"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

ANTISSEMITISMO NA HUNGRIA. LÍDER DA EXTREMA-DIREITA PEDE LISTAS DE JUDEUS.

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Após declaração, revoltas e condenações foram lançadas contra o político (Reprodução/Internet)

Márton Gyöngyösi, líder do partido Jobbik, gera revolta ao pedir o rastreamento de judeus húngaros, considerados por ele uma ameaça à segurança nacional

Listas na Hungria têm uma terrível repercussão para os judeus do país. Quando o Estado foi invadido pelos nazistas, em março de 1944, eles usaram as listas de membros de comunidades judaicas para organizar um dos mais rápidos e mais eficientes episódios do Holocausto.

Com a assistência de autoridades húngaras e da força militar Gendarmerie, 430 mil judeus foram deportados para Auschwitz em poucas semanas, onde a maioria acabou morrendo. Em alguns dias, mais de mil pessoas por hora eram mortas cremadas ou nas câmaras de gás.

Então, quando Márton Gyöngyösi, líder do partido de extrema-direita Jobbik, pediu no Parlamento o rastreamento e a catalogação de judeus húngaros, classificados por ele como potencias riscos para a segurança da nação, revoltas e condenações foram lançadas contra o político.
 “Acho que agora é a hora de avaliar quantas pessoas de origem judaica existem aqui no país, e especialmente no Parlamento e no governo húngaro, que representam um risco para a segurança nacional da Hungria”, disse Márton.
Para ele, essa avaliação é necessária na medida em que a Hungria foi muito rápida em declarar seu apoio a Israel durante o recente conflito em Gaza.


A embaixada norte-americana mostrou-se preocupada com as declarações de Gyöngyösi no Parlamento, chamando suas palavras de "atrocidade e profundamente ofensivas".
A embaixada solicitou aos funcionários do mais alto escalão do governo húngaro que tomem providências "imediatas e severas" para condenar as palavras do político do Jobbik.

A oposição reagiu de uma forma mais espirituosa. Diversos membros do Parlamento usaram estrelas amarelas para se solidarizar com a comunidade judaica da Hungria, incluindo membros do grupo da esquerda liberal Coligação Democrática, que tem sido um dos defensores dos direitos das minorias, e Ujhelyi István, vice-presidente do Parlamento. Újhely disse que até onde sabe, não tem ascendência judaica, mas caso o Jobbik descubra essas raízes, ele terá orgulho delas.

Político tenta se retrair

Márton voltou atrás posteriormente e declarou que acreditava que apenas os judeus que têm cidadania húngara e israelense deveriam ser rastreados. “Peço desculpas aos meus compatriotas judeus pela minha declaração equivocada”, disse ele.

Dirigentes do Jobbik têm afirmado há anos que o partido não é antissemita e que saúda todos os húngaros que defendem seu país.
Contudo, no início do ano, outro membro do Parlamento ligado ao partido Jobbik causou indignação quando proferiu um longo discurso no Parlamento, revivendo o episódio onde os judeus assassinaram uma jovem cristã em 1882.
O discurso foi feito na véspera da festa judaica de Pessach (a Páscoa Judaica), que tem sido, ao longo da história, uma data em que sentimentos antijudaicos afloram.

03 de dezembro de 2012

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