"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 24 de junho de 2013

CUIDADO CONOSCO, MÉDICOS. ESTAMOS BRABOS!


 
Meus caros colegas médicos, quer dizer que agora resolvemos ficar “brabos”? É isso? Depois da segunda vez que uma ex-terrorista, eleita por um partido que recebeu as FARC em Porto Alegre, que tentou comprar o Congresso inteiro, adepta de uma revolução na América Latina, resolveu afirmar que vai trazer milhares de médicos estrangeiros, nós “resolvemos” ficar brabinhos??
Nós passamos toda a década de 70 e 80 cantando Chico Buarque, viajando para congressos de estudantes de medicina com camisetas do Che Guevara, e agora estamos brabos? Nós ajudamos com toda força a criar no Brasil um sistema de saúde que atende traficantes, estupradores e assassinos com tudo pago pelo resto do país,  e agora estamos revoltados??
Passamos toda a década de 80 e 90 votando nesses bandidos do Partido-Religião que agora governa o Brasil, ajudamos a “aparelhar” todos os sindicatos médicos, colocamos dentro de secretarias municipais de saúde colegas nossos estelionatários que criaram fundações inconstitucionais, entregamos o controle dos hospitais às enfermeiras, aceitamos trabalhar em condições caninas, e agora estamos indignados?
Nós queremos agora fazer esse  movimento das ruas, desencadeado pela própria esquerda para recolocar Lula no poder em 2014,  se transformar num “Fora Dilma”? Somos nós que aceitamos fazer plantões atendendo sozinhos em 12h mais de 120 pessoas em escolinhas transformadas em pronto-atendimentos? Fomos nós que aceitamos dentro dos conselhos regionais de medicina, gente que tem a Dilma como amiga da década de 60?
Vocês realmente tem certeza que somos nós que estamos “brabinhos” por causa da vinda dos colegas de Cuba? Nós, que suspendíamos  matrícula na faculdade de medicina na década de 80 para viajar para Cuba? Nós que temos como colegas queridos o Dr. Henrique Fontana, Dr. Palocci, Dr. Padilha..e tantos outros..nós estamos “furiosos” com a Dilma?? Somos nós que aceitamos um sistema de saúde em que a União, ao contrário dos estados e municípios, não precisa ter definida em  lei a sua parcela de contribuição?? Somos nós, que aceitamos viajar fazendo “ambulância-terapia” com pessoas morrendo lá dentro que estamos irritados com o governo federal??
Vocês vão querer me convencer de que nós temos realmente condições morais de nos mostrar “furiosos” perante à nação brasileira  por causa de Cuba quando sequer temos um plano de carreira? Nós, que precisamos debater furiosamente para o Congresso aprovar uma lei dizendo que “ato médico deve ser praticados por médicos e não por astronautas ou artistas plásticos?” Nós, que aceitamos dentro de nossa própria classe o surgimento de uma ralé capaz de fazer qualquer coisa por um cargo de chefia e uma função gratificada num hospital público, estamos revoltados com a presidente da república? 
Nós, que vivemos num país onde uma prostituta não aceitaria trabalhar com pagamento fixo no final do mês feito pelo poder público, nem com dinheiro de uma cooperativa de trabalhadoras do sexo (UNIPROST) estamos brabos por causa dos médicos que vão chegar de fora.?? Nós que precisamos ser lembrados por colunistas desportivos do “nosso juramento de médico” estamos irritados com a suprema autoridade do país??
Por favor, meus colegas, há um ponto a partir do qual uma classe (se é que ainda somos uma classe; e não um bando) desce tanto na sua moral que nada mais pode ser feito...
Vamos parar com essa de “ficarmos brabos no Facebook” e anunciar ao país uma greve geral ou vamos fazer o que sabemos fazer melhor – calar a boca e continuar trabalhando!
Nós não temos mais moral para fazer outra coisa há muito tempo...
 
24 de junho de 2013
Milton Pires é Médico.

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