"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A LISTA DOS 13 PEDIDOS NO ANO NOVO

 

Fim de ano, momento propício para passar a régua na lista de acontecimentos de 2012 e fazer o elenco de planos e desejos para 2013. O número 13 pode representar sorte para alguns e azar para outros. Mas, de qualquer forma, é um número cabalístico.



Então, aproveitando a coincidência numérica, enumerar 13 pedidos para o próximo ano, tendo em vista a política brasileira, parece apropriado:

O primeiro: nunca mais na história deste país, ouvir um político brasileiro falar que não sabia desse ou daquele escândalo de corrupção que o envolva direta ou indiretamente.

O segundo: nunca mais na história deste país, tomar conhecimento de casos de corrupção exclusivamente porque um caseiro, um porteiro, uma ex-mulher ferida ou uma assessora insatisfeita decidiu fazer uma denúncia.

O terceiro: nunca mais na história deste país, ter que ouvir que desvio de dinheiro público para caixa dois de campanha é mais ou menos grave do que para compra de votos de parlamentares no Congresso Nacional.

O quarto: nunca mais na história deste país, ouvir como justificativa para a corrupção argumentos do tipo “os outros sempre fizeram assim e nunca foram penalizados”.

O quinto: nunca mais na história deste país, ouvir um presidente da Câmara dos Deputados dizer que não descarta a possibilidade de dar abrigo político a quem foi condenado por um tribunal livre e democrático.

O sexto: nunca mais na história deste país, ter que entender que a violência e o crescimento do número de assassinatos são acontecimentos incontroláveis e imprevisíveis e que, por isso, a população continuará exposta.

O sétimo: nunca mais na história deste país, ter que entender que os desastres, inclusive a perda de vidas, causados pela chuva são fatalidades, embora aconteçam todos os anos e sempre nos mesmos lugares.

O oitavo: nunca mais na história deste país, ter que aceitar que a seca no Nordeste brasileiro e no Norte de Minas somente será resolvida com muitos recursos financeiros, o que o país e os Estados não têm.

O nono: nunca mais na história deste país, ouvir autoridades policiais afirmarem que o crescimento da violência contra a mulher é consequência natural da postura “mais moderna” adotada pelas próprias mulheres.

O décimo: nunca mais na história deste país, ter que aceitar que a miséria, em algumas regiões do país, mata mais do que uma guerra civil.

O décimo primeiro: nunca mais na história deste país, ter que assistir a famílias sendo destruídas pelo crack.

O décimo segundo: nunca mais na história deste país, ver centenas de pessoas morrendo no trânsito em função da irresponsabilidade e do uso de drogas.

O décimo terceiro: não ter que fazer a mesma lista no fim de 2013.

01 de janeiro de 2013
Carla Kreefft (O Tempo)

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