"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 30 de abril de 2013

INVESTIMENTOS DA ELETROBRAS REPRESENTAM APENAS 6,6% DO PREVISTO PARA 2013

 
 
 
 
Em meio a discussões sobre possíveis apagões durante a realização da Copa das Confederações em julho deste ano e da Copa do Mundo em 2014, o Grupo Eletrobras, responsável por 19 empresas no setor de energia elétrica, investiu apenas 6,6% dos R$ 10,2 bilhões autorizados para 2013.
 
O valor corresponde aos investimentos realizados no primeiro bimestre deste exercício e divulgado pelo Departamento de Coordenação e Governança das Estatais (Dest).
 
O montante de R$ 676 milhões aplicado nos dois primeiros meses deste exercício é maior do que os R$ 549,1 milhões do mesmo período de 2012, mas inferior aos R$ 705,5 milhões de 2011 (valores atualizados pelo IGP-DI, da FGV). Segundo a assessoria da estatal, os desembolsos da Eletrobras normalmente se concentram no segundo semestre. “Assim, [em 2013] eles seguem o ritmo normal de todos os anos”, afirmou. (veja tabela)
 
Em 2013, as duas principais empresas integrantes do grupo não conseguiram desembolsar parcelas significativas dos orçamentos de investimentos no primeiro bimestre.
A Eletronuclear, que responde pela geração de aproximadamente 3% da energia elétrica consumida no Brasil e que opera as Usinas de Angra 1 e 2, aplicou apenas R$ 89,6 milhões do total de R$ 3,1 bilhões autorizados para o ano.
 
Atualmente as usinas em operação geram quase 2 mil megawatts elétricos. Com o término de Angra 3, que será praticamente uma réplica de Angra 2 (incorporando os avanços tecnológicos ocorridos desde a construção desta usina), está previsto aumento de 1.405 megawatts elétricos no sistema.
 
No entanto, na ação de “implantação da Usina Termonuclear de Angra III” foram aplicados apenas R$ 72,5 milhões dos R$ 2,7 bilhões previstos para o ano. O valor desembolsado equivale a somente 2,6% da dotação de 2013. Na outra iniciativa voltada para a nova usina do Rio de Janeiro, “manutenção do parque de obras e equipamentos”, não foi aplicado qualquer centavo dos R$ 537 mil previstos para este exercício.
 
A empresa Furnas – Centrais Elétricas, que garante o fornecimento de energia em uma área onde estão situados 63% dos domicílios brasileiros, investiu apenas R$ 89,4 milhões.
O montante equivale a 7,5% do R$ 1,2 bilhão previsto para aplicações da companhia em 2013. Ao todo, Furnas é responsável por 15 usinas hidrelétricas, duas termelétricas, aproximadamente 20 mil km de linhas de transmissão e 52 subestações. De toda a energia consumida no Brasil, mais de 40% passam pelo Sistema Eletrobras Furnas.
 
No momento, a empresa está construindo quatro novas usinas hidrelétricas - Santo Antonio (RO), Simplício (RJ/MG), Batalha (GO/MG) e Teles Pires (MT/PA) - 28 linhas de transmissão e 15 subestações, com recursos próprios ou em parceria com outras empresas. Com as ampliações, a capacidade instalada, segundo a empresa, aumentará em mais de 50%, passando de 11 mil MW para 16,5 mil megawatts.
 
Apesar do pequeno vulto de investimentos e da quantidade de obras em andamento, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, garantiu no começo de abril que não haverá racionamento de energia no país e não há nenhum risco de desabastecimento durante a Copa das Confederações neste ano e na Copa do Mundo de 2014.
 
“Lamento tom alarmista com que isso vem sendo tratado. Não quero crer que haja nisso qualquer motivação política, mas o fato é que, com isso, desassossega-se o país e geram-se incertezas econômicas”, disse Lobão. Segundo ele, os atrasos em obras no setor elétrico não porão em risco a segurança do sistema elétrico brasileiro, “em nenhuma hipótese”, porque o país tem garantido o suprimento para hoje e para os próximos anos.
 
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, admitiu que existem alguns atrasos em obras, mas disse que isso é “bastante comum”. De acordo com Rufinio, o cronograma estabelecido pela Aneel para as obras têm alguma folga e os atrasos não comprometem a questão do abastecimento.
 
Segundo Lobão, o nível dos reservatórios das hidrelétricas, que no fim do ano passado estava baixo, está se normalizando. Ele explicou que as termelétricas continuam acionadas por enquanto para que se faça um estoque de energia nos reservatórios das hidrelétricas. “Se temos uma matriz hidrotérmica, temos que usar quando necessário. As térmicas existem para ser usadas, não para enfeitar o sistema”, disse o ministro.
 
Para o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Edmar Almeida, as obras apresentam dificuldades porque possuem entraves ambientais, oposição de sindicatos e greves. Segundo Almeida, o baixo investimento nesse setor pode ser uma das causas para o aumento dos blackouts no Brasil. “O aumento no número de blackouts aumentou nos últimos dois anos em razão dos gargalos no sistema de transmissão e também das distribuidoras”, explica.
 
No ano passado, a estatal investiu apenas R$ 5,9 bilhões. O montante representou 69,1% dos R$ 8,5 bilhões previstos para o ano. O valor correspondeu a menor aplicação da companhia nos últimos quatro anos.
 
30 de maio de 2013
Dyelle Menezes. Contas Abertas

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