"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 29 de novembro de 2011

STRIP-TEASE DA IMPRENSA

“A escolha do principal candidato a presidente pelas oposições, e de seu vice, havia sido uma novela. Policial. José Serra esperou o último minuto, do último dia do prazo legal, para dizer que era candidato, deixando aflitos os Grandes Irmãos: Folha, Estadão, Globo, Veja, Época, o Grupo RBS e outros irmãozinhos pequenos Brasil afora”.

“Seus colunistas até abandonaram temporariamente a função de informar para se tornarem conselheiros e incentivadores – “Vai que é sua, Serra!”. Parecia que era mesmo, pois, ao raiar de 2010, ele tinha 41% das intenções de voto contra 28% de Dilma Rousseff”.

“Só um ano depois se saberia, mas naquele início de 2010 os “colonistas” da Veja e do Globo, Diogo Mainardi e Merval Pereira, não só aconselhavam e incentivavam Serra, como eram informantes dos Estados Unidos, na pessoa do cônsul daquele país no Rio de Janeiro”.

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MAINARDI

“Os textos, publicados em 10 de março de 2011 por Maria Frô e Miguel do Rosário no blog Gonzum, mostram que Diogo e Merval embolsaram o ouro de Washington (se fizeram o serviço de graça, fica mais feio ainda). A notícia se baseou em telegramas do saite “Wikileaks”, repassados para um grupo de blogs, inclusive o Gonzum”.

“Os telegramas mostram que os leitores de Diogo e Merval estavam lendo gato por lebre e o cônsul ouviu gato por lebre. Os dois gatos, Merval e Diogo, não acertavam uma, erravam todas na mosca. Diz o “Wikileaks”:

“Em almoço privado dia 12 de janeiro (2010), o colunista político da revista Veja Diogo Mainardi disse ao cônsul que a recente coluna (de Mainardi) na qual propõe o nome de Marina Silva como vice na chapa de Serra foi baseada em conversa entre Serra e Mainardi, quando Serra disse que Marina seria a “companheira de chapa de seus sonhos”.

“Serra expôs as vantagens: a história de Marina e as impecáveis credenciais de militante da esquerda contrabalançariam a atração que Lula exerce sobre os pobres; e poriam Dilma em desvantagem na esquerda. Marina ajudaria Serra a superar o peso da associação com o governo FHC que Dilma usaria. Serra falou, Diogo publicou como se fosse idéia sua”.

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MERVAL

“Mainardi contou ao cônsul que o governador de Minas Aécio Neves disse a ele, no início de janeiro, que permanecia “completamente aberto’ à possibilidade de ser candidato a vice na chapa de Serra. Deu errado: Aécio estava era “completamente fechado” à hipótese de ser vice de Serra.

“Apesar de Aécio dizer publicamente que concorreria ao Senado. Mainardi disse ao cônsul que ele planejava esperar um cenário no qual o PSDB o convidasse, por volta de março, para compor a chapa. Deu errado.

Para não atrapalhar o PSDB, Aécio comporia a chapa ao lado de Serra, na opinião de Mainardi, Deu errado”.

“Era a mesma opinião de Merval Pereira, do Globo, que se reuniu com o cônsul dia 21 de janeiro. Disse ao cônsul que conversou na véspera com Aécio Neves, que lhe disse estar “firmemente comprometido” a ajudar Serra fosse como fosse, inclusive como vice. Não se engana um cônsul desta maneira. Na opinião de Merval, uma chapa Serra-Neves venceria. Disse também acreditar que não só Aécio iria aceitar ser vice de Serra, mas também que Marina apoiaria Serra num segundo turno. Tudo errado”.

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O LIVRO

Essa historia rocambolesca é apenas o começo do capitulo 2 (são 20) de um livro-bomba sobre a imprensa brasileira : – “Crime de Imprensa” – “Um retrato da Mídia Brasileira Murdoquizada” – “Pequenos e Grandes Golpes dos Grandes Irmãos da Midia” (“Na Maioria dos Casos a Mídia é Ponta de Lança Para Grandes Negócios” – Mino Carta).

O livro é de dois consagrados jornalistas brasileiros – Palmerio Doria e Mylton Severiano – autores do maior best-seller nacional do ano passado: – “Honoráveis Bandidos – Um Retrato do Brasil na Era Sarney” (Geração).

“Crime de Imprensa” é da Ed. Plena – (SP – (11) 3853.7505 – (11) 9941.7440. editor@plenaeditorial,com.br www. plenaeditorial.com.br

Vai ser lançado nas faculdades de Jornalismo. Primeira: amanhã, quarta, 30, na ECA – USP – a partir das 19:30, auditório Freitas Nobre – Cidade Universitária (palestra dos autores e discussão do tema).

Também terá lançamentos nas bancas de jornal. O primeiro foi na sexta feira, 25, na Banca Bruno, Avenida Paulista – São Paulo.

Já li. Imperdível. Livro corajoso e fascinante. Traz todos os golpes da campanha eleitoral Serra x Dilma. Um striptease da nossa grande imprensa.

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O FILME

Agora, um grande filme. Ontem, no Museu da República aqui no Rio (Rua do Catete) foi lançado o documentário “JK no Exílio”, uma co-produção Brasil-França, de Charles Cesconetto e Carlos Alberto Maciel, documentando uma das maiores ignomínias da história política do país: a cassação e exílio do inesquecivel presidente JK pelo golpe militar de 1964.

Sebastião Nery

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