"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 24 de junho de 2013

FUNDOS LIGADOS À INFLAÇÃO DÃO PREJUÍZO A INVESTIDOR

 
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Os fundos de investimento ligados a índices de inflação, como o IPCA, que chegaram a render mais de 20% no ano passado, perderam R$ 4,397 bilhões em recursos nos últimos 30 dias, sendo R$ 2,853 bilhões apenas neste mês.
A "sangria" decorre da rentabilidade negativa desses fundos, cujos cotistas tiveram perdas médias de 4,29% nos últimos 30 dias (-1,76% em junho) devido à instabilidade nos juros e nas projeções de taxas, especialmente as de longo prazo, que assumem o maior risco de variação.
 
 Esses fundos compram títulos como as NTN-B (Nota do Tesouro Nacional série B) com vencimento em 2035, um dos papéis mais populares no site do Tesouro Direto e que perderam 16,57% de seu valor nos últimos 30 dias.

A razão é o forte aumento nos juros embutidos nesses papéis. No fim do ano passado, quando a taxa Selic estava em 7,25% e não havia sinais de aumento nos juros, esses títulos eram negociados com taxas de 2,8% mais a inflação pelo IPCA até 2035; ontem, a taxa estava em 5,75%.

Ou seja, quem comprou o papel no fim do ano passado fez um péssimo negócio em relação ao que poderia fazer ontem. E até 2035.



PERDAS

Para compensar a mudança de cenário, esses títulos são negociados agora com forte deságio, daí as perdas de 16,57% em 30 dias.

Essas perdas, porém, só são assumidas se a pessoa vender os papéis. Se ficar com o título até o vencimento, consegue levar o que foi prometido (que é bem menos do que se comprasse agora).

Trata-se de uma das maiores perdas no mercado de renda fixa já vistas desde 2002, quando começou a chamada "marcação a mercado".


Pela marcação a mercado, os gestores são obrigados a atribuir um valor diário aos papéis -daí as perdas. Àquela época houve forte alta nos juros e o investidor ficou assustado ao perder dinheiro, pela primeira vez, aplicando em fundos conservadores de renda fixa.

"É uma das maiores perdas da indústria de fundos, que chega até a previdência privada", disse o consultor Marcelo d'Agosto, especialista em fundos de investimento.

"Esses fundos renderam muito no ano passado e agora estão devolvendo parte do ganho. Quem sair agora vai realizar prejuízo", disse Fabio Colombo, administrador de investimentos.

O movimento ocorre com todos os fundos que aplicam em títulos com juros prefixados com taxas menores do que as atuais. Nesses momentos, a alternativa são os fundos DI, que aplicam em papéis pós-fixados e renderam 0,53% e captaram R$ 4,854 bilhões em 30 dias.

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
24 de junho de 2013

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