"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

ROSA, A PODEROSA

 

MACEIÓ – Teotônio Vilela, nordestino de aço, largou a doença maligna entre os lençóis dos hospitais de São Paulo, pegou o avião, desceu em Maceió e entrou, como o peregrino da resistência democrática naqueles anos, na convenção do PMDB de Alagoas para escolher o deputado José Costa candidato da oposição ao governo do Estado, em 1982.


Teotônio e o fim do AI-5

Fez um discurso emocionante pela força do que dizia e, sobretudo, pela força da lição de luta que dava. No dia seguinte, Ulysses Guimarães presidente nacional do PMDB, José Costa candidato ao governo, José Moura candidato ao Senado, Gerardo Mourão ex-deputado, foram a Arapiraca para um grande comício no segundo maior colégio eleitoral de Alagoas.
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TEOTONIO

Na volta, no aeroporto de Maceió, encontraram-se com o senador Luís Cavalcanti, do PDS, “o major” como carinhosamente o chamavam os alagoanos, desde que foi governador. Luís Cavalcanti, conversando com a comitiva do PMDB, deu um depoimento para a História:

- “Não sei se vocês sabem. O fim dos Atos Institucionais começou na entrevista de Teotônio Vilela com o então presidente Geisel, quando Teotônio comunicou a Geisel que, embora senador da Arena, ia sair pelo País afora pregando o fim dos atos institucionais, o fim da ditadura, o começo da distensão, para a abertura democrática. Geisel ficou muito impressionado com os argumentos de Teotônio. Ele é um AI-cida”.

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OS FONSECA

Na escola aprendemos que Alagoas é a “Terra dos Marechais”. Deu quatro presidentes da República: três marechais, Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto e Hermes da Fonseca (este pela metade – nasceu no Rio Grande do Sul mas era alagoano) e Fernando Collor de Mello.

A Enciclopedia Britanica conta a fantástica historia dos Fonseca. 1. “O pai do primeiro (Deodoro) e avô do terceiro (Hermes) chamou-se Manuel Mendes da Fonseca Galvão e era primo dos marechais Rufino Enéias da Fonseca Galvão, visconde de Maracaju (1831-1909), o último ministro da Guerra da monarquia, e Antonio Enéias da Fonseca Galvão, barão do Rio Apa (1932-1895), ministro do Supremo Tribunal Militar”.

2. “Manuel da Fonseca Galvão, que passou a assinar-se somente Manuel Mendes da Fonseca (1785-1859), reformou-se em 1842, no posto de tenente-coronel. Do seu casamento com Rosa Maria Paulina Barros Cavalcanti, dita Rosa da Fonseca (802-1873), deixou numerosa prole, dez filhos, sendo oito homens, todos militares”. Esta Rosa é que é a poderosa.

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JANGOTE E CHIRU

3. – “Hermes Ernesto da Fonseca, militar brasileiro, nasceu em Alagoas AL (hoje Deodoro) a 11 de setembro de 1824 e faleceu no Rio de Janeiro a 7 de fevereiro de 1891. Veterano da Guerra do Paraguai, chegou ao mais alto posto do exército. Pai de Hermes Rodrigues da Fonseca e de João Severiano da Fonseca Hermes, dito Jangote (1858-1937), foi secretário-geral do governo provisório (1889-1890), deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro ao congresso constituinte (1890-1891), continuando a exercer o mandato durante toda a primeira legislatura (1891-1893).

Tabelião no Rio de Janeiro, voltou à Câmara dos Deputados no período de 1911-1915, quando desempenhou as funções de líder da maioria, no quatriênio da presidência do irmão. Hermes Rodrigues da Fonseca era pai de Mário Hermes da Fonseca (1880-1955), general, deputado federal pela Bahia em duas legislaturas (1912 a 1914), de 1915 a 1917) e de Euclides Hermes da Fonseca, dito Chiru (1885-1962), general do exército, que comandava o forte de Copacabana em 5 de julho de 1922”.

4.–“Severiano Martins da Fonseca, barão de Alagoas, militar, nasceu em Alagoas AL a 8 de novembro de 1825 e faleceu no Rio de Janeiro GB a 19 de março de 1889. Veterano da guerra do Paraguai, chegou ao mais alto posto da hierarquia militar. Foi ajudante-general do exército no penultimo gabinete monárquico, presidido por João Alfredo Correia de Oliveira (1888-1889). Pai do marechal Olímpio de Carvalho Fonseca (1857-1930) e do general Percílio de Carvalho Fonseca (1860-1911)”.

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III FLIMAR

Nesta gloriosa cidade dos Deodoro da Fonseca de Alagoas foi aberta anteontem a III FLIMAR (Festa Literaria Marechal Deodoro), sob o comando do brilhante jornalista e escritor Carlito Lima. Amanhã eu conto tudo.

03 de dezembro de 2012
Sebastião Nery

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