"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 26 de outubro de 2012

ATENÇÃO AEROPORTOS! MENSALEIROS SE IMAGINAM PRESOS POLÍTICOS

 

Alguns foram presos políticos, agora são políticos presos por corrupção e formação de quadrilha num julgamento democrático num estado de direito. As duras penas começaram a cantar no lombo de quem fraudou e desviou dinheiro público em prol de uma cínica e ousada manobra de um projeto político de pepetuação no poder, comprando votos no parlamento. Agora todos são “vítimas”.



Alguns se consideram até perseguidos políticos. Só que o perseguidor agora é o rigor da lei que pune quadrilheiros e corruptos, sob o relato e atitude exemplar de Joaquim Barbosa e outros ministros do STF que condenaram a quadrilha que colocou em risco a paz social.

O operador do vergonhoso e cínico esquema, Marcos Valério, já foi condenado ao regime fechado, com pena de 40 anos e multa. Deveria, como fez Roberto Jefferson, colocar logo a boca no trombone e contar a história completa. Os outros mensaleiros já sabem que vem mais penas pesadas no lombo, onde o recolhimento ao cárcere parece inevitável.

Só que são presos comuns, neste caso todos são iguais perante a lei. É como disse o ministro Celso de Mello, a quadrilha do mensalão, a do colarinho branco, não difere das quadrilhas de traficantes do Rio e de uma perigosíssima facção criminosa de São Paulo. “Profanadores da República”, disse o insigne ministro

O veredicto final está prestes a ser dado. Manifestações em contrário, como em diferentes épocas do regime de excecão, agora não têm respaldo popular. O Supremo Tribunal Federal deu o novo tom na moralidade pública.
Que os políticos que ainda pretendam roubar o dinheiro público ponham suas barbas de molho e pensem duas vezes. A festa da corrupção e da impunidade acabou.
A cadeia e o uniforme de prisioneiro os aguarda.
O passado de ninguém, por mais virtuoso que tenha sido, não o exime dos crimes do presente. Cumpram-se a lei e as decisões do Supremo Tribunal Federal.

Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)

O general americano que queria derrubar Fidel a qualquer preço


“Heroi de guerra”, “hábil diplomata”, “mestre em planejamento”. Estes foram alguns dos elogios feitos pelo jornal New York Times em 1988 no obituário que dedicou ao general de quatro estrelas Lyman Lemnitzer, morto aos 89 anos.


Um plano diabólico contra Cuba…

Mas há um outro lado de Lemnitizer bem menos admirável. Lemnitzer foi chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, o posto mais poderoso da hierarquia militar americana. Ele estava neste cargo quando Kennedy assumiu a presidência, em 1961.

Lemnitizer desprezava Kennedy. Achava-o um fraco, uma presa fácil para os soviéticos na Guerra Fria. Ele o comparava a Neville Chamberlain, o premiê britânico que fracassou ao lidar com Hitler e acabou trocado por Churchill.

Lemnitizer temia que o comunismo triunfasse nos Estados Unidos. Para ele, programas sociais advogados por Kennedy eram passos perigosos rumo à socialização da economia. (É mais ou menos o que pensa Mitt Romney.)

Cuba, sob a órbita soviética, era uma ameaça enorme para o general. Então ele planejou uma ação que só se tornaria conhecida 40 anos depois, quando documentos secretos foram liberados.

Era a Operação Northwoods. Declarar guerra a Cuba era complicado interna e externamente. A invasão da Hungria pelos soviéticos, em 1956, estava fresca na memória do mundo. “Não podemos fazer de Cuba a nossa Hungria”, afirmava Kennedy.

Lemnitzer tinha uma saída. Com seus homens do Estado Maior, ele planejou um golpe perfeito. Os Estados Unidos realizariam uma série de atentados terroristas e os atribuiriam ao regime de Fidel Castro.

A base militar americana de Guantánamo seria atacada. Cubanos anticomunistas seriam mortos nos Estados Unidos. Um avião seria sequestrado e derrubado. Americanos morreriam, e assim estariam criadas as condições para uma guerra contra Cuba.
A opinião pública dos Estados Unidos clamaria por retaliação. E ficaria claro para o mundo que não se tratava de uma repetição da tragédia da Hungria.

Tudo isso é tema de um fascinante livro chamado “Body of Secrets”, Corpo de Segredos, do jornalista americano James Bamford. Foi Bamford quem descobriu os documentos nos arquivos dos serviços de inteligência americanos.

Não se sabe se o plano do general chegou até Kennedy. O que é certo é que ele foi passado para o secretário da defesa de Kennedy. O projeto foi, enfim, recusado. Ainda na gestão de Kennedy Lemnitzer foi afastado de sua posição. Pouco depois, ele assumiria o comando militar da Otan na Europa.

A descoberta do plano, quatro décadas depois de ser abortado, acabaria atiçando a imaginação dos adeptos da teoria conspiratória segundo a qual o 11 de Setembro foi tramado pelos próprios Estados Unidos.

Pessoalmente, entendo ser uma tolice essa teoria. Mas Lemnitizer, o “heroi de guerra” saudado pelo NY Times, acabaria passando para a história como um símbolo do jeito americano de ver o mundo e cuidar de seus interesses.

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