
 
O verdadeiro mal é a destruição dos valores éticos e morais basilares de nossa sociedade que são promovidos diariamente pelos infindáveis ministérios e secretarias, criados para os apadrinhados políticos e programados para impor a vontade do partidão. E isto sem falar na partidarização da justiça e da unificação dos conceitos de Estado e Governo.

O mensalão não será julgado como deveria e isto já deveria ser uma preocupação alarmante para a população e, principalmente, para os ditos formadores de opinião, e isto é desconcertante. Muito mais desconcertante, porém, é saber que, perto das outras "conquistas", o mensalão é o menor dos nossos problemas..
 
16 de agosto de 2012
Lenilton Morato

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