"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 21 de abril de 2013

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“O Sonho Britânico” falha. Mas poderia ser um livro muito pior se tivesse obtido sucesso (Reprodução/Getty)
Imigração no Reino Unido

Livro anti-imigração falha por ser muito bem pesquisado

David Goodhart não gosta de imigração. Ele acha que a Grã-Bretanha cometeu um enorme erro em ser tão aberta a estrangeiros ao longo dos anos. E ele tem muitos motivos.
Novos desembarques tornam a vida mais difícil para os trabalhadores nativos, afirma Goodhart no seu novo livro The British Dream: Successes and Failures of Post-War Immigration (O Sonho Britânico: Sucessos e Falhas na Imigração Pós-guerra, não-lançado no Brasil). Eles competem por serviços públicos. Seus guetos são uma afronta à decência comum. Tornando a Grã-Bretanha mais diversa, reduz o sentimento de fraternidade da população. Quando um país tem muitos imigrantes, seus residentes se voltam contra o estado de bem-estar social: as pessoas são menos propensas a contribuir financeiramente para um sistema que parece beneficiar as pessoas que não gostam deles. O fluxo de novos desembarques também torna difícil a integração de gerações anteriores de imigrantes.
Assim se desenvolve a argumentação de Goodhart. Sua posição não é original. Mas, por trás de seu argumento insistente, ocasionalmente destemperado, sobre os efeitos malignos da imigração, há algo mais interessante: uma análise sobre como os imigrantes se espalharam pela Grã-Bretanha, e sobre como eles mudaram o país. Esta parte do livro (quase as 250 páginas centrais) é bem imparcial, bem pesquisada e perspicaz – tanto que faz com que as conclusões de Goodhart pareçam bem contraditórias.
Goodhart tenta focar nos grupos de imigrantes que não se integraram muito, e em lugares nos quais a segregação é mais patente. Mas o seu olhar frequentemente vaga por lugares com histórias mais felizes e mais interessantes. Mesmo quando ele se concentra nos locais mais problemáticos é honesto o suficiente para admitir que as cidades estão se tornando menos segregadas.
A admissão honesta de evidências escorregadias repetidamente mina o seu argumento. O resultado é um livro que não atinge realmente o resultado ao qual se propõe. Goodhart não convence o leitor – às vezes ele nem mesmo parece convencer a si mesmo – de que a imigração é uma coisa assim tão terrível. "O Sonho Britânico" falha. Mas poderia ser um livro muito pior se tivesse obtido sucesso.
21 de abril de 2013
Fontes:The Economist - You're not Welcome
 

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