"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 21 de julho de 2013

MUDAR PARA NÃO MUDAR, EIS A QUESTÃO DE DILMA


Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude. A máxima, retirada do livro “O Leopardo”, do italiano Tomasi, cai como uma luva quando o assunto se volta para os últimos acontecimentos nos círculos políticos do país, especialmente naquilo que toca o “novo” posicionamento de lideranças do PMDB e de parte do PT.
 
Para que continuem comandando as coisas no Brasil, ao seu jeito, o pequeno grupo de mandatários já percebeu que precisa se mover.
Deve promover a “transformação”, porém, ela não pode ser a mesma pretendida pelos manifestantes que foram às ruas.

A mudança necessária para o establishment deve ser milimetricamente calculada, dimensionada conforme o status quo e promovida com a maior margem de segurança possível.
 
Neste cenário, até a presidente, temida até o início das manifestações, passa a ser vista como figura de segundo plano. A queridinha de Lula não é mais a unanimidade que foi nos primeiros meses de seu governo.

Dilma, atordada, não sabe como reagir a tantas cobranças e ao fogo amigo. Com o microfone nas mãos, diante de plateias que já não enxergam a mesma mulher de pulso forte que foi um dia, acaba se atrapalhando e mostrando o momento infeliz pelo qual passa.

EQUILÍBRIO PSICOLÓGICO

A queda de popularidade atingiu não só a gestão, mas também o equilíbrio psicológico de Dilma. A sua postura e o seu semblante não são os mesmos de antes.

A série de equívocos que levou a público, com anúncio prematuro de constituinte, plebiscito que nasceu morto, o programa desastroso para melhorar a área de saúde e a tentativa catastrófica de passar para o Congresso a batata quente das reformas requisitadas pela multidão, deixou a presidente ainda mais perdida.

O PMDB, ciente de que o vento sopra para outros lados, pediu a redução de ministérios, mas, como responsável pela ocupação de mais de 30% desses postos, não sinalizou com o corte na própria carne. O anúncio, oportunista, justificaria rupturas. A variação positiva de Aécio nos últimos levantamentos seria, para a engrenagem peemedebista, mais do que o bastante para manter um olho no peixe e outro no gato.

O PT também deu suas mexidinhas. Ao tirar os mensaleiros de sua direção nacional, sinalizou que não quer mais ficar justificando a existência de condenados em sua direção, e os novos testas do partido teriam um pouco de oxigenação. Somente isso. Por fora, os mesmos mensaleiros continuarão sendo os timoneiros.

A mudança que realmente é necessária para o coletivo, ou seja, aquela que restringe mordomias, melhora o serviço público, acaba com privilégios, atua de forma eficaz na saúde e na educação, valoriza a transparência e trabalha a política como instrumento para melhorar a vida das pessoas, vai ficando para uma outra ocasião.

(transcrito de O Tempo)

http://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com.br/2013/07/mudar-para-nao-mudar-eis-questao-de.html#links

21 de julho de 2013
Heron Guimarães

Nenhum comentário:

Postar um comentário