"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

JOHN KENNEDY NÃO FOI HERÓI DE GUERRA, SEU IRMÃO MAIS VELHO SIM. A TRISTEZA DA ERA DA GERAÇÃO GOOGLE, QUE NÃO TENHO, IMPEDE OS JOVENS DE SABEREM, AJUDA OS MAIS VELHOS (ALGUNS) A SE EXIBIREM. A CONDENAÇÃO E A CASSAÇÃO DOS 33 ANOS DE OLIVEIRA SANTOS NA CONFEDERAÇÃO DO COMÉRCIO.

 

Ainda na Tribuna impressa criei meia página aberta a quem quisesse, jamais censurei ninguém. O debate era livre, as pessoas escreviam com nome e sobrenome. Agora, mudou, escondidos por aparentes pseudônimos, atacam em vez de debater.


O atlético herói John
Ontem ou anteontem, chegaram a escrever: “O Helio esconde que John Kennedy lutou na guerra, só para não ter que citar fatos positivos”. E falam que “John esteve no P-109, que naufragou no Atlântico Sul”.

O autor dessa observação deveria ficar envergonhado e sumir dessas páginas. No caso da família Kennedy, o verdadeiro herói de guerra foi Joseph (Joe), o mais velho, que era aviador e morreu em 12 de agosto de 1944 na explosão do avião que pilotava em missão na Inglaterra.

John também foi à guerra, todos sabem. Alistou-se no Exército, mas era magro demais, verdadeiramente esquálido, e foi recusado. Fez uma superalimentação e em 1941 conseguiu ser aceito na Marinha, sendo designado para o Serviço de Inteligência Naval.
Tinha função burocrática, mas acabou sendo enviado à linha de frente da Marinha como castigo – namorador e irresponsável, John se envolveu com a ex-miss Dinamarca, Inga Arvad, que seria uma espiã nazista.

O FALSO HERÓI

Em agosto de 43, um ano depois da morte do irmão Joe, John estava no Pacífico comandando o PT-109, uma lancha torpedeira, com apenas 6 pessoas a bordo. John era o oficial responsável pela pequena embarcação.

O comandante das lanchas torpedeiras no Pacífico Sul chamava-se Thomaz G. Harfield e não tinha uma opinião lisonjeira sobre Kennedy. Disse a seguinte frase ao historiador Robert Dellek, autor da biografia “An Unfinished Life: John F. Kennedy, 1917-1963”: “”He (Kennedy) wasn’t particularly good boat commander“. Ou seja: “Kennedy, particularmente, não era um bom comandante de barco”.

Mas John Kennedy, aos 26 anos, acabou sendo transformado em herói de guerra, porque o PT-109 foi abalroado fundado (há relatos de que houve imperícia de John). Nosso herói então evitou o afogamento de um companheiro ferido.
Depois, convenceu dois nativos das Ilhas Salomão levar à base dos EUA um SOS escrito numa casca de coco. Os que enalteceram e ainda enaltecem seu “ato heróico” dizem que ele “nadou durante a noite inteira”, mas basta conferir a foto de John para constatar que ele não tinha preparo para nadar nem 10 minutos.

Quando senador e depois presidente, se queixava de dores nas costas, problemas na coluna, alegava ser conseqüência do “ato heróico”.

O CANDIDATO ERA JOE

Aliás, esse irmão (Joe) era o candidato a presidente preparado pelo pai. Na verdade, o primeiro candidato a presidente era o próprio contrabandista mafioso. Em 1931, começou a trabalhar sua candidatura para 1932. Esperto, vendo que o Partido Democrata não queria nada com ele, resolveu investir em Roosevelt, financiando sua campanha.

Fez o mesmo na reeleição em 1932, ficou íntimo. Em 1937, achou que intimidade não interessava, pediu a Roosevelt para fazê-lo embaixador na Inglaterra, era lá que estavam seus maiores clientes e sócios contrabandistas.

Roosevelt resistiu, ficou assombrado. Mas “o velho Kennedy” insistia tanto, que resolveu fazer a indicação. Aí foram os ingleses que não acreditaram. Nos bastidores insistiram para o presidente americano desistir da nomeação. Não foi possível, depois de 7 ou 8 meses referendaram o pedido. Ei-lo embaixador na mais sofisticada Corte da Europa.

O tempo passou, quando soube da morte do filho, o embaixador tomou um avião em Londres, foi direto para Washington. Entrou no salão de Roosevelt, gritou: “Seu aleijado, você matou meu filho”. Veio a segurança, foi retirado da sala e logo, logo do cargo de embaixador.

O resto todos sabem, foi senador, chegou a presidente, ficou só quase três anos, pela emenda aprovada em 1954, tinha direito a 8 anos, e depois, mais nada. Até o senhor que se esconde atrás desse “nome” fácil” (ou falso) deve entender que John Kennedy não foi herói de guerra.

GOOGLE, FÁBRICA DE EMBURRECIMENTO

Lamentável essa forma de “saber”. Tenho inúmeros amigos com filhos jovens e outros com netos, que se queixam e me dizem: “Ninguém que mais saber de sabedoria própria, me respondem que está tudo no Google, é só consultar. É exatamente isso.

Antes do Millôr ir embora, almoçávamos no restaurante Satiricon todo sábado. Era mesa redonda, todos ficavam pertos. Além do Millôr, estavam sempre Técio Lins e Silva, Chico Caruso, Paulo Casé, o geólogo Gravatá (fora da família, o maior amigo do Millôr), Fernanda Montenegro, dois embaixadores que agora estão em postos importantes no exterior. E mais e mais, eram sempre 10.

Uma tarde, pura provocação carinhosa, alguém me perguntou: “Helio, você é capaz de dizer de cabeça os onze estados citados pela Constituição dos Estados Unidos?”. Respondi: “Se você permitir que eu lembre os 13 e não 11, citarei”.

Um deles, todos meus amigos, através do celular, acessou o Google junto comigo, confirmou: Realmente a Constituição de 1788 referendou 13 estados e não 11. Eram províncias, outros passaram a estados em diferentes oportunidades, mas não pela Constituição original.

RENAN NÃO PODE SER CANDIDATO

As acusações vão se somando e multiplicando, e ele cada vez mais elegível. Dizia que ficaria em silêncio, faria campanha no escuro. Mas teve que se defender, uma defesa indefensável.

Chegou à Procuradoria-Geral, Roberto Gurgel fez a denúncia ao Supremo. Sem o recesso, o presidente ou o plenário aceitariam e haveria julgamento, a condenação e a não-eleição. Como está e com a falta de tempo, o que fazer?

Renan se elege e novamente deixa a presidência para continuar senador. O passado condena, mas não para todos.

A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA E O GRANDE POEMA DE FABRICIO CARPINEJAR, FEITO NA HORA

Santa Maria, o Rio Grande do Sul, o Brasil e o mundo inteiro choram o incêndio devastador, e a displicência e a falta de fiscalização, devastadoras. Alguma coisa tem de ser feita, pelo menos para que não se repita esse crime coletivo. É assim que deve ser identificado.

O poeta não restringe a condenação à ação cúmplice e comprometedora de algumas autoridades. Chora a morte e se solidariza com a vida, tudo com palavras emocionantes. (Que O Globo, jornalisticamente, coloca no alto da Primeira).

Todo o poema é comovente, e o final, que sensibilidade: “Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu. As palavras perderam o sentido”. Se tivesse assinado Carlos Drummond de Andrade, ninguém se surpreenderia.

A TRAGÉDIA DOS 33 ANOS DE OLIVEIRA SANTOS À FRENTE DA CONFEDERAÇÃO DO COMÉRCIO

A Fecomércio teve a coragem de denunciar essa “perpetuidade” de 33 anos de incompetência à frente de um dos órgãos mais importantes do importantíssimo setor do comércio.

33 anos de qualquer órgão é muito. 33 anos de inutilidade, pior. 33 anos de cumplicidade com o não fazer e o se aproveitar, só pode ter uma solução: o afastamento, a condenação e a cassação desse senhor i-m-e-d-i-a-t-a-m-e-n-t-e.

PS – Não imaginava que a Fecomércio tivesse coragem para se jogar contra a potência Confederação Nacional do Cmércio. E junto do noticiário da tragédia de Santa Maria, informa a condenação dessa tragédia administrativa, a vida pública transformada em colonialismo em proveito pessoal.
PS2 – Falei de Renan, não esqueci de Henrique Eduardo Alves. Acusação, mais do que simples denúncia, coloca os dois no mesmo cemitério político. Já estão mortos há muito tempo, respiram politicamente por aparelhos, por causa do descaso geral.


PS3 – Ainda hoje: Leia como a Fifa vai enriquecer mais, explorar países até 2030, onde tudo começou em 1930, no mesmo Uruguai.


29 de janeiro de 2013
Helio Fernandes

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