"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 12 de abril de 2013

ANOTAÇÕES DO JORNALISTA HELIO FERNANDES

Inacreditável: Lula está em todas. Viaja pelo mundo com as empreiteiras-construtoras, faz tudo pelo Eike e agora pelo BGT Pactual. Delfim diz a Dona Dilma: “Juros é com o BC”. Ela repassa a Mantega.

 
É impressionante a trajetória de Lula pelo mundo, sempre tratando de problemas de bilhões. Primeiro descobriram o envolvimento dele com poderosas empreiteiras-construtoras, que se diziam “prejudicadas com a perda ou descumprimento de contratos”.


Descoberto e revelado publicamente que Lula visitava vários países nos aviões dessas empreiteiras, ele e elas vinham com a explicação que não explicava coisa alguma: “Estamos trabalhando pelo Brasil, o prejuízo não é nosso e sim do país”.

Resolvido esse problema, as empreiteiras vitoriosas e com contratos mais altos e novinhos, Lula se dedicou a Eike Batista e o colossal problema do Porto do Açu. Não resolveu, mobilizou ministros de Estado, diplomatas, tudo que era possível, mas a solução, impossível.

Agora, Lula vai a Londres com o poderoso executivo do BGT Pactual, que teve os bens bloqueados por causa de dívidas enormes não pagas. Tomando conhecimento da questão, Lula falou: “Deixa comigo”. Voltou ao Brasil, os bens foram desbloqueados, deu em garantia imóveis com valor muito abaixo da dívida.

A BRIGA PELOS JUROS

É briga mesmo. De um lado, o presidente do Banco Central. Do outro, o ministro da Fazenda.
O ministro da ditadura (Delfim) está contra a alta dos juros (uma rara posição correta), mas de passagem comentou com Dona Dilma: “O BC vai querer aumentar os juros agora em abril. Se não fizer isso, deixa a impressão de que não existe autonomia”.

Não falou mais nada, sabia o que aconteceria e aconteceu: Dona Dilma, também de passagem, sem parecer ordem, disse para Mantega: “A questão dos juros exclusividade do BC”. Mantega entendeu.
Quem não está entendendo nada é o chamado mercado, e os economistas especialistas em governos. Acreditam ou desacreditam em alta na semana que vem, mas não querem se comprometer para não se desdizer.

Mesmo porque a tão citada importância da alta dos juros para combater a inflação é desmentida por economistas de países mais importantes e até de países em crise. Vejamos rapidamente.

Estados Unidos: juros de ZERO ou 0,25% (ao ano). Se tomarmos como base a taxa maior, 0,25%, a conclusão: a taxa de lá é mais baixa 29 vezes. Japão: taxa única, 0,1% ao ano. Quer dizer, 72 vezes mais baixa do que a do Brasil.

Na Zona do Euro, 17 países em crise, a taxa varia entre 1% e 1,2%> Não se preocupam com a inflação? É lógico que sim, excluindo a Argentina e a Venezuela, onde os índices são mistificados. Na verdade, chegam a 25%.

Falta só uma semana, não é muito. Aumentando ou não aumentando os juros, os preços ao consumidor continuarão lá no alto, liderados pelo tomate. E pela tão mancheteada cesta básica.

O CONSTRANGIMENTO DO MINISTRO FUX

Quem se complicou e criou desconforto também para os outros ministros, foi ele mesmo. Há tempos, já ministro, deu entrevista à Folha, contando a maratona (textual) que precisou fazer para conseguir a vaga.

Não teve sensibilidade para perceber que um ministro do Supremo não poderia contar as coisas que contou, confessar o que confessou, ficaria vulnerável. Agora, quando José Dirceu, condenado a mais de 10 anos de prisão, dá a sua própria versão dos fatos, as versões são duas, como saber qual a verdadeira/

Fux, que de vontade própria definiu a “maratona ministerial” da qual participou, não poder acreditar que se livra de tudo com uma frase: “Não polemizo com réu”. A vida (e o comportamento, principalmente de ministros do Supremo) não tem sua dosimetria definida por frases isoladas e sim por capítulos inteiros. Insubstituíveis.

A CRISE DO EX-BILIONÁRIO

Nos mercados financeiros, nos círculos políticos e até entre empresários, o assunto inesgotável tem um nome ou uma identificação: Eike Batista. E diante do vulto impressionante da queda do seu patrimônio, ninguém esquece o que ele retumbava tolamente: “Dentro de um ano serei o homem mais rico do Brasil e a seguir o homem mais rico do mundo”.

Nem é preciso chamar a atenção, é público e notório que está cada vez mais longe dos dois objetivos, que no seu primarismo, considerava conquistados. O problema agora mudou de endereço, deixou até mesmo de se situar na Bolsa de Valores.

O espanto ou estarrecimento têm um ponto de partida: o envolvimento da Petrobras com o desastre da OGX ou EBX. Nos corredores da empresa, só se comenta a “participação” da Petrobras nessa falência anunciada.

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PS – Muitos repetem: “A Petrobras não vai FINANCIAR Eike Batista, estamos APENAS conversando sobre o Porto do Açu”.

PS2 – Esses rumores dos corredores descem pelos elevadores privativos, que existem em grande quantidade. De qualquer maneira, será um fim de semana tumultuado e de encontros sigilosos. Mas conversar sobre o Porto do Açu é inacreditável.

PS3 – Se “ajudarem” Eike Batista, como se apregoa com insistência, o mensalão, perto disso, será uma simples Disneylândia.

12 de abril de 2013
Helio Fernandes

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