"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 9 de maio de 2013

"OXENTE", "GRINGO" E "FORRÓ"

Vocês certamente já ouviram as palavras “oxente”, “gringo” e “forró”.
Diz a cultura popular que elas vêm da mesma época e local: do Nordeste, da época em que os americanos tinham bases no Brasil, na Primeira e Segunda Guerras Mundiais.

“Oxente”, vem de algo que os americanos repetiam muito: “Oh Shit!” (“Oh Merda!”), e o nordestino ao ouvir a expressão dita pelos soldados começou a usá-la a seu modo, até chegar ao que hoje se fala: “Oxente”, também pronunciada“Oxe” (ô), mais parecido com “Oh Shit”.
 
A palavra “Gringo” tem uma origem parecida. Os soldados americanos, que coçavam o saco o tempo inteiro, de vez em quando tinham que fazer treinamentos. Nesses treinamentos, que eram sempre assistidos pelas populações locais, quando queriam se comunicar uns com os outros para que se movessem, exclamavam: “Green Go!” (Verde Vai), usando como referência seus uniformes verdes camuflados, que eram conhecidos como “greens”. Daí, de tanto ouvir a expressão, os locais quando queriam se referir aos soldados norte-americanos, diziam que eles eram os “Gringos”.

“Forró” vem pelo mesmo caminho. Os soldados norte-americanos, como eu disse no parágrafo anterior, coçavam o saco o tempo inteiro, afinal, a guerra nunca chegou ao Brasil. Por isso sempre que podiam, e podiam quase sempre, faziam festas. Só que a maioria dessas festas era apenas para as mulheres e os soldados: os homens das cidades não podiam entrar. De vez em quando, como os americanos não fossem assim tão maus, e para fazer uma média com os homens enciumados, eles faziam festas abertas para todos, que chamavam de “For All” (“Para Todos”), que, com o tempo foi se transformando em “Forró”.

O problema é que os lexicógrafos não concordam com essas origens, atribuindo a origem de “oxente” à aglutinação de ó gentes (ó xentes, por sonorização), a “gringo” como sendo de origem espanhola, uma deformação de griego “grego” (> grigo > gringo), com o sentido de língua incompreensível em comparação ao latim, e a “forró” como forma reduzida de “forrobodó”,uma variante atual do galego forbodó, termo privativo da região, mas comum a todo o Portugal, associando-o a farbodão, do francês faux-bourdon, figuradamente ‘sensaboria, desentoação’.

Como se vê, além de pouco convincente, a etimologia dos inventores do idioma é complicada e muito pouco lógica e, sem dúvida, eu prefiro a versão popular da coisa, muito mais interessante e clara.
 
09 de maio de 2013

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