"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

POLITICAMENTE VULNERÁVEL

 

O mau resultado da economia registrado pelos números divulgados na sexta-feira indica, no campo político, o esgotamento do marketing da imagem de gestora da presidente Dilma Rousseff, sem a indispensável contrapartida de realizações.

Até aqui eficiente para o eleitorado anestesiado pelo poder de consumo, a estratégia começa a perder viço político, diagnóstico reconhecido intramuros pelo próprio governo.

A anemia econômica desnuda a ineficiência gerencial que as aparências escondiam e exibe um governo sem foco e dispersivo, que age a reboque dos acontecimentos. A receita ideal para transmitir desconfiança e desestimular investidores.

Não por outra razão, a falta de confiança é explicitada na análise de cenário do Banco Central que procura explicar as más notícias.

No plano político, essa percepção produz efeito contrário: anima os atores da sucessão presidencial de 2014, antes intimidados pela popularidade da presidente, e que viam no declínio econômico uma hipótese tão remota quanto eficiente para a competitividade de suas candidaturas.

Por ser da base do governo, é a movimentação do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, que dá mais consistência a essa análise.

Embora ainda preso às cautelas adequadas a um aliado, ele vocaliza o diagnóstico de paralisia e o considera fator decisivo para sua disposição de concorrer em 2014.

No governo o clima é de emergência política. Repetindo seus rivais e adversários, a presidente Dilma avisou que 2013 será para mostrar serviço.

Pela primeira vez, está politicamente vulnerável.

03 de dezembro de 2012
João Bosco Rabello, O Estado de S.Paulo

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