"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

BRINCADEIRINHA...

Dilma por certo estava brincando quando disse que a “pior parte” da crise “ficou para trás”

(Foto: Roberto Stuckert - PR)

Descompasso total – Iniciamos esta matéria pedindo licença aos nossos milhares de leitores diários para fazer referência a Carlos A. Sylvynho Lima, leitor do Rio de Janeiro e seguidor da nossa página no Facebook, o que muito nos honra, assim como todos os outros que diariamente estão conosco.

Lima quer saber por que o ucho.info concentra suas críticas no PT, “quando todos têm o rabo preso”. Aqui no ucho.info, como sabem os leitores, não se faz jornalismo de encomenda e muito menos se tergiversa. E quem erra mais recebe críticas na mesma proporção.

Passemos aos fatos para mostrar como o PT erra, principalmente por não combinar o discurso “interna corporis”. Quando a crise internacional de 2008, oriunda do solavanco gerado pelo subprime norte-americano, singrou os mares na direção do Brasil, Lula, então presidente, garantiu que o movimento por aqui chegaria como reles “marolinha”. Como o palavrório de Lula não merece qualquer crédito, já era sabido que a crise provocaria estragos em terras brasileiras, assim como fez em outras nações.

A crise ianque perdeu forças e foi imediatamente pela que até agora chacoalha a União Europeia e continua reverberando em todos os cantos do planeta. Dilma Rousseff, a presidente que quando candidata foi apresentada como garantia da continuidade, disse, meses atrás, que o Brasil estava blindado contra a crise. O que Dilma fez foi repetir a fala do ainda ministro da Fazenda, Guido Mantega, que tem perdido a guerra contra a inflação e já não tem nas mãos a rédea da economia nacional. E não se trata de crítica do ucho.info, mas da realidade constatada por números oficiais.

Nesta quinta-feira (24), Dilma Rousseff parece ter esquecido a tal da marolinha e a própria fala e afirmou, durante declaração à imprensa no Palácio do Planalto, que há uma “generalizada percepção” de que a “pior parte” da crise financeira que atingiu diversas economias do mundo “ficou para trás”.

Tal declaração foi feita após reunião da Cúpula Brasil-União Europeia, encontro que contou com a participação de José Manuel Durão Barroso (à esquerda na foto), presidente da Comissão Europeia, e Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu.

“Tanto nesta cúpula quanto na edição anterior, em Bruxelas, as perspectivas da economia internacional ocuparam uma parte da nossa agenda. O fato é que nós pudemos ouvir hoje entre nós uma avaliação melhor do que naquele momento, tanto do ponto de vista das perspectivas das economias americana, chinesa, e também a própria evolução da situação econômica da União Europeia, onde há uma generalizada percepção que a pior parte ficou para trás”, afirmou Dilma.

Diferentemente do que pensam Dilma, Durão Barroso e Rompuy, o mercado financeiro faz uma leitura oposta do cenário econômico atual. Entendem os especialistas que, no Brasil, 2013 será o pior ano da crise econômica, aquela que era uma marolinha de contra qual o País estava blindado.

Como vivemos em uma democracia, mesmo que de fachada, Dilma tem assegurado o direito de dizer o que pensa, assim como nós do ucho.info também o temos. Português, Durão Barroso sabe que o seu país está à beira do precipício econômico, mas atravessa o Atlântico para endossar o ufanismo de Dilma. A crise da União Europeia está longe de acabar e os economistas sabem disso.

É no mínimo irresponsabilidade afirmar que a crise dá sinais de ter ficado para trás, quando a economia brasileira promete patinar mais uma vez em 2013. Dilma, embalada pelas soluções utópicas de seus assessores, continua acreditando que a redução da tarifa de energia é o “pulo do gato”, ao mesmo tempo em que não desiste de apostar no consumo interno como tábua de salvação.

Administrar um país com as dimensões continentais do Brasil, cujos problemas existem na mesma proporção, não é tarefa para amadores e nem para gazeteiros que tentam implantar nessa tresloucada Terra de Macunaíma uma ditadura socialista, a exemplo da que levou a Venezuela a um atraso ainda maior.

Não se pode afirmar que a crise está ficando para trás quando a inflação está fora de controle, os preços sobem muito acima do previsto, a inadimplência cresce, o endividamento das famílias é recorde, as taxas de juro são reduzidas, o setor de exportação está sem competitividade internacional, o governo não investe onde e como deveria e a indústria sofre com a concorrência desleal dos produtos importados.

Ao contrário do que disse Dilma no Palácio do Planalto, a crise no Brasil não é financeira, mas econômica, o que é muito pior. Fosse financeira, o Brasil repetiria o próprio hino e dormiria em berço esplêndido.

É sabido que qualquer governante em apuro é mestre em dourar a pílula, para não dizer que traveste a mentira. Mas se Dilma não estiver brincando, certamente é caso de internação, pois nove em cada dez brasileiros estão preocupados com o futuro da economia. No contraponto, mais da metade da população sonha em viver nesse país maravilhoso e sem problemas que Dilma governa.

24 de janeiro de 2013
ucho.info

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