"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 11 de julho de 2012

A ESPERANÇA DE UM VÔO RASANTE

 
No domingo próximo passado, exatamente dia 1 de julho de 2012, vimos com, grande alegria e esperança, a ousadia de um piloto de nossa gloriosa Força Aérea Brasileira cruzar os ares em velocidade subsônica, em um voo rasante sobre o local em que se procedia a troca do pavilhão nacional. Foi um momento de muita apreensão e surpresa em que todos se extasiaram pela ousadia do piloto do Miraje que não se intimidou em executar manobra tão precisa e tecnicamente perfeita.

Vivemos um momento no qual se avolumam as ignomínias voltadas contra os militares, numa orquestração continuada gerada por frustrados e indignos brasileiros, alheios aos anseios de moralidade e ética vilipendiados e desprezados pelos que detêm o poder, na esperança de que conseguirão curvar as nossas espinhas diante de suas atitudes arbitrárias e autocráticas.

Há muito viemos falando sobre a necessidade de se ter uma atitude capaz de mostrar aos nossos detratores que não somos instrumentos descartáveis do contexto sócio-político e econômico do País, e que a direção dos nossos destinos não pode ser conduzida por vertentes ideológicas retrógradas, que só contribuem para diluir cada vez mais, os valores sagrados de nossa nacionalidade.

Creio que o Capitão que pilotava o Miraje não tinha a consciência de que, naquele momento em que cruzava os céus estava escrevendo uma página na história do Brasil, mostrando que o poder aéreo brasileiro, tão decantadamente referenciado como inoperante, tem, nas mãos de jovens pilotos, a capacidade de honrar o compromisso de defender a Pátria contra atitudes irresponsáveis e incoerentes de corruptos travestidos de bons administradores. Dilapidação do dinheiro público é a palavra de ordem rei-nante, como também o é a investida para a desmoralização da justiça e de seus julgadores. É contra tudo isso que o senhor, Capitão, mostrou com o seu gesto.

Não venham querer justificar equívocos de manobra para tentar explicar o que aconteceu. Todos nós sabemos que essa concepção não tem como prosperar. A verdade está no coração de cada um de nós e ela nos afirma estarmos com a razão. Acredite, senhor Capitão, que a Família Militar se sente gratificada e reconhecida pela coragem e o destemor com que se conduziu nesse evento. Todos estamos orgulhosos do senhor, pela atitude que exteriorizou, e que para nós, inativos, devolveu com autoridade, a “cusparada” que recebemos ao defender a nossa parte na história do nosso País. Embora o senhor não seja um representante do nosso Corpo de Fuzileiros Navais, inconscientemente mostrou ao Pais, e quem sabe ao mundo, que o lema por eles usado nuca foi tão real como agora com a sua atitude: Ad Sumus(Aqui estamos). Foi isso que o senhor passou a todos nós e que nos encheu de orgulho e admiração e que sempre será lembrado em todo dia 1 de julho, o dia em que sinalizamos e firmamos a nossa presença no cenário nacional.

Naturalmente que o senhor deve saber a repercussão do seu gesto sobre a sua carreira, mas existem coisas que estão muito acima de nós mesmos, membros que fomos e somos das Forças Armadas. Aqueles que ousarem prejudicá-lo em sua carreira são por todos nós conhecidos; seguramente irão responder, em suas vidas, pela pusilanimidade de seus julgamentos ante a indiferença das expectativas e anseios da Família Aeronáutica.

A Confederação Nacional da Família Militar – CONFAMIL se rejubila em cumprimentá-lo, efusivamente, pela insigne oportunidade de mostrar ao País que estamos presentes e que nos respeitem em nossos valores. O senhor será sempre muito carinhosamente recebido por todos nós, em qualquer momento de sua vida. Tenha sempre em mente, senhor Capitão, que a Força Aérea Brasileira é muito maior do que todos nós, e que a têmpera com que forja o caráter de cada um dos senhores é feita com o aço de suas espadas e não com a torpeza de um dissimulado e falso comportamento público. Uma última observação gostaria de fazer ao senhor, Capitão: toda vez que tiver a oportunidade de efetuar um voo rasante, o faça numa altitude mais baixa e com velocidade supersônica.

11 DE JULHO DE 2012
Waldemar da Mouta Campello Filho - Capitão-de-Mar-e-Guerra - Presidente da CONFAMIL -Coordenador do Sistema CONFAMIL.

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