"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 24 de junho de 2013

NA TV, FHC DIZ QUE BRASÍLIA DEIXOU DE SER "CAIXA DE RESSONÂNCIA" DA POPULAÇÃO

 
 
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou a postura do Governo Federal e o Congresso Nacional diante da recente onda de protestos. Em entrevista na noite de domingo (23) ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, o político disse que tanto o poder executivo quanto o legislativo deixaram de ser "caixa de ressonância" dos anseios da população.
 
Segundo FHC, todas as discussões se fecharam dentro do Palácio do Planalto e isso fez com que aumentasse o desprestigio das instituições públicas frente os brasileiros. "Houve um encolhimento da agenda nacional", disse o ex-presidente dando exemplos de questionamentos feitos pela população durante seus dois mandatos.
 
"Houve [recentemente] a mudança na lei do petróleo. Ninguém debateu nada. Isso não era assim. Quando nós quebramos o monopólio do petróleo, foi uma briga danada. Havia um debate nacional", afirmou.
 
 Reprodução 
Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes
Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes

Fernando Henrique ainda criticou a falta de direcionamento das reivindicações da população durante os protestos que há pelo menos 15 dias mexem com a agenda política nacional. Citando o colunista da Folha Moisés Naím, o ex-presidente disse que se não houver uma reforma institucional não haverá objetivo concreto alcançado.
 
"É preciso que haja mudança institucional para que haja um maior engajamento [por parte da população] mas, não se conseguiu isso até hoje", comentou o presidente de honra do PSDB durante a entrevista aos jornalistas Fernando Mitre, Fernando Gabeira e Boris Casoy.
 
Recentemente, em entrevista à Folha, Fernando Henrique disse que acredita que os políticos não têm condições de compreender a "insatisfação genérica" da população e nem de capitalizá-la. "Tenho dúvidas se os partidos vão ter capacidade de captar tudo isso e transformar ao menos sua mensagem", diz Cardoso.
 
Aos 82 anos, completados na semana passada, o ex-presidente está lançando o livro "Pensadores Que Inventaram o Brasil" (Companhia das Letras), sobre intelectuais que elaboraram grandes teorias sobre o país. Mas ele diz que nenhum teórico do passado poderia entender o que acontece hoje nas ruas.

24 de junho de 2013
FOLHA DE SÃO PAULO

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